quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O trabalho como Louvor de Deus


O trabalho como Louvor de Deus

“Mas ele lhes disse: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também“. (Jo 5,17)


Em toda a discussão sobre o descanso, sobre a ação benéfica de Jesus no Sábado, Jesus proclama exatamente isso, que seu Pai que realizou a criação e continua agindo no mundo, Jesus também trabalha, age para o bem do mundo.
O nosso trabalho também tem que ser um louvor ao Senhor, como o foi a ação de Jesus no mundo. A pergunta é, quando o trabalho é um verdadeiro louvor?
Vivemos num mundo do stress, no qual as pessoas vivem num ritmo desumano de trabalho e/ou de diversão, os “workaholics”, pessoas viciadas em trabalho que busca em horas de trabalho, não a própria sobrevivência, mas a fuga da própria vida. Por outro lado surge a figura do preguiçoso, o ocioso, aquele que não quer trabalhar ou fica escolhendo trabalho numa tentativa de sempre buscar não o bem que é necessário ser feito, mas a própria satisfação.
O verdadeiro trabalho, a exemplo do que disse Jesus, ou São José, como modelo do operário, é aquele cujo trabalho faz o bem para si e para as outras pessoas e é um louvor de Deus, algo que se lê na história que é Deus quem propiciou os dons para aquela pessoa realizar o seu trabalho.
Nessa perspectiva, a parábola dos talentos (Mt 25, 14-30) é paradigmática, o homem que confia talentos aos seus empregados, cinco, dois e um talento, os dois primeiros imediatamente, a prontidão de quem quer trabalhar aplicam e fazem render o que lhes foi confiado. Atentemos que os talentos são confiados, não é obra nossa, obra nossa é fazer com que os dons rendam, e a característica é sair e fazer com que rendam imediatamente, sem demora, sem letargia de pessoas que não querem trabalhar. Uma vez feito o trabalho, temos que declarar que somos servos inúteis (cf. Lc 17, 10) e que tudo é graça de Deus. Deus não olha a quantidade de talentos, se é dois ou cinco, mas que o façamos render.
Agora, o servo preguiçoso, que demorando em si não quis colocar em ação o único talento que recebeu, mas o apontou para a terra, porque tinha uma imagem servil de Deus, uma imagem não de um Pai, mas de um feitor de escravos, de um Faraó. Esse obediente servil é chamado de mau e preguiço, lento ao tomar decisões, diferente da prontidão dos outros dois servos, a esse será tirado o que tem.
Portanto, o que caracteriza o trabalho como louvor de Deus é:
1. Os dons que recebemos devem ser colocados em prática, de acordo com o dom recebido, por isso é fundamental conhecer nossos dons e aptidões;
2. O trabalho é cooperação com a criação de Deus, e a Ele um dia será entregue, nessa perspectiva o trabalho será louvor, louvor também porque o ser humano se torna co-criador;
3. Nenhuma outra intenção será aceita, nem o trabalho feito para aparecer, para obter somente renda, ou para fugir da própria vida;
4. Jesus é trabalhador e nós devemos sê-lo, não se escolhe dons, mas se conhece o que o Senhor nos confiou e deve-se aplicá-los, preguiçosos não são aceitos no Reino de Deus, pessoas que querem que os outros o sirvam, o mundo tem que dobra-se a pessoas assim, gabam-se dos dons mas não trabalham.
5. Tudo deve ser feito sem murmuração contra o Senhor e com a consciência que somos servos inúteis, que é a graça de Deus que nos faz trabalhar e os dons vieram de Deus.

Enfim, que ao terminarmos nosso trabalho, possam aqueles que ficam e toda a comunhão dos Santos, a uma só voz dizer “descanse em paz de seus trabalhos”.

A LIBERDADE E LOUVOR DE DEUS COMO FIM ÚLTIMO DO HOMEM

    INSTITUTO SUPERIOR DE FILOSOFIA E TEOLOGIA SÃO BOAVENTURA     DANIEL RIBEIRO DE ARAÚJO                   ...