INSTITUTO SUPERIOR DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS RELIGIOSAS SÃO
BOAVENTURA
O ESPLENDOR LITÚRGICO NO INSTITUTO MISSIONÁRIO SERVOS DE
JESUS SALVADOR
AILTON CARLOS DE SOUSA MARCOS
SÃO PAULO
2018
AILTON CARLOS DE SOUSA MARCOS
O ESPLENDOR LITÚRGICO NO INSTITUTO MISSIONÁRIO SERVOS DE
JESUS SALVADOR
Dissertação apresentando
ao Instituto Superior de Filosofia e Ciências Religiosas São Boaventura, pelo
discente Ailton Carlos de Sousa Marcos, como requisito parcial para obtenção de
diploma em Teologia.
Orientador: Prof° Dr. Pe.
Micael de Moraes, SJS
SÃO PAULO
2018
Dedico este trabalho
especialmente Ao meu Pai-Fundador, Pe. Gilberto Maria Defina, SJS (in memoriam), um sacerdote zeloso pelo
Esplendor da Liturgia.
AGRADECIMENTOS
A todos que contribuíram para a realização
deste trabalho, fica expressa aqui a minha gratidão, especialmente:
Ao Instituto Missionário Servos de
Jesus Salvador, pelo incentivo, confiança e apoio.
Ao irmão e professor Pe. Micael de
Moraes, SJS, meu orientador, por ter acreditado na possibilidade da realização
deste trabalho, pelo seu incansável e permanente encorajamento, pela
disponibilidade dispensada e sugestões, que foram preciosas para a
concretização desta Monografia.
A toda a minha família; aos amigos e
amigas, que estavam sempre em comunhão comigo pelas orações e pelas palavras
amigas para me incentivar.
Enfim, agradeço a todos que, de alguma
forma, contribuíram e fizeram parte dessa minha jornada.
AILTON CARLOS DE SOUSA MARCOS
O ESPLENDOR LITÚRGICO NO INSTITUTO MISSIONÁRIO SERVOS DE
JESUS SALVADOR
Dissertação apresentando ao Instituto
Superior de Filosofia e Ciências Religiosas São Boaventura, pelo discente Ailton
Carlos de Sousa Marcos, como requisito parcial para obtenção de diploma em
Teologia.
Aprovado em 29 de outubro
de 2018.
Prof° Dr. Pe. Micael de Moraes, SJS
RESUMO
O presente trabalho tem
como tema o Esplendor Litúrgico no Instituto Missionário Servos de Jesus
Salvador. Seu propósito deste trabalho é ressaltar a importância do Esplendor
Litúrgico e a participação litúrgica do fiel na liturgia católica. Deste modo,
pretende-se deixar claro que o objetivo do Esplendor Litúrgico é levar o homem
a um encontro pessoal com Cristo Ressuscitado, através de uma liturgia bem
vivida e bem celebrada. Para realização deste trabalho, como metodologia,
utilizou-se a pesquisa bibliográfica: livros, revistas, publicações, dente
outros. Os resultados alcançados com este trabalho servirão para uma melhor
compreensão sobre o Esplendor Litúrgico na liturgia católica, especialmente
àqueles que desejam entender a importância desse elemento central no carisma do
Louvor de Deus.
Palavras-chave: Esplendor Litúrgico, participação
litúrgica, liturgia e carisma.
ABSTRACT
The present work has as
its theme the Liturgical Splendor in the Servant Missionary Institute of Jesus
Salvador. The purpose in this work is to emphasize the importance of Liturgical
Splendor and the liturgical participation of the faithful in the Catholic
liturgy. In this way, it is intended to make it clear that the purpose of the
Liturgical Splendor is to lead man to a personal meeting the Risen Christ through a well-lived and
wellcelebrated liturgy. For the accomplishment of this work, as methodology,
the bibliographical research was used: books, magazines, publications and
others. The results achieved with this work will help to better understand the
Liturgical Splendor in the Catholic liturgy, especially to those who wish to
understand the importance of this central element in the charism of the Praise
of Lord.
Keywords: Liturgical Splendor, liturgical
participation, liturgy and charism.
SUMÁRIO
ABREVIAÇÕES E SIGLAS
AD – Ad Gentes
AG – Ad Gentes
CIgC – Catecismo da
Igreja Católica
EE – Ecclesia de
Eucharistia
EM – Evangelii Nuntiandi
FAI – Faculdades
Associadas do Ipiranga
IGMR – Instrução Geral
sobre o Missal Romano
IMSJS – Instituto
Missionário Servos de Jesus Salvador
LG – Lumen Gentium
MD – Mediator Dei
RCC – Renovação
Carismática Católica
RM – Redemptoris Missio
SC – Sacrosanctum
Concilium
SCa – Sacramentum
Caritatis
SJS – Servos de Jesus
Salvador
INTRODUCÃO
O presente trabalho ressalta a importância do
Esplendor Litúrgico no Instituto Missionário Servos de Jesus Salvador como
instrumento de Salvação para as pessoas, através do qual pretende-se levar o
homem a um encontro pessoal com Cristo Ressuscitado, através de uma liturgia
bem vivida e bem celebrada.
Para realização deste trabalho foi
feito um levantamento bibliográfico: através de livros, revistas, publicações,
dente outros. O presente trabalho tem como proposta fundamental abordar a
importância do Esplendor Litúrgico, bem como mostrar a contribuição do
Esplendor Litúrgico como instrumento de participação litúrgica.
Dessa forma, a presente monografia
encontra-se estruturada em três capítulos:
No primeiro capítulo “O Fundador do
IMSJS e o Esplendor Litúrgico”, percorre-se brevemente na vida e história de
Pe. Gilberto Maria Defina, SJS, a partir da sua experiência com o Esplendor
Litúrgico, desde o seu tempo seminarístico.
No segundo capítulo “O Esplendor da
Liturgia Católica”, faz-se um panorama geral sobre Liturgia Católica, dando
base para uma melhor compreensão sobre o tema em que consiste este trabalho.
No terceiro capítulo “O Esplendor
Litúrgico na Missionariedade Salvista”, apresenta-se a importância e a
contribuição do Esplendor Litúrgico na missão Salvista de favorecer o encontro
das pessoas com Deus.
A finalidade deste trabalho é fazer com
que, tendo clareza da grande importância que o Esplendor Litúrgico tem na
Liturgia Católica, especialmente para os Salvistas, cada fiel seja introduzido
no mistério trinitário.
Neste sentido, espera-se que este
trabalho, quando lido, possa ajudar o fiel a participar da graça e da vida da
Trindade.
CAPÍTULO I
O FUNDADOR DO IMSJS E O ESPLENDOR LITÚRGICO
1.
Biografia
do Fundador do IMSJS
Para uma melhor compreensão acerca do Esplendor
Litúrgico no Instituto Missionário Servos de Jesus Salvador, faz-se necessário
percorrer um pequeno histórico do Fundador Pe.
Gilberto Maria Defina, SJS.
Pe. Gilberto
Maria Defina, SJS, nasceu em 02 de agosto de 1925, na cidade de Ribeirão Preto,
SP. Filho de família católica, cujos pais se chamavam Raphael Defina e Maria
Rosa Buonabotta; desde pequeno ajudava nas missas como coroinha na Igreja Nossa
Senhora do Rosário, na Vila Tibério, em Ribeirão Preto. A Igreja era coordenada
por padres claretianos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria. “Já
em sua infância, começa a sentir uma inquietação interior, um chamado a se
consagrar mais a Deus” (MUNIZ, 2004), assim, com 12 anos e meio, entrou para o
Seminário Menor na cidade paulista de Rio Claro, SP, onde cursou o ginásio e
colegial. Disse ele: “Eu bebi muito desse leite espiritual e fui muito bem
formado” (DEFINA, 2016, p. 59). Estudou também, por um ano, em Campinas, SP. Em
1943, mudou-se para a capital de São Paulo, onde cursou Filosofia e Teologia no
Seminário Central do Ipiranga. Foi ordenado sacerdote em 03 de dezembro de 1950
por Dom Manuel da Silva D’Elboux, Bispo da Diocese de Ribeirão Preto, SP.
Além de
Filosofia e Teologia, ele possuía títulos acadêmicos em Letras e Direito Civil,
era um homem muito culto e inteligente.
A vida do Padre
Gilberto é marcada pelo Esplendor Litúrgico desde o seu tempo de formação no
seminário. Por isso, quando ele escreveu as primeiras Constituições do
Instituto fez questão de deixar isto bem claro: “a Fraternidade empregará e
usará de todo esplendor litúrgico para tal louvor a Deus” (CONSTITUIÇÕES,
1995). Em sua autobiografia, ele também
enfatiza essa questão: “Em minha formação seminarística, vivi envolto
por esse Esplendor Litúrgico, tanto no Seminário Menor como também no Seminário
Maior” (DEFINA, 2016, p. 163).
Após ser
ordenado, serviu como vigário paroquial da Catedral de Ribeirão Preto durante 4
anos. Em 1955, tomou posse da Paróquia de São Simão Apóstolo, na cidade de São Simão, SP, onde foi pároco
por 12 anos. Ao ser instalado o Cabido Metropolitano de Ribeirão Preto, Pe.
Gilberto, SJS, foi designado Cônego Catedrático.
Em
1967, assumiu, a pedido do senhor Arcebispo, a Comunidade de Seminaristas da
Província Eclesiástica da Arquidiocese de Ribeirão Preto, instalada em São
Paulo, no Seminário Central do Ipiranga. Em 1971, juntamente com alguns os
colegas sacerdotes, funda as Faculdades Associadas do Ipiranga (FAI), onde
exerceu, por vários anos, a função de diretor.
No
dia 09 de dezembro de 1987, Pe. Gilberto, SJS, conheceu a Renovação Carismática
Católica (RCC) (cf. DEFINA, 2016, p. 293). Neste dia, recebeu o Batismo no
Espírito Santo. Este termo é utilizado, pela Renovação Carismática Católica,
para designar a “experiência concreta da graça de Pentecostes, na qual a ação
do Espírito torna-se realidade experimentada na vida do indivíduo e da
comunidade de fé” (CORDES, 1999, p. 23). Este movimento católico que surgiu nos
Estados Unidos em meados da década de 1960 (cf. RCC, 2005). Depois de uma forte
experiência com o Batismo no Espírito Santo, ele passa a participar da RCC de
forma ativa.
Em
1993, juntamente com alguns leigos, fundou a Fraternidade Jesus Salvador, dando
início, em 1994, na Diocese de Santo Amaro, SP, aos Institutos Missionários
Servos e Servas de Jesus Salvador e a Ordem Terceira.
“Nestes
anos também vieram grandes tribulações, contudo ele sempre permaneceu como uma
rocha, confiante e transmitindo confiança aos seus filhos e filhas. Nunca
desanimava, sempre colocava Deus em primeiro plano” (MUNIZ, 2004).
Padre
Gilberto faleceu no dia 05 de dezembro de 2004, com 79 anos de idade e dois
dias após ter completado 54 anos de sacerdócio.
Segundo
o seu colega de seminário, amigo e dirigido espiritualmente Monsenhor Roberto
Mascarenhas, o Padre Gilberto foi “um homem de fé” (SANTOS, 2006, p. 18).
Viveu, com intensidade, a profissão de fé, ou seja, o Credo e costumava dizer:
Eu
tenho fé, e nessa fé eu peço a Deus que cure as pessoas. Só uso a minha fé, não
o meu fervor pessoal, mas a fé que tenho em Deus é que me faz rezar pelas
pessoas... Aquilo que não alcanço entender pela razão, o que ensina a Palavra
de Deus e a Igreja, alcanço e aceito pela fé (SANTOS, 2006, p. 15).
Pe.
Gilberto foi um exemplo de fidelidade e obediência à Igreja. Como disse o Bispo
Dom Fernando: “Meu testemunho a respeito do Padre Gilberto é vê-lo como homem
de Igreja, homem que buscava sinceramente o que Deus desejava” (DEFINA, 2016,
p. 22). A grande marca do Padre Gilberto é a sua fidelidade total a Cristo e à
sua Igreja. E uma de tantas virtudes que ele possuía era o “dom da fé” (SANTOS,
2006, p. 14).
Era
um homem muito silencioso, mas, ao mesmo tempo, um sacerdote cheio de fé e do
Espírito Santo. Como relata o Padre Francisco Ivanildo dos Santos, sjs: “nele
era constante a presença dos dons e dos frutos do Espírito Santo. Ele mesmo
testemunhou que não lembra jamais ter cometido um pecado grave ao longo da sua
vida, ou seja, nunca perdeu a pureza da sua veste batismal” (SANTOS, 2006, p.
14).
Padre
Gilberto Maria Defina soube nos amar e nos edificar, deixando-nos a herança de
sua fé por meio de seu grande exemplo de vida. Soube sempre ser comunhão com a
Igreja, buscou sempre ser obediente àqueles que lhe foram superiores, vivia a
comunhão com a Santíssima Trindade e Nossa Senhora, era um homem adorador e
orante, escutava e sabia esperar em Nosso Senhor Jesus, confiante na
Providência Divina. Perseverou na paciência e no sofrimento, viveu cada momento
de sua vida se imolando por meio da doença oferecida pela obra. Resgatou
valores na Igreja por meio do Esplendor Litúrgico, exerceu seu ministério
sacerdotal com desapego e testemunho de vida (SILVA, 2006, p. 14).
Assim
foi a vida do Fundador do IMSJS, um modelo vivo a ser ouvido e seguido. Ensinou
que não há humildade sem que haja paciência e que não existe paciência sem
humildade. Foi um sacerdote zeloso pela liturgia da Igreja Católica. Amou a
Igreja até o seu último suspiro e, como Fundador do IMSJS, deixou uma grande
herança espiritual: o Carisma do Louvor de Deus, que será tratado adiante.
2. A
Fundação do IMSJS
Após ter
feito a experiência de Batismo no Espírito, através da Renovação Carismática
Católica, nasceu, no coração do Pe. Gilberto, o desejo de fundar a Fraternidade
Jesus Salvador. Assim, ele relata:
O
primeiro passo que Deus me deu ao fundar a Fraternidade foi encontrar a
Renovação Carismática Católica, que eu desconhecia completamente. Conheci a
Renovação em 1987, tenho pouco tempo de Renovação. Quando entrei de fato na
Renovação Carismática, comecei a ajudar a Catedral de São Paulo, no grupo da
Catedral, AMMI, como diretor espiritual. Fiquei muito tempo ali, até quando
fundei o seminário (DEFINA, 2016, p. 135).
O
Instituto Missionário Servos de Jesus Salvador (IMSJ) foi fundado na Diocese de
Santo Amaro, SP, em 17 de setembro de 1994, dia em que o Seminário e o Convento
foram erigidos canonicamente pelo Bispo diocesano Dom Fernando Figueiredo e,
logo em seguida, o Padre Gilberto tornou-se religioso Salvista, proferindo os
votos perpétuos.
Essa
data de fundação foi escolhida pelo próprio Bispo diocesano, Dom Fernando,
conforme relato do Pe. Gilberto:
Dias
antes, conversando com Dom Fernando, ele marcou o dia 17 de setembro para a
fundação. Esse dia era a festa litúrgica dos estigmas de São Francisco de
Assis, festa que não existe mais no breviário moderno. Ele escolheu esse dia
porque era data especial em sua vida: foi no dia 17 de setembro que ele, com 17
anos, ingressou na Ordem dos Frades Menores (DEFINA, 2016, p. 141).
O Instituto Missionário Servos de
Jesus Salvador (IMSJS) é o ramo masculino da Fraternidade Jesus Salvador,
formado por religiosos e sacerdotes salvistas. A Fraternidade é composta,
ainda, pelo ramo feminino e por leigos. É o que dizem as Constituições de 2014:
“O Instituto Missionário Servos de Jesus Salvador é um Instituto Religioso
Clerical de Direito Diocesano, que congrega clérigos e irmãos que vivem sua
consagração a Deus e se dedicam à missão evangelizadora” (CONSTITUIÇÕES, 2014,
n. 1).
No
início da fundação do IMSJS, Pe. Gilberto escolheu o nome de Fraternidade Javé
Salvador. Ele explica como essa inspiração aconteceu: “Em três momentos de
oração, ao longo de dias diferentes, o Senhor Deus, vagarosamente, sugeriu e
inspirou esta Fraternidade: 1º a própria Obra; 2º o nome da
Obra, 3º o nome pelo qual seriam chamados e conhecidos seus obreiros”
(CONSTITUICÕES, 1995, n. 1.4).
Padre
Gilberto definiu o nome do Instituto em momentos muitos fortes de oração e
intercessão com alguns leigos. Foi após uma ação de graças em uma Santa Missa,
que ele próprio celebrava, que aconteceu a inspiração do nome do Instituto; e
assim foi definido:
Assim
como se nos revelam as Sagradas Escrituras, Deus concede aos seus eleitos um
nome que está intimamente ligado à sua participação na História da Salvação.
Assim, nosso Instituto Religioso traz por nome oficial o título que designa a
missão de seus membros: Instituto Missionário Servos de Javé Salvador, cuja
sigla, que acrescentamos ao nosso nome particular, é S.J.S (CONSTITUIÇÕES,
1998, n. 4).
Em
2008, a Fraternidade Javé Salvador passou a ser chamada Fraternidade Jesus
Salvador, acatando o pedido da Congregação do Culto Divino e Disciplina dos
Sacramentos que emitiu uma orientação para que não se usasse mais o nome YHWH (Javé em Português) na Liturgia.
Assim, a mudança de nome aconteceu nos dois Institutos, passando a chamá-los de
servos e servas de Jesus Salvador.
Os
Institutos fundados são frutos do sopro do Concílio Vaticano II, pela
experiência que brotou no coração do Pe. Gilberto. Por isso, o padre diz que:
“ao fundar os dois Institutos, masculino e feminino, eu trouxe essa riqueza que
a Igreja tem” (DEFINA, 2016, p. 78).
Em
10 de novembro de 2014 é reconhecido como Instituto Religioso Clerical de
Direito Diocesano.
3. O
Carisma Salvista: o Louvor de Deus
A
palavra carisma vem do grego: χάρισμα, derivado de χάρiς, que quer dizer “graça” (cf. RUSCONI,
2005, p. 492). É geralmente traduzida por dom do Espírito Santo. Nas cartas paulinas aparece
dezesseis vezes e em 1 Pedro 4, 10.
O Dicionário Bíblico-Teológico define
que: “Na linguagem de Paulo e dos que o seguiram, carisma (charisma) é um dom sobrenatural e transitório, atribuído ao
Espírito Santo, que visa à edificação do corpo místico de Cristo” (BAUER, 2004,
p.52). Dicionário de Vida Consagrada, etimologicamente o termo carisma se
refere ao objeto e resultado da graça divina (Charis) (cf. RODRIGUEZ, 2008, p. 89).
Já o louvor segundo a definição de
Bechara é “ação ou efeito de glorificar, de louvar; glorificação, louvação
(BECHARA, 2009, p. 566). Em outras palavras o louvor é nada mais que
reconhecimento.
Para a Igreja “o louvor é a forma de
oração que reconhece o mais imediatamente possível que Deus é Deus” (CIC, 2639).
É desta forma que Pe Gilberto compreende que louvor é nada mais que gratidão a
Deus.
Desta forma, compreendendo-o
osconceitos de carisma e louvor, fica mais fácil ententender o que é Louvor de
Deus dentro do Carisma Salvista.
O conceito do carisma salvista é: O
Louvor de Deus sob todas as suas formas e a litúrgica, em primeiro lugar.
Conforme as regras deste Instituto: “O primeiro lugar de exercício do Carisma
do Instituto é a Sagrada Liturgia” (CONSTITUIÇÕES, 2014, n. 26).
O Pe. Gilberto conceituou o Carisma
Salvista da seguinte maneira:
O
carisma de nosso Instituto é o Louvor de Deus, sob todas as formas, - a
litúrgica, em primeiro lugar -, e como consequência desse Louvor, a procura de
santificação pessoal e comunitária, através da consagração ao Espírito Santo,
Deus-Amor (CONSTITTUIÇÕES, 1998, n. 22).
Nas
Constituições de 1995, Pe. Gilberto coloca que a Fraternidade deve viver “sob
único e grande Carisma: o Louvor de Deus” (CONSTITUIÇÕES, 1995, n. 7). Na de
2014, corrigidas e adequadas ao Código de Direito Canônico, o Carisma Salvista
ficou definido assim:
O
carisma do Instituto é o “Louvor de Deus” sob todas as suas formas, a litúrgica
em primeiro lugar e, como consequência deste “louvor a santificação pessoal e
comunitária. Este carisma vivencia em profundidade a dimensão latrêutica, isto
é, de louvor, do culto divino. Inspiração fundamental é a atitude do próprio
Senhor, que vive eternamente voltado para o Pai. Procuramos centralizar a nossa
espiritualidade nessa dimensão, vivida em primeiro lugar na intimidade do
coração, em seguida na vida comunitária com as diversas expressões litúrgicas e
devocionais e no exercício da missão procurando despertar os cristãos para o
“Louvor de Deus”, caminho seguro para a santidade (CONSTITTUIÇÕES, 2014, n.5).
Em
sua autobiografia, Pe. Gilberto escreve como aconteceu essa inspiração do
Carisma Salvista:
Quando
comecei a escrever as Constituições, sobre qual carisma deveria reger todas as
nossas atividades espirituais e temporais, logo de princípio me veio a ideia de
um carisma essencial para o nosso Instituto. Essa ideia foi um presente imenso
que Deus colocou em mim para nosso Instituto, apenas lembrei uma palavra da
Sagrada Escritura que está no livro do Apocalipse. Essa passagem fala do Louvor
de Deus: Amém. O louvor, a glória e a sabedoria, a ação de graças, a honra, o
poder e a força pertencem ao nosso Deus para sempre. Amém. (Ap 7, 12) (DEFINA,
2016, p. 160).
Deste
modo, percebe-se que o carisma nasceu no coração de um homem muito íntimo da
Palavra de Deus, pois foi esta palavra do Livro do Apocalipse que inspirou o
coração do padre para o louvor. Portanto, o Louvor de Deus nasce da Palavra, ou
melhor, brota da própria Revelação, como se lê a seguir:
O
carisma do “Louvor de Deus” brota da própria Revelação. Deus chama o ser humano
à vida, para Sua glória, conforme disse Santo Irineu, a glória de Deus é o
homem vivo. Com o afastamento de Deus pelo pecado (cf. Gn 3), o ser humano se
afasta da fonte da vida, que é Deus. O Senhor, porém, não desiste de Seu plano
de salvação e todo o Antigo Testamento vem mostrar que Deus quer a vida do
homem, quer salvá-lo. Jesus é a Plenitude da Salvação, Ele é o Servo da Obra da
Salvação e veio para que todos tenham vida em abundância (cf. Jo 10, 10)
(MORAES, 2006, p. 09).
O
Carisma Salvista ficou definido por “Louvor de Deus”. Foi assim que o fundador
quis chamá-lo logo nos seus inícios, afirmando: “Louvor de Deus ou Louvor a
Deus? Eu preferi o Louvor de Deus porque é mais firme, mais constante e mais
forte” (DEFINA, 2016, p. 161).
Para
Pe. Gilberto, o Carisma do Louvor de Deus é manifestado na Liturgia por meio do
Esplendor Litúrgico. O Esplendor Litúrgico faz parte deste Carisma, pois é na
Liturgia que acontece o Louvor de Deus, seja na oração pessoal ou comunitária
de seus membros. É assim que as Constituições deste Instituto afirmam:
Este
Louvor de Deus deve ser, antes de tudo, o louvor litúrgico, pois que deve ser
dado, principalmente, através de formas da Sagrada Liturgia. O Instituto sempre
empregará e usará de todo o esplendor litúrgico para tal louvor a Deus (CONSTITUIÇÕES,
1998, n. 35).
Segundo
Pe. Micael de Moraes, SJS: “O Carisma do Louvor de Deus vem lembrar a cada ser
humano que suas ações tem que brotar da Fonte da Vida, que é o próprio Deus”
(MORAES, 2010). Por isso, o Louvor de Deus é a primeira obra e essencial tarefa
do Instituto Missionário Servos de Jesus Salvador.
Sendo
assim, o Louvor de Deus na Liturgia deve ser o ápice deste carisma, pois é em
cada ato litúrgico que acontece o Esplendor Litúrgico deste carisma; no louvor
que se dá nos pequenos gestos de cada dia.
4. O
Esplendor Litúrgico na vida do Fundador
Como
já dito anteriormente, o Esplendor Litúrgico sempre foi algo presente na vida
do fundador Pe. Gilberto. Em sua autobiografia, ele relata:
Em
minha formação seminarística, vivi envolto por esse Esplendor Litúrgico, tanto
no Seminário Menor como também no Seminário Maior. No Seminário Maior o
Esplendor Litúrgico era algo muito importante e muito bonito. Nas Vésperas
cantadas havia seis rapazes usando capas magnas, na frente do povo,
convidando-os para cantar, em seguida a incensação e depois a benção do
Santíssimo Sacramento finalizando as Vésperas, tudo era muito bonito (DEFINA,
2016, p. 163-164).
Foi
exatamente nesse período de formação inicial no seminário que Pe. Gilberto
entendeu o sentido e o porquê do Esplendor Litúrgico, pois para ele esse
Esplendor é algo muito importante na liturgia. Seria como um toque de
profundidade na liturgia, porque, segundo o padre, “o povo precisa muito de criatividade,
precisa de coisas bonitas, de cores, de velas, de flores, de cânticos, porque o
povo de Deus somente vai pelo que é tangível, pelo que vê, pelo que sente,
pelas práticas que fazemos” (DEFINA, 2016, p. 164). Por isso, quando Pe.
Gilberto funda a Fraternidade Jesus Salvador, ele coloca o Esplendor Litúrgico
como elemento central do Carisma:
O
Instituto sempre empregará e usará de todo esplendor litúrgico para o Louvor de
Deus, no uso apropriado das vestes, objetos, cantos, no desenvolvimento harmonioso
do rito e das rubricas, e no uso mesmo do latim e do canto gregoriano, quando
isto for útil e apropriado para o Louvor de Deus e para a edificação dos fiéis
(CONSTITUIÇÕES, 1998, n. 200).
O
Esplendor Litúrgico é algo muito importante na liturgia; e por isso que
nota-se, na vida do Pe. Gilberto, que isso ficou muito forte, bem claro. Desde
os seus primeiros escritos, nas Constituições de 1995, ele fala do “esplendor
litúrgico como louvor a Deus” (cf. CONSTITUIÇÕES, 1995); e como já vimos, o
primeiro lugar de exercício do Carisma Salvista é a Liturgia, como o padre faz
questão de enfatizar e esclarecer:
É
simples entender isso. Se falhamos nesse Esplendor Litúrgico, falhamos também
na condução dessa Liturgia, rezamos mal se não rezamos com interesse ou rezamos
rapidamente, esquecemos a presença divina e o povo que está à nossa frente.
Pelo Esplendor Litúrgico, tomamos um conhecimento maior das coisas que fazemos
diante de Deus e do povo, para que o povo de Deus possa louvar mais
primordialmente a Deus. Então a Liturgia da igreja é o suprassumo, por assim
dizer, da nossa expressão de amor a Deus. (DEFINA, 2016, p. 164).
É
interessante observar como a vida do Pe. Gilberto é marcada por esse amor à
Liturgia “desde os sete anos” (DEFINA, 2016, p. 45); desde a infância, sempre
teve um grande zelo pelas coisas de Deus. Servia como coroinha nas missas,
usava uma batina vermelha, veste própria de coroinha e aprendeu até mesmo o
latim para responder nas missas. Depois, com a sua vida seminarística, no
Seminário Maior, conviveu em meio ao Esplendor Litúrgico.
As
celebrações eram muito belas e bem preparadas. Sobre isto, o padre diz: “Quando
havia uma festa especial, a preparação era grande, sempre nas noites de sábado.
Aqueles que iam servir nas missas do domingo ensaiavam as posições, os lugares,
os movimentos. Era uma missa muito bonita, com procissão inicial e tudo mais”
(DEFINA, 2016, p. 77). Assim, era a liturgia no seminário do padre, uma
liturgia bem organizada e sem improvisações.
Um
outro destaque relatado pelo padre é referente ao canto na liturgia, onde tudo
era feito em latim. Os cânticos eram bem ensaiados. Dizia o Padre:
Tínhamos
um professor de música, Maestro Fúrio Franceschini Ensinava-nos todos os
sábados as melodias do livro Liber
Usuales, tenho esse livro até hoje, de cantochão, canto gregoriano com
todas as missas dominicais. O maestro Fúrio Franceschini era um grande homem de
Deus. Ensinava todos os sábados, ensaiando os cânticos, lendo a pauta da
música; tudo em latim (DEFINA, 2016, p. 77-78).
O
canto gregoriano era o grande destaque das celebrações, pois na época
seminarística de Padre Gilberto, o latim era bem presente nas missas. Tudo era
em comunhão com o que acontecia no Vaticano. Como assim, relata o padre:
No
domingo, a missa das 9:00 h da manhã era cantada com cantos gregorianos e, para
tal, muito bem ensaiada. Usávamos batina, com sapatos de fivela especial das
que se usava no Vaticano. Fazíamos também assim, porque éramos uma cópia do que
acontecia no Vaticano. O que acontecia lá respondíamos aqui; acompanhávamos o
Papa, todos os trabalhos e tudo o que ele fazia. (DEFINA, 2016, p. 78).
Outro
fato que Pe. Gilberto relata é sobre as vésperas cantadas no domingo, que
acontecia à tarde. O padre traz, com muita riqueza de detalhes, todos esses
momentos presentes em sua vida como algo belo que acontecia nas celebrações.
Vejamos como ele relata:
Ensaiávamos
também para as vésperas cantadas no domingo, algo que era muito bonito. Não
tínhamos missa à tarde, naquela época as missas eram sempre celebradas pela
manhã. Nas vésperas, colocávamos as capas grãs-magnas, seis rapazes com capas
solenes, capas pluviais como diziam, era uma coisa muito bela, toda aquela
movimentação de rapazes (DEFINA, 2016, p. 78).
Assim
nota-se a origem do Esplendor Litúrgico na vida do fundador, cercada de
influências encantadoras, como ele mesmo diz: “Eu me impregnei de muito amor
pela Igreja, de muita compreensão, de muito entendimento e de muita prática com
isso. Foram coisas amadas pelo reitor e por nós, colocando-nos à frente de
todos esses rituais litúrgicos” (DEFINA, 2016, p. 78).
A
vida do Padre Gilberto é marcada por esse amor à Igreja e pela Sagrada
Liturgia. Como ele mesmo relata em seus escritos: “Essa parte litúrgica do
seminário eu acolhi muito bem. O gosto que ganhei pela parte litúrgica procede
daí” (DEFINA, 2016, p. 78). Por isso as Constituições de 2014 ressaltam que o
Instituto empregará e usará de todo o esplendor litúrgico, levando o Povo de
Deus à santidade e à perfeição em Cristo” (CONSTITUIÇÕES, 2014, n. 50).
Ademais, o Esplendor
Litúrgico, para o carisma do Louvor de Deus, é de alta relevância para a
salvação das pessoas; ele ajuda o fiel a viver bem a liturgia e a participar do
integralmente Mistério Pascal de Cristo.
CAPÍTULO II
O ESPLENDOR DA LITURGIA CATÓLICA
Depois
de uma breve exposição sobre o fundador do IMSJS e o Esplendor Litúrgico na
vida de Pe. Gilberto, faz-se necessário uma compreensão sobre o Esplendor da
Liturgia Católica para termos uma ideia translúcida acerca deste trabalho.
Mas
antes é preciso entender o que é liturgia a partir do Mistério Pascal. A
palavra liturgia “vem do grego leitourgia,
que por sua vez é composta das palavras leitos (popular, do povo) e ergon (ação, obra, trabalho). Portanto,
referia-se, já desde o seu uso grego, a um trabalho, que não visa à utilidade
privada, mas à da comunidade, tanto no terreno social como religioso”
(ALDAZÁBAL, 2013, p. 2007). Ou ainda, é possível defini-la como “serviço
público ou serviço do culto” (QUINSON,
1999, p. 182).
Em outros termos, liturgia é ação do povo.
Segundo Marsilli, o termo liturgia é:
Proveniente
do grego clássico leitourgia, em sua
origem o termo indicava a obra, a ação ou a inciativa assumida livremente por
um particular (indivíduo ou família) em favor do povo ou do bairro ou da cidade
ou Estado. Com o passar do tempo, a mesma obra, ação, iniciativa, perdeu, quer
por institucionalização quer por imposição, o seu caráter ‘livre’ e, assim,
passou a ser chamado de ‘liturgia’ qualquer trabalho que importasse em
‘serviço’ mais ou menos obrigatório prestado ao Estado ou à divindade (‘serviço
religioso’) ou a um particular (MARSILLI, 1992, p. 639).
O
Papa Pio XII, em sua encíclica sobre a Sagrada Liturgia, explicava que “todo o
conjunto do culto que a Igreja rende a Deus deve ser interno e externo” (MD, n.
20).
Para
a Igreja Católica, a liturgia é ação de Cristo. Assim afirma o Catecismo da
Igreja Católica: “a liturgia é ação do Cristo todo (“Christus totus”)” (CIgC, n. 1136). O Catecismo ainda diz que: “além
de ser obra de Cristo, a liturgia é também uma ação de sua Igreja” (CIgC, n.
1071).
A
encíclica Mediator Dei define a
liturgia como “o culto público que nosso Redentor rende ao Pai como cabeça da
Igreja, e é o culto que a sociedade dos fieis rende à sua cabeça, e por meio
dela, ao Eterno Pai. É, em uma palavra, o culto integral do corpo místico de
Jesus Cristo, ou seja, da cabeça e de seus membros” (MD, n. 22).
O
Concílio Vaticano II, em sua Constituição sobre a liturgia, define que a
liturgia é “o exercício do sacerdócio de Cristo, em que se manifesta por sinais
e se realiza a seu modo a santificação dos seres humanos, ao mesmo tempo que o
corpo místico de Cristo presta culto público perfeito à sua cabeça” (SC, n. 7).
Já
para Bento XVI, a liturgia é presença viva do Mistério Pascal de Cristo:
A
liturgia não é a recordação de acontecimentos passados, mas a presença viva do
Mistério pascal de Cristo, que transcende e une os tempos e os espaços. (...)
Cada dia deve aumentar em nós a convicção de que a liturgia não é um nosso, um
meu “fazer”, mas é uma obra de Deus em nós e conosco (BENTO XVI, 2012)
.
“Neste
sentido poder-se-ia, chamar a Liturgia de mistagógica, pois epifania o mistério
e conduz o orante mistagogicamente ao encontro do Mistério” (SILVA, 2014, p.
121).
Sendo
assim, com algumas definições e explicações de conceitos de liturgia,
trataremos a seguir de liturgia como memória do mistério pascal.
Segundo
o Dicionário de Liturgia, “a categoria mistério pascal é uma das mais felizes
recuperações de do movimento litúrgico do nosso século. Ela aparece desde o
início e repetidas vezes nos documentos do Vaticano II” (SORCI, 1992, p. 771).
A
Sacrosanctum Concilium coloca a
liturgia como obra da salvação:
Cristo
Senhor, especialmente pelo mistério pascal de sua paixão, ressurreição dos
mortos e gloriosa ascensão, em que “morrendo destruiu a nossa morte e,
ressuscitando, restaurou-nos a vida”, realizou a obra da redenção dos homens e,
rendendo a Deus toda a glória, como foi prenunciado nas maravilhas de que foi
testemunha o povo do Antigo Testamento. Do lado de Cristo, morto na cruz,
brotou o admirável mistério da Igreja (SC, n. 5).
O
Dicionário de Mística traz uma definição de mistério pascal que também nos
ajuda a compreender o seu significado a partir da experiência mística. Vejamos:
A
expressão “m” não se encontra na Escritura. O próprio termo “mistério” (em
grego, mystérion) é relativamente
raro no NT. Ele aparece principalmente nas cartas paulinas e deuteropaulinas,
que falam do “mistério de Cristo” (Cl 4, 3; Ef 3, 4), do “mistério da piedade”
(1Tm 3, 16), do “mistério do evangelho” (Ef 6, 19), locuções de significados
afins. A doutrina paulina pode ser resumida, dizendo que “mistério” é a vontade
salvífica divina com admirável desígnio de salvação, cujas linhas se juntam e
se concentram todas em Cristo. Esse desígnio, oculto em Deus desde a
eternidade, foi plenamente manifestado em Cristo, que confiou seu anúncio
oficial aos apóstolos. O “mistério” se manifesta como a “economia” (em grego, oikonomia) ou disposição temporal da
salvação; os textos bíblicos falam também das etapas sucessivas através das
quais se realiza o plano divino: a vinda do Filho de Deus à terra, o tempo da
Igreja e a consumação final. O mistério é expresso com a fórmula “Cristo em
vós”, ou seja, nos gentios à herança, ao corpo da Igreja, à promessa em Cristo.
Em Cristo, portanto, tudo é recapitulado e reunido (Cf. Ef 1, 9. 10) (AUGÈ,
1992, p. 706).
O
Compêndio do Catecismo, afirma: “o Mistério Pascal de Jesus, que compreende a
sua paixão, morte, ressurreição e glorificação, está no centro da fé cristã,
porque o desígnio salvífico de Deus se realizou de Deus, se realizou uma vez
por todas com a morte redentora do seu Filho, Jesus Cristo” (COMPÊNDIO DO
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 2005, n. 112).
Desta
forma, pode-se dizer que, com a crucificação e morte de Jesus, Ele venceu todo
sofrimento humano e nos deu um novo sentido de vida plena, através do seu
mistério pascal. Conforme o Prefácio da Páscoa I, “morrendo, destruiu a morte,
e, ressurgindo, deu-nos a vida” (MISSAL ROMANO, 1992, p. 421).
Assim,
com a Igreja, fazemos anamnese da
morte e Ressureição de Cristo: “a anamnese, pela qual, cumprindo a ordem
recebida do Cristo Senhor através dos apóstolos, a Igreja faz a memória do
próprio Cristo, relembrando principalmente a sua bem-aventurada paixão, a
gloriosa ressurreição e a ascensão aos céus” (IGMR, n. 79).
A
Constituição Dogmática Lumen Gentium
afirma com, toda clareza, que a cada liturgia acontece a atualização da obra
redentora: “todas as vezes que se celebra no altar o sacrifício da cruz, pela
qual Cristo, nossa páscoa, foi imolado, atualiza-se a obra da nossa redenção”
(cf. LG, n. 3).
Com
isso, pode-se dizer que a liturgia cristã é a atualização ritual do evento real
da salvação, que é Cristo, pois a liturgia é a celebração, por excelência do
Mistério Pascal de Cristo, como diz o Dicionário de Liturgia:
A
liturgia é a perpétua realização do mistério pascal de Cristo – O mistério de
Cristo chama-se ‘pascal’ porque, na morte de Cristo, encontrou sua plena
realização a ‘promessa’ com que Deus havia anunciado querer estabelecer o seu
“testamento” (diateke, testamentum, aliança) com seu povo a fim
de assumi-lo para si como povo “especial, régio e sacerdotal” (MARSILI, 2009,
p. 644).
Sendo
assim, pode-se afirmar que a liturgia é o lugar epifânico da celebração do
Mistério Pascal de Cristo. Mistério Pascal esse que continua e atua no hodie da sacramentalidade da Igreja e,
conforme exposto acima, todas as vezes que celebramos e fazemos anamneses da morte e Ressurreição de
Cristo, atualizamos a obra da Salvação.
Para
melhor compreensão da liturgia, faz-se necessário percorrer brevemente a
história do Concílio Vaticano II.
Sabemos
que, desde o início do século XX, alimentava-se na Igreja o desejo de reforma
no campo da liturgia. A Igreja sofria nesta época o danoso fixismo e rubricismo
de quatro séculos tridentinos.
O
Concílio Vaticano II foi convocado pelo Papa João XXIII e concluído sobre o
papado de Paulo VI, entre 1962 e 1965, ao longo de quatro sessões, uma por ano,
em geral, de outubro a dezembro.
Foi
vontade expressa de João XXIII um concílio pastoral. Na abertura da primeira
sessão do Concílio, João XXIII pronunciou o seguinte discurso:
O
punctum saliens deste Concílio não é
a discussão de um ou outro artigo da doutrina fundamental da Igreja, repetindo
e proclamando o ensino dos Padres e dos Teólogos antigos e modernos, pois este
supõe-se bem presente e familiar ao nosso espírito. Para isto não haveria
necessidade de um Concílio. Mas da renovada, serena e tranquila adesão a todo o
ensino da Igreja, na sua integridade e exatidão, como brilha nos Atos
Conciliares, desde Trento até ao Vaticano I, o espírito cristão, católico e
apostólico do mundo inteiro espera um progresso na penetração doutrinal e na
formação das consciências, em correspondência mais perfeita com a fidelidade à
doutrina autêntica; mas também esta seja estudada e exposta por meio de formas
de indagação e formulação literária do pensamento moderno. Uma é a substância
da antiga doutrina do depositum fidei e
outra é a formulação que a reveste: e é disto que se deve – com paciência, se
necessário – ter grande conta, medindo tudo nas formas e proporções do
magistério prevalentemente pastoral [...] Sempre a Igreja se opôs aos erros;
muitas vezes até os condenou com a maior severidade. Nos nossos dias, porém, a
Esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da sua doutrina que condenando
erros [...] A Igreja Católica, levantando por meio deste Concílio o facho da
verdade religiosa, deseja mostrar-se mãe amorosa de todos, benigna, paciente,
cheia de misericórdia e bondade com os filhos dela separados (COMPÊNDIO
VATICANO II, 1968, p. 8).
O
Concílio Vaticano II foi, também, um concílio ecumênico da história da Igreja
Católica, com a presença de mais de dois mil bispos do mundo inteiro.
Desse
encontro, resultaram 16 documentos, que se agruparam desta forma: quatro
constituições de maior importância, nove decretos e três declarações.
Entre
as Constituições de maior importância, destaca-se a Constituição sobre a
Sagrada Liturgia, chamada de Sacrosanctum
Concilium (SC), publicada 04 de dezembro de 1963, como primeiro documento
oficial do Vaticano II. Este documento teve grande importância na liturgia e é
significativo, especialmente, para uma compreensão correta do Esplendor
Litúrgico.
O
Concílio Vaticano II quis responder à necessidade de uma reforma da Liturgia
Romana. Com isso o Concílio estabeleceu princípios gerais para a liturgia da
Igreja. Também definiu a natureza da liturgia e concluiu que “todos os
batizados tem direito e dever de participar ativa, consciente e plenamente das
ações litúrgicas” (SC, n. 14).
Desse
modo, pode-se reafirmar que o Vaticano II foi um momento de renovação e de
reforma na Igreja Católica: com o mundo exterior, entre a hierarquia e os
fiéis. Foi o ponto de chegada da renovação da Igreja Católica, como ela mesma
diz: foi um “sinal de disposições providenciais de Deus. É uma passagem do
Espírito pela sua Igreja” (SC, n. 43).
A
Constituição Sacrosanctum Concilium,
sobre a Sagrada Liturgia, quer relembrar os princípios e estatuir as normas
práticas para a renovação e o incremento da Liturgia:
O
objetivo do Concílio é intensificar a vida cristã, atualizando as instituições
que podem ser mudadas, favorecendo o que contribui para a união dos fiéis em
Cristo e incentivando tudo que os leva a viver na Igreja. Em vista disso, julga
dever ser ocupar especialmente da liturgia, que precisa ser restaurada e
estimulada (SC, n. 1)
O
Catecismo também ensina aos fiéis que: “A liturgia implica uma participação
“consciente, ativa e frutuosa” (CIgC, n. 1071).
Do
parágrafo 1071 ao 1075, o Catecismo da Igreja Católica fala da Sagrada Liturgia
como fonte de vida; da sua relação como fonte de vida e da sua relação com a
oração e a catequese.
É
por isso que se pode afirma que, de fato, a liturgia é fonte de vida cristã.
Mas alguém poderia se perguntar: por que? Porque é obra de Cristo, que é o
autor da graça. Foi o que o Vaticano II respondeu em seu documento conciliar:
Mas
para que seja plena a eficácia da liturgia, é preciso que os fiéis se aproximem
dela com as melhores disposições interiores, que seu coração acompanhe sua voz,
que cooperem com a graça do alto e não a recebam em vão. Cuidem, pois, os
pastores que, além de se observar as exigências de validade e liceidade das
celebrações, os fiéis participem da liturgia de maneira ativa e frutuosa,
sabendo o que estão fazendo (SC, n. 11).
A graça, que nos é dada por Cristo na
liturgia, exige de nós uma participação vital.
O
Concílio Vaticano II afirmou, ainda na constituição Sacrosanctum Concilium que “a liturgia é o cume e a fonte da vida
da Igreja” (SC, n. 10).
A
grande aspiração da reforma litúrgica do Vaticano II refere-se à participação
na liturgia como fonte de vida cristã. Na Sacrosanctum
Concilium temos vários parágrafos que fazem referência à essa participação
(cf. SC, n. 11-14.19.27.30.41.50.53.55.79.113.121.124).
Por
participação, segundo a definição de A. M. Triacca entende-se que é “adesão e
intervenção” (cf. TRIACCA, 1992, p. 886).
Na
liturgia cristã, a palavra participação possui alguns adjetivos, sem os quais
não acontece ricamente o encontro do homem com Deus. É preciso ter consciência
da participação interna e externa, ou seja, mente e coração precisam estar em
sintonia com a celebração. “A encíclica fala da participação, que deve ser
antes de mais nada interna, o que equivale a dizer exercida com piedosa atenção
do ânimo e com íntimo afeto do coração” (TRIACCA, 1992, p. 888).
Da
participação como fonte da espiritualidade e vida cristã, a Sacrosanctum Concilium, afirma que:
A
vida espiritual não se resume na participação na liturgia. Chamado a orar em
comum, o cristão não deve deixar também de entrar em seu quarto, para orar ao
Pai no segredo do coração. Pelo contrário, seguindo o conselho do apóstolo,
deve orar sem cessar. Pelo mesmo apóstolo, somos advertidos de que devemos
levar sempre em nossos corpos os sinais da morte de Cristo, para que também a
sua vida se manifeste, um dia, em nossos corpos mortais. Pedimos, por isso, ao
Senhor, no sacrifício da missa, que “aceite a hóstia da oblação espiritual e
nos torne, a nós mesmos, uma oferenda eterna (SC, n. 12).
Assim,
no sacrifício estão o ápice e a fonte da espiritualidade cristã. Fonte essa
mais importante, “em que os fiéis podem beber o autêntico espírito cristão”
(cf. SC, n. 14).
Além
disso, temos também o esplendor litúrgico como contribuinte dessa participação
na liturgia, pois este contribui de modo eminente nas celebrações litúrgicas.
O
esplendor da liturgia católica, celebrada com nobre simplicidade, fornece aos
fiéis uma visão real deste mistério. Sendo assim, pode-se dizer que o esplendor
da liturgia católica é todo cristológico, pois o esplendor vem de Deus e faz
voltar a Deus.
3.
Esplendor Litúrgico
Com este panorama geral, pretende-se, agora,
entender o significado do conceito da palavra esplendor partindo de alguns
conceitos e do ponto de vista do Fundador do IMSJS.
De
acordo com o Novo Dicionário Latino – Português, o esplendor tem origem na
palavra proveniente do latim splendor,
que significa: “o resplandor, a luz, claridade. A magnificência, ostentação, o
aparato. A nobreza, glória, lustre, honra, dignidade” (SOUSA, 1922, p. 731). Já
o Minidicionário da Língua Portuguesa a conceitua como “Brilho de grande
intensidade. Qualidade do que é grandioso, magnífico. Esplendoroso” (BECHARA,
2009, p. 370).
A
palavra esplendor é sinônimo de: aparato, deslumbramento, fulgência, luxo,
magnificência, ostentação, pompa, suntuosidade.
No
Antigo Testamento, a palavra encontrada que se aproxima da palavra esplendor é
o termo em hebraico kabod, que
significa “glória”. Pertence à raiz kbd (“ser
pesado”) e significa “aquilo que produz peso, aquilo que impõe, aquilo que
produz consideração, como a riqueza, o luxo ou o poder. (...) Significa
reconhecer sua importância, seu poder ou sua autoridade” (LODS, 2013, p. 588).
Segundo
o Dicionário Bíblico Teológico:
O
conceito de glória forma uma das grandes ideias fundamentais da Bíblia. Na LXX
encontra-se também a forma verbal doxazein,
que significa “reconhecer a glória de Deus”. Doxa, “glória”, designando a grandeza de Deus, tem às vezes uma
nuança escatológica (Br 4, 24.37; 5,1.9). Sob influência de Isaías e Ezequiel
acresce mais um aspecto, a saber o “luz” e “brilho” designando o esplendor do
Reino de Deus messiânico-escatológico (WOSCHITZ, 2004, p. 165).
O
significado de esplendor provém do Antigo Testamento como glória ou
magnificência. Essa glória no AT é manifestada no Sinai, no templo etc... (cf.
RAURELL, 2003, p. 323).
A
glória é o esplendor do poder de Iahweh como
é (Ex 24, 16); no Livro de Números aparece a “glória de Iahweh” (Nm 14, 21); e em Paulo, lê-se “Senhor da Glória” (1 Cor 2,
8).
No
Novo Testamento o termo doxa parece
165 vezes, 77 nos escritos paulinos e em João aparece com menor grau.
O
paradigma do esplendor litúrgico é a Transfiguração do Senhor (Mt 17, 1-8 )
(MORAES, 2010).
Ainda
no Novo Testamento, o termo doxa está
ligado a brilho tal como o esplendor ou radiância, que emana de uma luz
brilhante. A Sagrada Escritura diz que, “um é o brilho do sol, outro o brilho
da lua, e outro brilho das estrelas” (1 Coríntios 15;41), assim, o esplendor
irradia da presença de um ser celestial.
Assim,
pode-se sintetizar, dizendo que o Esplendor Litúrgico é a glória do Pai, em
Jesus, por meio do seu Sacrifício. É por isso que a Celebração Eucarística deve
receber toda dignidade:
(...)
Pois nela se encontra tanto o ápice da ação pela qual Deus santifica o mundo em
Cristo, como o do culto que os homens oferecem ao Pai, adorando-o pelo Cristo,
Filho de Deus. Além disso, nela são de tal modo relembrados, no decorrer do
ano, os mistérios da redenção, que eles se tornam de certo modo presentes. As
demais ações sagradas e todas as atividades da vida cristã a ela estão ligadas,
dela decorrendo ou a ela sendo ordenadas (IGMR, n. 16).
Para
Padre Gilberto, o Esplendor Litúrgico é um toque de profundidade em toda a
Liturgia. Ele diz que: “O povo precisa muito de criatividade, precisa de coisas
bonitas, de cores, de velas, de flores, de cânticos, porque o povo de Deus
somente vai pelo que lhe é tangível, pelo que vê, pelo que sente, pelas
práticas que fazemos” (DEFINA, 2016, p. 164).
Sendo
assim, o Esplendor Litúrgico deve propiciar um itinerário nas celebrações
litúrgicas, segundo Pe. Micael de Moraes, SJS, padre do IMSJS. O itinerário
deve ser o seguinte:
1.
A luz de Deus tem que resplandecer, isto é, a celebração tem que demostrar
através do rito a intervenção de Deus através do Mistério Pascal do Senhor
atualizado. 2. A Palavra deve ser exposta nas orações e na Escritura de modo
que se aponte e se cumpra no Cristo morto e ressuscitado. 3. Tudo isso deve
possibilitar ouvir o Pai e o Verbo, acolher esse Verbo na vida de tal modo que
seja bom estar na presença de Deus. Disso decorre algumas indicações para a
efetivação do Esplendor Litúrgico: 1. Tudo o que obscurece a manifestação da
Luz de Deus deve ser evitado (ruídos, poluição visual, má preparação, leitura
mal feita, etc). Mas principalmente a santidade do ministro e da comunidade
deve propiciar o Esplendor Litúrgico. 2. As rubricas do rito que manifestam o
Mistério devem ser conhecidas e levadas a efeito para uma verdadeira arte de
celebrar. 3. As adaptações devem ser feitas somente com um conhecimento
profundo do Evangelho, da Teologia Litúrgica e da cultura do povo. 4. A Sagrada
Escritura deve ser conhecida para a disposição do fiel e realmente todos
ouvirem o Filho do Pai. 5. Amar a Liturgia que se celebra, sem isso pode-se
cair na hipocrisia. 6. Saber-se amado por aquele que nos vê e desse amor
amar-se e amar o próximo (MORAES, 2010).
Desse
modo, como já vimos no capítulo anterior sobre o Carisma Salvista, o Esplendor
Litúrgico é para o Louvor de Deus. Por isso, o lugar privilegiado para vivência
do carisma é a Sagrada Liturgia, conforme as Constituições Salvistas de 1998,
que diz: “O Esplendor litúrgico para o Louvor de Deus, dá-se no uso apropriado
das vestes, objeto, cantos, no desenvolvimento harmonioso do rito e das
rubricas, e no uso mesmo do latim e do canto gregoriano, quando isso for útil e
apropriado para o Louvor de Deus e para edificação dos fiéis” (CONSTITUIÇÕES,
1998, n. 200).
Por
isso, a Igreja estabeleceu algumas normas litúrgicas a serem observadas pelos
seus celebrantes a respeito da celebração eucarística. Segundo a Ars Celebrandi: “a liturgia nunca é
propriedade privada de alguém, nem do celebrante, nem da comunidade onde são
celebrados os santos mistérios” (DEPARTAMENTO DAS CELEBRAÇÕES LITÚRGICAS DO
SUMO PONTÍFICE, 2010).
A
instrução afirma que:
O Mistério da Eucaristia é demasiado grande
<<para que alguém possa permitir tratá-lo ao seu arbítrio pessoal, pois
não respeitaria nem seu caráter sagrado, nem sua dimensão universal>>
[...] Os atos arbitrários não beneficiam a verdadeira renovação e sim lesionam
o verdadeiro direito dos fiéis à ação litúrgica, à expressão da vida da Igreja,
de acordo com sua tradição e disciplina. Além disso, introduzem na mesma
celebração da Eucaristia elementos de discórdia e de deformação, quando ela
tem, por sua própria natureza e de forma eminente, de significar e de realizar
admiravelmente a Comunhão com a vida divina e a unidade do povo de Deus. Estes
atos arbitrários causam incerteza na doutrina, dúvida e escândalo para o povo
de Deus e, quase inevitavelmente, uma violenta repugnância que confunde e
aflige com força a muitos fiéis em nossos tempos, em que frequentemente a vida
cristã sofre o ambiente, muito difícil, da <<secularização>>
(DEPARTAMENTO DAS CELEBRAÇÕES LITÚRGICAS DO SUMO PONTÍFICE, 2010).
A
partir do que foi visto neste capítulo sobre o esplendor da liturgia católica,
procuremos, a seguir, entender o esplendor litúrgico na missionariedade.
Por
conseguinte, a importância do esplendor para a liturgia é de grande relevância
pois o esplendor da Liturgia remente ao próprio Deus e a participação do fiel
no Mistério Pascal é mergulhar no mistério que se celebra. Logo, o fiel é
chamado a participa do Mistério Pascal com inteireza, sendo verdadeiramente
obediente ao que Cristo pediu na sua última Ceia: “Fazei isto em minha memória”
(Lc 22, 19).
O ESPLENDOR LITÚRGICO NA MISSIONARIEDADE
SALVISTA
Neste
último capítulo, compreender-se-á como acontece o Esplendor Litúrgico na
missionariedade salvista, a partir da encíclica Redemptoris Missio e da própria vida salvista.
Os
documentos Lumen Gentium (LG), Ad Gentes (AG) e Gaudium et Spes são os que falam mais diretamente da missão da
Igreja como expressão do dinamismo trinitário.
Dois
documentos marcaram o caminho da missão: o Anúncio do Evangelho, de Paulo VI e
a Missão do Redentor, de João Paulo II. Ambos se complementam, mesmo sendo
diferentes.
Após
o encerramento do Concílio Vaticano II, já sob o pontificado de Paulo VI, muita
coisa mudou no mundo, e logicamente, todas essas mudanças incidiriam
também na reflexão e na ação missionária
que a Igreja desempenhava.
Com
o encerramento do Concílio, a missão se desenvolveu a partir:
-
de uma nova forma de vida eclesial;
-
de novas situações sociais e políticas nas missões;
-
do novo conceito de salvação em relação às expressões religiosas não cristãs;
-
das igrejas jovens, cada vez mais autônomas, vivas, ricas de entusiasmo e de pessoal
próprio;
-
da nova mentalidade e do novo relacionamento entre igrejas antigas e novas:
respeito, valorização, serviço, ajuda mútua;
-
dos novos tipos de presença missionária: sacerdotes diocesanos, leigos
missionários, Igrejas-irmãs;
-
da preocupação de por a Igreja toda em estado de missão, através da
corresponsabilidade, valorização dos carismas, pastoral missionária,
valorização do leigo;
-
da convicção de que a missão renova a Igreja e que a fé cresce comunicando-a
(COPPI, 2006, p. 58).
A
missiologia moderna, iniciada com o Concílio Vaticano II, atinge o seu ponto
mais alto na encíclica Evangelii
Nuntiandi e na Redemptoris Missio.
A
carta encíclica Redemptoris Missio é
a primeira encíclica diretamente missionária depois do Concílio, uma vez que trata
da evangelização ad gentes como as
encíclicas missionárias anteriores e como o decreto missionário do Concílio
Vaticano II.
Esta
encíclica está organizada em oito capítulos e trata de temas como: Jesus
Cristo, o único salvador; O Reino de Deus; O Espírito Santo, protagonista da
missão; Os imensos horizontes da missão Ad
Gentes; Os caminhos da missão; Os responsáveis e os agentes da pastoral
missionária; A cooperação na atividade missionária e A Espiritualidade
Missionária.
Na
encíclica, é possível perceber o ardor missionário de João Paulo II, com o qual
ele inflamava toda a Igreja. Logo na introdução do documento, ele diz que: “O
impulso missionário pertence, pois, à natureza íntima da vida cristã” (RM, n.
1); “[...] a missão compete a todos os cristãos, a todas as dioceses e
paróquias, instituições e associações eclesiais” (RM, n. 2); “a missão renova a
Igreja, revigora a sua fé e identidade, dá-lhe novo entusiasmo e novas
motivações” (RM, n. 2); e por fim, a introdução traz esta grande chamada de
consciência quanto à missionariedade dos fiéis:
Sinto
chegando o momento de empenhar todas as forças eclesiais na nova evangelização
e na missão ad gentes. Nenhum crente,
nenhuma instituição da igreja pode esquivar-se deste dever supremo: anunciar
Cristo a todos os povos (RM, n. 3).
A
missiologia moderna teve seu ponto culminante na Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi e na Carta Encíclica Redemptoris Missio, “nelas são
encontradas uma eclesiologia da Igreja como Povo de Deus, peregrina,
missionária, em diálogo com o mundo e outras religiões, rumo à consumação dos
tempos” (cf. COPPI, 2006, p. 59). Por isso, o Concílio afirmou que: “A Igreja é
por sua natureza missionária” (AG, n. 2).
Assim,
o Instituto Missionário Servos de Jesus Salvador é um Instituto missionário e
evangelizador.
No
item anterior, vimos que a Igreja é, por natureza, missionária, conforme o
Magistério pós-conciliar.
Agora,
neste item, veremos o Esplendor Litúrgico na missão salvista, a partir das
Constituições Salvistas, que regem este Instituto.
Segundo
o Fundador do IMSJS, Pe. Gilberto, SJS:
Foi
um desejo do meu coração que todos fossem chamados de missionário. O próprio
Dom Fernando, conversando comigo, sugeriu isso. Quando perguntei qual o melhor
nome para chamar essa fraternidade, ele disse que seria bom colocar
missionários no nome e eu aprovei imediatamente, porque era esse o meu desejo,
que todos os membros da fraternidade, principalmente os consagrados, tivessem o
nome de missionários. Isto para que nessa instituição os homens e as mulheres
chamados Servos e Servas de Jesus Salvador fossem não apenas servos, mas também
enviados pelo Senhor aonde a Igreja precisasse de nós, aonde a Igreja nos
chamasse. Lá estaríamos não por vontade própria, mas talvez por vontade daquele
que nos envia, seja o Papa ou diretamente os superiores (DEFINA, 2016, p. 182).
Assim,
podemos dizer, com convicção, que o salvista é, por natureza, um missionário.
Por isso, o IMSJS tem por objetivo “preparar sacerdotes e irmãos aptos a se
tornarem missionários e testemunhas do Senhor Jesus Salvador”. (CONSTITUIÇÕES,
1998, n. 447).
Desta forma, como já vimos também nos
capítulos anteriores, o carisma do Louvor de Deus encontra, na Liturgia, o seu
ápice, pois o Louvor de Deus está implícito na Liturgia. Como está nas
Constituições de 1998: “O primeiro lugar de exercício do nosso carisma é a
Sagrada Liturgia” (CONSTITUIÇÕES, 1998, n. 199), por isso, o religioso salvista
busca sempre pelo apreço e pela veneração daquilo que é celebrado.
A
primeira missão do religioso salvista clérigo ou não, é ser um cristão que
louva , exultando no Espírito Santo, em particular na Liturgia, à imagem da
“Liturgia Celeste”, que é comunhão plena no Espírito Santo com o Pai e o Filho.
Assim, o salvista assume a face do Cristo exultando voltado para o Pai:
“Naquele momento, Ele exultou de alegria sob a ação do Espírito Santo e disse
Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultastes essas coisas
aos sábios e entendidos, e as revelastes aos pequeninos” (Lc 10, 21) DIRETÓRIOS
IMSJS, 2014, n. 7).
É
por isso que o religioso salvista “tem a missão de levar o povo a estar
bem-disposto ao Louvor de Deus, impulsionado pela graça da Efusão do Espírito
Santo, ou seja, a vivência em plenitude das graças recebidas nos sacramentos.
Esta Efusão se manifesta em frutos de santidade e em carismas para edificar a
Igreja, tornando, assim, cada batizado um missionário- evangelizador”
(CONSTITUIÇÕES, 2014, n. 7).
O
Esplendor Litúrgico, na missão salvista, se dá, em primeiro lugar, pelo Louvor
de Deus, “que se manifesta na Liturgia e nas diversas formas de oração pessoal
e comunitária, transborda no serviço ao Povo de Deus, através da ação
apostólica e missionária do Instituto” (CONSTITUIÇÕES, 2014, n. 6).
Sendo
assim, podemos dizer que o destinatário da missão é: o Povo de Deus; e o
religioso salvista tem a missão de “propiciar o encontro da pessoa com Deus,
que se dá na Liturgia” (CONSTITUIÇÕES, 2014, n. 50), através do esplendor
litúrgico. Por isso, o religioso salvista “empregará e usará de todo esplendor
litúrgico, levando o Povo de Deus à santidade e à perfeição em Cristo”
(CONSTITUIÇÕES, 2014, n. 50).
Essa
é a missão do salvista: propiciar o encontro da pessoa com Deus, por meio do
esplendor litúrgico, levando-a a uma conversão sincera e permanente. Vejamos
como nasce a missão salvista:
[...]
a missão salvista nasce de uma busca de propiciar o encontro da pessoa com Deus
(conversão); a partir dessa conversão, a pessoa, imersa na graça que nos vem do
sacramentos (graça), e que o salvista pelo esplendor litúrgico (dimensão
bastimal – sacerdócio real) propicia ainda mais a abertura da pessoa a essa
graça, faz com que essa pessoa, plena da graça, faça obras da graça que se
tornam um Louvor de Deus (MORAES, 2012).
O
missionário salvista em qualquer lugar de missão, é chamado a primar pelo
esplendor litúrgico na observância às rubricas litúrgicas.
Como desejo de nosso fundador, queremos
celebrar utilizando todos os recursos que as rubricas nos permitem para que o
esplendor litúrgico propicie o encontro das pessoas com Deus, conforme consta
na Instrução Geral do Missal Romano: “A eficácia pastoral da celebração
aumentará certamente, se os textos das leituras, das orações e dos cantos
correspondem, na medida do possível, às necessidades, à preparação espiritual e
à mentalidade dos participantes. Isto se obterá mais facilmente usando-se à
múltipla possibilidade de escolha que se descrever adiante” (IGMR, n. 352)
(DIRETÓRIOS IMSJS, 2014, n. 32).
Segundo
o Diretório do IMSJS, o Esplendor Litúrgico na missão Salvista é solenizado nas
seguintes ocasiões
1.
Missa do Espírito Santo, inaugurando o início das atividades em nossas
comunidades. Acontece imediatamente após o Retiro Anual; 2. Memória de Santo
Tomás de Aquino, Presbítero e Doutor da Igreja, Patrono dos estudos, a 28 de
janeiro; 3. Memória de Santa Escolástica, Virgem, a 10 de fevereiro, criação da
Fraternidade Jesus Salvador; 4. Solenidade de São Jose, Esposo de Nosso Senhor,
a 19 de março; 5. Solenidade da Anunciação do Senhor, a 25 de março; 6. Semana
Santa; 7. Solenidade do SS. Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi); 8.
Solenidade de Pentecostes; 9. Solenidade do Sagrado Coração de Jesus; 10.
Memória do Imaculado Coração de Maria; 11. Memória de São Bento, a 11 de julho;
12. Memória de São João Maria Vianney, presbítero, a 4 de agosto; 13. Memória
de Nossa Senhora das Dores, a 15 de setembro; 14. Fundação do Instituto, a 17
de setembro: Festa de Nossa Senhora de Pentecostes; 15. Solenidade de São
Miguel, São Gabriel e São Rafael Arcanjos, a 29 de setembro; 16. Memória de
Santa Teresinha do Menino Jesus, a 1º de outubro; 17. Memória dos Santos Anjos
da Guarda, a 2 de outubro; 18. Solenidade de Nossa Senhora da Conceição
Aparecida, a 12 de outubro. (Cada Comunidade celebra a Virgem Maria com o
título que lhe concede o seu País e na sua respectiva data); 19. Memória de São
Francisco Xavier, presbítero, a 3 de dezembro (DIRETÓRIOS IMSJS, 2014, n. 36).
Essas
são as celebrações mais importantes do IMSJS, onde são solenizadas as memórias
próprias do Instituto, os devoções as baluartes e os patronos, respeitando
sempre a condição de cada comunidade e sua cultura.
É
para isso que o religioso salvista é chamado, para serem “mistagogos” (PESENTI,
2003, p. 704), na missão ou em qualquer lugar em que forem chamados. Assim
dizem as Constituições:
Consagrados, iremos às ovelhas perdidas da
casa de Israel, a fim de revelar-lhes a salvação de Jesus. A ação apostólica
pertence à própria natureza de nossa família religiosa. Somos, por essência,
missionários (CONSTITUIÇÕES, 1998, n. 21).
Com
relação à missão, o Louvor de Deus é a base da vida missionária. Como
missionário do Louvor de Deus, a tarefa principal é apresentar o Carisma
Salvista ensinado o povo a louvar a Deus e a reconhecer que Ele é o nosso tudo.
Além
disso, a missão do salvista é fazer com que o povo de Deus esteja bem disposto
para o Louvor de Deus.
O
Esplendor Litúrgico é mencionado, com clareza, no parágrafo 35 das
Constituições Salvista de 1998, da seguinte forma: “Este louvor de Deus deve ser, antes de tudo, o louvor litúrgico, pois que
deve ser dado, principalmente, através de formas da Sagrada Liturgia. O
Instituto sempre empregará e usará de todo esplendor litúrgico para tal louvor
a Deus” (CONSTITUIÇÕES, 1998, n. 35).
No
Diretório de Piedade e Liturgia do IMSJS consta que:
O
esplendor litúrgico não se limita apenas a ritos bem celebrados. Nossas
celebrações devem ser expressão de uma vida de louvor. A presença prévia dos
ritos e cerimônias tem por base uma espiritualidade litúrgica; a certeza e a
convicção de que somos santificados pelo exercício do sacerdócio batismal, e
assim santificados, louvamos a Pai (DIRETÓRIOS IMSJS, 2014, n. 14).
Como
vimos anteriormente, o Esplendor Litúrgico é para o Louvor de Deus e para
edificação dos fiéis. A consequência deste Louvor é a santificação pessoal e
comunitária. Por isso, veremos também a importância da participação litúrgica,
a partir do Vaticano II, na vida dos fiéis, como nos diz o documento:
A
Igreja deseja ardentemente que todos os fiéis participem das celebrações de
maneira consciente e ativa, de acordo com as exigências da própria liturgia e
por direito e dever do povo cristão, em virtude do batismo, como “raça eleita
sacerdócio régio, nação santa e povo adquirido” (1Pd 2, 9; cf. 2, 4-5) (SC, n.
14).
Neste
sentido, quando falamos de participação litúrgica, logo entendemos que
participar significa “tomar parte” (BECHARA, 2009, p. 671), ou possuir parte de
algo. Assim, na Liturgia, ter parte significa participar da Obra da Salvação e
da Glorificação de Deus, em Jesus Cristo, por meio do seu Mistério Pascal,
atualizado na Liturgia.
Na
Sacramentum Caritatis consta:
Durante
os trabalhos sinodais, foi várias vezes recomendada a necessidade de superar
toda e qualquer separação entre a arte da celebração (ars celebrandi, isto é, a arte de celebrar retamente) e a
participação plena, ativa e frutuosa de todos os fiéis: com efeito, o primeiro
modo de favorecer a participação do povo de Deus no rito sagrado é a condigna
celebração do mesmo; a arte da celebração é a melhor condição para a
participação ativa (actuosa participatio)
(SCa, n. 38).
Desta
forma, podemos afirmar que o Esplendor Litúrgico ajuda na participação do fiel
na liturgia de forma mais “ativa, plena frutuosa e consciente” (cf. SC, n.11,
14). Assim, o Concílio Vaticano II colocou o povo de Deus na celebração
eucarística.
Isto
fica muito claro nas Constituições Salvistas:
Observe-se
o que vai assinalado no objetivo primário: que este Louvor de Deus seja dado,
principalmente, através de formas da Sagrada Liturgia da Santa Igreja Católica.
Haverá lugar adiante, que disso se trate mais longamente. Desde já, porém, deve
dizer-se que a Fraternidade empregará e usará de todo o esplendor litúrgico
para tal louvor a Deus, no uso apropriado das vestes, objetos, cantos, no
desenvolvimento harmonioso do rito e das rubricas, no uso mesmo do Latim e do
Canto Gregoriano, quando isto for útil e apropriado para tal louvor a Deus e
para edificação dos fiéis (CONSTITUIÇÕES, 1995, n. 2.3).
Como
afirma o Diretórios do IMSJS, “o esplendor Litúrgico é vivido através do Canto
na liturgia, dos salmos cantados e recitados, das leituras bem preparadas e do
zelo com a preparação dos objetos e alfaias sagrados” (DIRETÓRIOS IMSJS, 2014, n.
15).
Assim,
o Salvista, em conformidade com o Esplendor Litúrgico, procura sempre zelar
pelo canto litúrgico nas celebrações, tendo em vista a harmonia da celebração
litúrgica e a participação dos fiéis, pois o canto litúrgico faz parte da
vivência do Carisma Salvista.
Essa
participação litúrgica também acontece na Liturgia de forma corporal:
Em
certos povos, o canto é instintivamente acompanhado do bater de mãos, de
movimentos ritmados e de passos de dança dos participantes. Tais formas de
expressão corporal podem ter lugar na ação litúrgica desses povos, na condição
de serem sempre expressão de uma verdadeira e comum oração de adoração, de
louvor, de oferta ou de súplica e não mero espetáculo (CONGREGAÇÃO PARA O CULTO
DIVINO, 1994, n. 42).
Por
isso, a Constituição Conciliar Sacrosanctum
Concilium exortou os fiéis a não assistirem à liturgia eucarística “como
estranho ou espectadores mudos”, mas a participarem “na ação sagrada,
consciente, ativa e piedosamente” (SCa, n. 52).
Deste
modo, podemos dizer, com convicção, que o Louvor de Deus é de alta relevância
para dispor o fiel ao encontro com Deus, por meio de uma Liturgia bem vivida e
bem celebrada. Por isso, “A liturgia nunca é propriedade privada de alguém, nem
do celebrante, nem da comunidade, onde são celebrados os santos mistérios” (EE,
n. 52).
Sendo
assim, de acordo com a Instrução Geral do Missal Romano o Salvista é
responsável em zelar pela celebração eucarística de forma que vise sempre pelo
bem espiritual dos fiéis e pela participação litúrgica (cf, IGMR, n. 352); e em,
“Consonantes ao desejo de nosso pai fundador, somos chamados a celebrar o
mistério eucarístico, segundo as normas litúrgicas, sinal de vivência e amor à
Igreja” (DIRETÓRIOS IMSJS, 2014, n. 30).
É
missão do Instituto: “levar o povo a estar bem disposto ao Louvor de Deus,
impulsionados pela graça da Efusão do Espírito Santo, ou seja, a vivência em
plenitude das graças recebidas nos sacramentos” (CONSTITUIÇÕES IMSJS, n. 7).
Por
isso, o Esplendor Litúrgico é um instrumento de participação litúrgica na Liturgia.
Segundo o fundador do IMSJS, o Esplendor Litúrgico: “Seria também nas suas
últimas consequências, dando todo um toque de profundidade em toda Liturgia”
(DEFINA, 2016, p. 164).
O
Papa Bento XVI, na sua exortação apostólica Sacramentum
Caritatis, afirma que: “a beleza não é um fator decorativo de ação
litúrgica, mas seu elemento constitutivo, enquanto atributo do próprio Deus e
da sua revelação” (SCa, n. 35).
Sendo
assim, pode-se afirmar que o Esplendor Litúrgico é esse elemento constitutivo,
do qual fala o Papa Bento XVI.
O
Esplendor Litúrgico faz parte do Carisma. A forma principal do salvista
expressar a seu Carisma é através da Liturgia.
O
carisma do Louvor de Deus encontra na Liturgia seu ápice. O Louvor de Deus já
está implícito na Liturgia, mas cabe ao religioso desta família ter em si a
busca do apreço e veneração cada vez maior diante do que é celebrado. É bem
verdade que a fidelidade estrita às normas litúrgicas é inerente a todo
católico, e ainda mais aos salvistas, pela obrigação assumida pelos votos, em
especial o quarto voto. No entanto, a vivência litúrgica deve ser muito mais
que uma obrigação, já que a abertura interior para a celebração permite uma
experiência pessoal profunda do mistério (DIRETÓRIOS IMSJS, 2014, n. 16).
Portanto,
o Esplendor Litúrgico é importante, na missão salvista, para realizar esse
encontro com Deus, pois é missão do salvista formar o povo na Liturgia. Esta é
a vocação do salvista: ser um exímio mistagogo, isto é, um introdutor na
celebração em face do mistério; e a liturgia é de primaz importância para o
cumprimento dessa incumbência na missão. Assim, o fiel participa da graça e da
vida da Trindade, pois o Carisma do Louvor de Deus dispõe o fiel ao encontro
com Deus; e o Esplendor Litúrgico é apenas um instrumento de participação e,
portanto, importante na missão salvista de realizar esse encontro.
CONCLUSÃO
A partir do que foi apresentado ao logo deste trabalho, com o objetivo
mostrar a importância do Esplendor Litúrgico no Instituto Missionário Servos de
Jesus Salvador, pode-se concluir que:
Dado o exposto histórico da vida
do fundador do IMSJS, percebe-se que a grande marca de Pe. Gilberto Maria
Defina, SJS, foi o zelo pelo esplendor da Liturgia Católica, desde o seu tempo
seminarístico, o que foi de grande valia para a sua caminhada na Igreja.
Dessa forma, este trabalho nos
levou a compreender que o Esplendor Litúrgico para o Carisma do Louvor de Deus
é de suma relevância e instrumento para a salvação das pessoas, pois ajuda o
fiel a viver bem a liturgia e a participar integralmente do Mistério Pascal de
Cristo.
Por fim, conclui-se que o
Esplendor Litúrgico na missionariedade Salvista pode ajudar na participação do
fiel na liturgia e, desta forma, o fiel participa da graça e da vida da
Trindade por meio do Carisma do Louvor de Deus. Carisma esse que dispõe o fiel
ao encontro com Deus. O esplendor é apenas um instrumento de participação para
o fiel. Portanto, na missão Salvista, o Esplendor Litúrgico se torna o melhor
lugar para se realizar esse encontro com Deus.
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