INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS RELIGIOSAS SÃO BOAVENTURA
O CARISMA DO LOUVOR DE DEUS: UMA RESPOSTA AO NOSSO TEMPO
São Paulo – 2011
FRATER INÁCIO
O CARISMA DO LOUVOR DE DEUS, UMA RESPOSTA AO NOSSO TEMPO
Monografia
apresentada para a conclusão do Curso de Teologia do “Instituto de Filosofia e
Ciências Religiosa São Boaventura” sob orientação do Pe. Micael de Moraes,sjs.
São Paulo – 2011
SUMÁRIO
Introdução.......................................................................................................................
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1 – O DOM DO ESPÍRITO NA COMUNIDADE DE SALVAÇÃO
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1.
O Espírito Santo na história de
Salvação....................................................................
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2. Espírito
que dá Vida....................................................................................................
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3. O
Espírito do Senhor...................................................................................................
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3.1 A
missão de Jesus no
Espírito...............................................................................
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4. Carismas
(Khárisma), a ação renovadora do Espírito.................................................
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4.1
Carismas de Vida
Consagrada..............................................................................
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4.2
Alguns aspectos do carisma na Vida
Consagrada.................................................
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2 - O CARISMA DO LOUVOR DE DEUS
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1.
A criação louva o seu Criador......................................................................................
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2.
O Cristo que louva.......................................................................................................
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3.
O louvor conduz à Comunhão......................................................................................
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4.
O Louvor de
Deus........................................................................................................
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5.
A novidade do Espírito.................................................................................................
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3 – O LOUVOR DE DEUS, UMA RESPOSTA AO NOSSO
TEMPO!
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1.
Pe. Gilberto Maria
Defina,sjs.......................................................................................
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2.
A fundação da Fraternidade Jesus
Salvador.................................................................
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2.1
O Carisma da FJS, o Louvor de Deus.......................................................
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3. O louvor que santifica ..................................................................................................
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Conclusão.........................................................................................................................
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Bibliografia......................................................................................................................
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INTRODUÇÃO
Este trabalho pretende trazer uma
reflexão sobre a manifestação de Deus na história humana como resposta às
necessidades do homem em seu contexto contemporâneo, sobretudo através da
inspiração de carismas específicos que são como profetas à humanidade. Os carismas
como dons de Deus para a salvação de todo o gênero humano são formas eficazes
desta epifania de Deus.
Desde a criação do mundo, Deus não
cessa de comunicar o seu Amor aos homens. Assim o foi desde a Aliança realizada
com Abraão e ratificada com Moisés e o povo eleito; os profetas como luzeiros
em meio às trevas, indicam aos homens as veredas do Senhor. Jesus Cristo é a
máxima expressão do olhar amoroso de Deus à humanidade. Jesus revela o
Deus-Conosco, num caminho de Ordos Amoris.
Seguindo o método dedutivo, no
primeiro capítulo veremos a ação do Espírito Santo na história de salvação
conduzindo o coração do homem a Deus através de inspirações carismáticas, no
desejo de realizar um encontro com Deus na realidade humana presente, com seus
desafios e evoluções. No segundo capítulo será abordado o tema central deste
trabalho, o Louvor de Deus. Louvor este que é o mais puro reconhecimento da
santidade de Deus e de Seu Senhorio sobre a criação inteira. É profissão de fé
no Deus que é amor, misericórdia e compaixão expressos de maneira plena na vida
do Cristo. É louvor como abertura para vida em Deus através da comunhão,
partilha e alegria da entrega. A exemplo da comunidade cristã primitiva, o
homem hodierno é chamado a em tudo reconhecer o amor de Deus que tudo dispôs
para sua salvação. É uma dialética de encontro com Deus no amor e na liberdade.
No terceiro capítulo veremos a
concretização desta abordagem na vida história através do Louvor de Deus como
carisma específico de uma Comunidade Religiosa fundada por um sacerdote
brasileiro, idoso, fraco e debilitado, mas que soube ouvir a voz do seu Senhor
e obedecer-Lhe em tudo. É a manifestação do querer de Deus- a santidade- à
humanidade inteira através dos vocacionados a serem em tudo, Louvor de Deus. Onde
perceberemos que o Louvor de Deus é uma das manifestações do Espírito Santo
lida a partir da história humana numa antropologia social que parte de
necessidades concretas inerentes ao homem contemporâneo.
CAPÍTULO I
O
DOM DO ESPÍRITO NA COMUNIDADE DE SALVAÇÃO
1.
O
Espírito Santo na história de Salvação
“O sopro de Deus me criou, a
inspiração do Poderoso me faz viver” (Jó 33,4). Toda a criação é ação
trinitária, onde o Pai, pelo Filho no Espírito cria todas as coisas. Toda a
criação traz em si as marcas de seu Deus criador e Senhor e, em particular o
ser humano que recebeu de Deus, fonte da vida, o Sopro vital, com o qual foi
chamado à existência
onde, a mesma o distingue dos outros seres pela comunhão com o eterno. O
expoente da criação de Deus é o ser humano, fruto de seu amor, fazendo-o
participar de sua vida divina. Em todo ser humano, imagem e semelhança de Deus,
está presente o Espírito Santo. Tal visão nos permite fazer uma reflexão sobre
a 3ª Pessoa da Trindade, coextensiva com a história da criação. É Ele quem
insufla vida no processo criativo e evolutivo de toda a criação, assim vemos ao
contemplarmos o surgimento da vida e a evolução das criaturas.
Podemos livremente falar do Espírito
como o Sopro de vida. É este sopro de vida que insufla desde o início da
criação até os dias de hoje. “É o Sopro Sagrado de Deus que encontramos em
todas as nossas experiências de comunhão autêntica. É o Sopro de Deus que leva
a criação a um futuro aberto que renova todas as coisas”.
Temos uma constante tendência de limitarmos a ação do Espírito Santo à
manifestação em Pentecostes, onde este, se manifesta sobre os Apóstolos no
Cenáculo. Por vezes, esquecemo-nos de que toda a ação criadora de Deus é uma
ação trinitária, ainda que numa maneira não explícita. Toda ação de Deus Pai no
decorrer da história é uma ação conjunta com a Pessoa do Filho no Espírito
Santo. Não é nosso intuito descrevermos sobre um tratado trinitário na criação,
somente fazer luz à participação das Pessoas na obra da criada.
Na leitura da história a ação do
Espírito, anterior ao Pentecostes, é facilmente deixada de lado, sobretudo no
Antigo Testamento. Vemos na criação, a manifestação criadora do Pai; no
mistério da Encarnação, a manifestação do Verbo Divino, onde por vezes, não se
observa a manifestação do Espírito. O processo do Espírito na criação, longe de
ser estático e limitado a um determinado momento, é dinâmico, aberto sempre a
possibilidades, incluindo evoluções.
O
Espírito bíblico não é limitado por zonas de confortos humanas. O Espírito de
Deus sopra onde quer (Jo 3,8). Esse Espírito selvagem e imprevisível pode ser
visualizado na imagem da chama que confronta Moisés na sarça ardente (Êxodo
3,2) e no redemoinho que é o lugar de Deus para Jó (38,1), mas também pode ser
experimentado ‘no som do mero silêncio’ que é o sinal da presença divina para
Elias (I Reis 19,12) .
2.
Espírito que dá Vida
Um termo muito comum para designar o
Espírito é o grego Ruah, ainda que na
tradição judaica o “Espírito de Deus” não era entendido como Pessoa, mas como
uma maneira de expressar a ação de Deus. Este termo designa uma força interior
e exterior como manifestação, que age sobre o homem. Numa compreensão
pneumatológica, Ruah toma
características de movimento, amplitude, sopro animador. Entendido no Antigo
Testamento como força de Iahweh. Foi Ele o insuflado nas narinas do homem dando-lhe
vida (como em Gênesis 2,7- “o sopro da vida”).
“O Espírito se dirige a cada homem -
na concretude de sua situação histórica em que vive, ‘na sua única e
irrepetível realidade humana’- para tecer com ele um diálogo de amor e, por
isso, um diálogo de liberdade da pessoa”. É
este diálogo que permite ao homem a sua participação na história salvífica. É
este o desejo de Deus: a comunhão com o ser humano e dos homens entre si. É
ele, o homem, chamado a reconhecer na história e em sua vida pessoal, a
manifestação do Espírito, inserindo-se no projeto de salvação de Deus. O
Espírito conduz o homem ao encontro da sua dignidade de pessoa humana, lendo as
marcas do Criador na natureza.
“O Ruah está designado de modo particular nos papéis maternos da
criação, manutenção e proteção da vida”.
Havendo desta maneira uma intrínseca relação entre Espírito e vida. Esta
relação expõe diretamente a atuação do Espírito nos textos bíblicos. É Aquele
que age por liderança carismática no livro histórico dos Juízes, no profetismo
e na monarquia descritos no Antigo Testamento, e ainda, sob o aspecto
messiânico salvífico nos textos neotestamentários. Na comunhão da Trindade é
Ele o amor de comunhão entre o Pai e o Filho eclodindo na criação. É amor
ilimitado, evolutivo.
3.
O Espírito do Senhor
A
promessa messiânica do Antigo Testamento encontra sua plenitude no evento da
encarnação do Verbo. Tal evento está selado quando a Virgem concebe, pela ação
do Espírito, o Emanuel, o Servo Fiel. O Lógos
descrito em Jo 1,3, pela ação do Espírito faz-se homem, assumindo a condição
humana. O Cristo antes de se encarnar é Palavra criadora do Pai, e no ato do
encarnar-se, se torna Palavra re-criadora.
Santo Irineu aplicava a analogia das duas mãos de Deus na criação: A Palavra e
o Espírito. É
o que chamamos de Pericorese.
Quando, porém, chegou à plenitude dos tempos,
Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher e colocado sob a lei, para remir
os que estavam sob a lei e para que recebêssemos a filiação. E porque sois
filhos, Deus enviou em nosso coração o Espírito de seu Filho, o Espírito que
clama: Abbá, Pai (Gl 4,4-6).
3.1 A missão de Jesus no Espírito
O Espírito que repousa sobre Jesus
na cena do batismo, o prepara para a missão dando início a sua vida pública:
“No momento em que ele subia da água, viu os céus rasgarem-se e o Espírito como
pomba descer sobre ele (...). Imediatamente o Espírito o impeliu ao deserto
(...) depois Jesus veio para a Galiléia. Ele proclamava o Reino de Deus: (...)
convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,9-15). É o Ruah quem dá testemunho das obras do Filho (Cf. Jo 5,32), realizando-as não para sua glória, mas para
glorificação do Pai. A missão mesma de Jesus é obra do Espírito que repousa
sobre Ele. “Quando o pai envia o seu Verbo, envia sempre o seu Sopro: missão
conjunta em que o Filho e o Espírito
são inseparáveis”. A
plenitude do Espírito por sua vez, é Revelada somente após a
glorificação de Jesus.
É o Espírito Santo ainda, o “objetivo”
da promessa de Jesus aos seus discípulos, aos quais enviaria outro Paráclito,
que permaneceria para sempre: O “espírito de sabedoria e de discernimento,
espírito de conselho e de fortaleza, espírito de conhecimento e de temor de
Iahweh”, aquele que “julgará os fracos com justiça” (Isaías 11,3-4). Tal
promessa de Jesus se concretiza no cenário de Pentecostes, na aparição das
línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre todos os que ali estavam e,
cheios do Espírito Santo, falaram em línguas. Note-se, contudo, o caráter
eclesiológico do evento, onde a partir da experiência do Paráclito, Pedro faz o
seu discurso (Cf. At 2,14ss); ocorre
as primeiras conversões e a formação daquela que seria a primeira comunidade, que
viria a ser a grande ekklesia.
“O Espírito é apresentado como
fundamento da renovação da Igreja: ‘... pessoa divina, ele está no coração da
fé cristã e é a fonte e a força dinâmica da renovação da Igreja”.
É ele o grande protagonista da história da Igreja fundada por Cristo na missão
da salvação das almas. Deste modo, ele age diretamente na história, em povos e
culturas, de modo concreto. O Espírito Santo opera no meio da Igreja, numa ação
Kenótica em analogia à Kenosis do Filho. Este último assumiu a
forma humana, Deus se fazendo homem, que se oferece na oblação da cruz. Por sua
vez, a Kenosis do Espírito está em
seu agir no mundo através de realidades humanas e históricas desde a criação do
mundo. Quando o Pai envia o seu Filho unigênito, envia também o Espírito que
unido a Cristo nos incita a chamarmos Deus de Pai- Abbá! (Rm 8,15). Atestamos o Espírito Santo a partir de sua ação na
Igreja revelando às gentes o Cristo, manifestação do Pai. Prova desta ação
dinâmica do Espírito na história de salvação é a inspiração de diversas formas
de vida que surgiram ao longo dos séculos no seio da Igreja, no anseio de em
tudo cumprir a vontade do Pai, recordando tudo o que ensinou o Cristo, formando
um só corpo, elevando o batismo à sua radicalidade.
O
Espírito, portanto, está na própria fonte do questionamento existencial e
religioso do ser humano, um questionamento que é ocasionado não apenas por
situações contingentes, mas pela própria estrutura do seu ser (...). A presença
e a atividade do Espírito afetam não apenas os indivíduos, mas também a
sociedade e a história, as pessoas, culturas e religiões. Na verdade, o Espírito está na origem dos
nobres ideais e empreendimentos que beneficiam a humanidade na sua jornada ao
longo da História.
4.
Carismas
(khárisma), ação renovadora do Espírito
Em toda a história de salvação, Deus
nunca deixou de estar em meio ao seu povo, cercando-o de “carinho e proteção”
(Sl 125,2), vindo ao encontro segundo suas esperanças. Segundo as necessidades
de cada tempo, Deus inspira à sua Igreja novas formas de vida que vão ao
encontro do homem “de hoje” para libertá-lo do jugo da escravidão. O Espírito
por sua ação, mantém vivas, purifica e realiza tais esperanças e expectativas
pessoais e comunitárias. E o cumprimento de tais esperanças é Jesus, o Deus que
salva.
“Os
carismas são graças do Espírito Santo que, direta ou indiretamente, têm uma
utilidade eclesial, pois são ordenados à edificação da Igreja, ao bem dos
homens e às necessidades do mundo”.
Do grego Charis, numa concepção neotestamentária, designa graça, dons
que estão em favor da humanidade. Tais dons são bens que originam-se da
necessidade de cada tempo, inspirados para a continuação eficaz e
correspondente da missão da Igreja ao bem comum. Segundo o
Dicionário de Vida Consagrada, etimologicamente o termo carisma se refere ao objeto e resultado da graça divina (Charis).
Numa visão paulina, os
carismas do Espírito estão sempre para edificar a Igreja, e dar frutos de
“amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão,
autodomínio” (Gl 5,16-23); é graça
unicamente dada (gratia gratis data) gratuitamente pelo Espírito
(gratia gratum faciens) que se
diversifica em cada pessoa singular com a finalidade do serviço eclesial (Cf. Rm 12).
As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de
hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e
esperanças, as angústias e as tristezas dos discípulos de Cristo; e não há
realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração.
4.1 Carismas de Vida Consagrada
Sem entrar em características
específicas, temos em toda a história da Igreja formas de vida que nascem na
busca de viver de modo mais radical os ensinamentos de Cristo; homens e
mulheres que fazem girar todo o seu projeto de vida em torno de Deus. É
inspirado no seio da Igreja movimentos que buscavam uma comunhão mais perfeita
com o Senhor, numa nova experiência de transcendência, baseada na vivência
radical do Evangelho. Tais movimentos “carismáticos” sempre contribuem com a
renovação espiritual e apostólica da Igreja. No vento impetuoso do Espírito,
novas formas de vida foram surgindo, ainda que diante de grandes perseguições.
Assim vemos o nascer da vida monacal
e cenobítica com os Padres do Deserto com Antão (356), Pacômio (348) e Bento de
Núrsia (480). Entre tantos outros vemos ainda o nascimento dos Cistercienses
(1098), os Premonstratenses (1121), os Agostinianos, A Ordem dos Carmelitas
(1226), ordens militares como os Templários (1119), os Cavaleiros de Malta
(1530). E as duas grandes ordens mendicantes: os Franciscanos
(1209) e os Dominicanos (1216) nos séculos XI e XII. Surgem os Jesuítas com
Inácio de Loyola (1556), os Carmelitas Descalços (1582), os Redentoristas
(1732), os Maristas (1816), Conferência de São Vicente (1833). Enfim, inúmeras
formas de vida, assinalando desta forma a originalidade da presença do Espírito
que se manifesta na história. A ação do Espírito se manifesta extraordinariamente
através de seus carismas que são respostas para suas respectivas épocas,
atualizadas segundo as necessidades da Igreja e da humanidade.
Se podemos falar de um primeiro
momento da história do Espírito que diz respeito à criação, da mesma forma,
podemos falar de um segundo momento que envolve a graça do Espírito que
transforma a existência humana a partir dos princípios dos conversão e adesão
ao Evangelho, escuta e disponibilidade para caminhar com Ele, fidelidade e
docilidade ao Espírito que guia a Igreja rumo a verdade plena (cf. Jo
16,13).
Estas inspirações do
Espírito foram, em todo o decorrer da vida da Igreja, uma presença do Espírito
como um espaço de amor absoluto a Deus e ao próximo. Aqueles que adotam um
estado de vida na vivência radical no Evangelho, diante da cultura presente em
seu tempo, se interpõem como uma contradição. Estes são aqueles que, por ação
do Espírito, assumem a primazia do Absoluto. Tudo impulsionado pelo Espírito
Santo que pelo Filho glorifica o Pai, “pois continua a operar nos crentes como
operou nas testemunhas oculares”.
O Espírito vem como dom do Filho para dar testemunho d’Ele, e concluir sua
obra. Entre as obras do Espírito encontra-se a Igreja, e nesta, as diversas
inspirações de vida consagrada que celebram o Mistério Pascal e testemunham-no.
4.2 Alguns aspectos do carisma na Vida Consagrada
A vida
consagrada é um dom particular na vida de toda a Igreja. Aqueles que pertencem
à sua hierarquia devem estar atentos e dispostos às novas inspirações do
Espírito que fazem surgir “diferentes dons” (Cf. ICor 12, 4-7) nos
tempos atuais. Esta foi a experiência que fez São Bento de Núrsia, Santa Teresa
de Jesus e muitos outros que foram chamados Fundadores, tendo recebido
de Deus a inspiração de uma “obra nova” através de um carisma específico.
Desde os primórdios da Igreja
existiram homens e mulheres que desejaram seguir a Cristo com liberdade e
imitá-lo mais de perto, e fundaram famílias religiosas acolhidas e aprovadas
pela Igreja conforme o Plano Divino. Eles são
aqueles que transmitem a inspiração da nova fundação aos seus discípulos. São
fundadores aqueles que, tendo recebido a inspiração e capacitados pelo Espírito
a fundar no seio da Igreja uma nova comunidade de vida consagrada, transmitem
aos seus discípulos a experiência do Espírito para que seja vivida, custodiada,
aprofundada e desenvolvida em sintonia com o corpo de Cristo. É um dom pessoal
na pessoa do fundador; um dom comunitário no chamado a outros homens e mulheres
a comungarem deste novo carisma, e um dom eclesial, pois estão para edificar a
Igreja.
É importante a distinção entre o
carisma de fundador, que constitui de modo geral, aquele que é chamado
por Deus a fundar uma nova comunidade, um novo estilo de vida espiritual para a
renovação e expansão da Igreja e, o carisma do fundador que, por sua
vez, se refere ao dom específico a todo fundador para perceber, viver e mostrar
na história uma experiência particular do mistério de Cristo. Sendo assim os
dois se unem. O fundador, na experiência de uma nova compreensão do mistério
salvífico de Cristo, impele a outros sua experiência. Seus seguidores, por sua
vez, a atualizam segundo as “condições sociais dos
tempos em que vivem e das necessidades da Igreja”.
A experiência fundante acontece no
limiar da vida do fundador, ou seja, o período de fundação acontece do
nascimento da nova comunidade até o fim da vida de seu fundador. Isto não diz,
contudo, que a nova comunidade deve permanecer estática, mas sim numa continuidade
dinâmica deve prosseguir fiel ao carisma do fundador segundo a inspiração
primeira. Com isto temos o assim chamado carisma de fundação ou ainda, carisma
do instituto, ao qual deve ser custodiada, enriquecida e desenvolvida pelos
discípulos de um determinado fundador. Desta forma, a comunidade busca estar,
segundo as exigências do tempo presente, fiel à voz do Senhor que a inspirou e
sustenta e ao espírito da nova comunidade. A isto se compreende as intenções
primigênias e originais do fundador, e junto com isso, todas as tradições,
escritas ou vivas, que cada instituto possui desde o início de sua vida
eclesial.
II
CAPÍTULO
O
CARISMA DO LOUVOR DE DEUS
1.
A
criação louva o seu Criador
Toda a criação, vinda
das “mãos mesmas de Deus” tem por fim, um único propósito: proclamar a sua
dependência do seu Criador, louvando-o e adorando-o com a sua existência;
proclamando o seu Senhorio. Isto ela faz impulsionada pelo Espírito - o Ruah de Deus. Este é o reconhecimento de
Deus, homenageando-lhe com a vida dirigida à Sua glória, como transbordar mesmo
de seu amor na criação. Como dizia Santo Agostinho: “Interroga a beleza da
terra, interroga a beleza do mar, interroga a beleza do ar que se dilata e se
difunde, interroga a beleza do céu... interroga todas estas realidades. Sua
beleza é um hino de louvor”. Esta
contemplação é a mais perfeita oração, onde o coração do homem volta-se
inteiramente para Deus reconhecendo-o como único Senhor de toda a criação.
Toda a tradição judaico-cristã
traz consigo a Liturgia de Louvor. “O
nascimento de Isaac, a saída do Egito (Páscoa e Exôdo), o dom da Terra
Prometida, a eleição de Davi, a presença de Deus no Templo, o exílio
purificador e o retorno de um ‘pequeno resto’. A Lei, os profetas e os salmos
tecem a liturgia do povo eleito”.
Na liturgia da Igreja encontramos o justo movimento de louvor: o Pai é
reconhecido e adorado como fonte e origem de toda divindade, que pelo mistério
de redenção de seu Filho derrama sobre nossos corações o Espírito Santo. Deste
modo, a Igreja está unida ao seu Senhor, no louvor e adoração a Deus. Por outro
lado, não cessa de oferecer-lhe a oferta de si implorando o seu Espírito para
renovar a face da terra gerando frutos de louvor e ação de graças. “O louvor de
Deus é vida que proclama que Deus é Santo”.
No Antigo Testamento, o texto dos תהילים (Tehillîm), o livro dos Salmos, é
conhecido como o livro dos louvores. É
“louvor dirigido a Deus por sua obra na criação e na história”. Como
oração comunitária e também pessoal, os salmos emanam os louvores da boca
daqueles que creem ser obras das mãos de Deus; é o halal,
o grito de alegria, a celebração da força de Deus. Os homens são inspirados
pelo Espírito Santo à celebração das maravilhas de Deus no mistério da criação
(cf. Salmo 135), resultando no louvor
perene, o Hallelu-Ya. “O Salmo é
benção pronunciada pelo povo, louvor de Deus pela assembléia (...) melodiosa
profissão de fé”.
Na liturgia cristã, a oração se dá na
contemplação da vida do Verbo que “se fez carne e habitou entre nós” (Jo1, 14),
ouvindo o que Ele nos ensina. O Novo Testamento consta cerca de 80 citações dos
salmos, sendo que 30 delas aparecem na boca de Jesus evidenciando o próprio
Cristo que louva ao Pai, acentuando sua filial dependência. O catecismo na Igreja Católica nos ensina que
“o Louvor é a forma de oração que reconhece o mais imediatamente possível que
Deus é Deus!”
É o reconhecimento daquilo que Ele é, mais do que aquilo que Ele faz. Isto só é
possível pela ação do Espírito que nos impulsiona a glorificarmos ao Pai por
nossa filiação no Filho. O Catecismo continua: “o louvor nos integra Àquele que
é a sua fonte: ‘O único Deus, o Pai, de quem tudo procede e para quem nós somos
feitos (I Cor 8,6)’”.
Se
o homem é realmente sujeito – um ser de transcendência, de responsabilidade e
de liberdade, que enquanto confia em si mesmo é incapaz de dispor de si -, com
este fundo ele é um ser orientado para Deus (...). Por isso podemos dizer que,
para o homem, a coisa mais simples e inevitável é o fato que na sua existência
exista a palavra ‘Deus’.
Deus
que reina de geração em geração suscitará um Reino que nunca será destruído. Para
o antigo judaísmo, o reinado permanente de Deus é o seu ser Senhor sobre
Israel, assim se recita no Shema, a
profissão em um único Deus. Para a fé cristã, este Reino acontece na Encarnação
onde Deus se dá a revelar: O Reino de Deus não vêm como um fato observável, não
se dirá: ‘Ei-lo aqui’ ou ‘Ei-lo ali’. Com efeito, o Reino de Deus está entre
vós (cf. Lc 17,20-21).
2.
O
Cristo que louva
O mistério da
Encarnação é a autorevelação de Deus
ao seu povo eleito como o transbordar do Seu amor. Todas as ações do Cristo, o
Cristo que prega, cura, liberta e salva, são feitas no Espírito, tem o fim
único e último de glorificar ao Pai. A comunidade primitiva, atenta aos
ensinamentos do Cristo, era a comunidade dos que “louvavam a Deus” (At
2,47). “Intimamente ligado à escuta da
Palavra e à fé, o louvor exprime a admiração mais profunda”. A
vida do Cristo foi uma perfeita oblação, para que em tudo o Pai fosse conhecido
e amado. Deus é sempre o objeto de seu louvor.
Ele
é a imagem do Deus invisível, o Primogênito de toda criatura, porque nele foram
criadas todas as coisas, nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis:
Trono, Soberanias, Principados, Autoridades, tudo foi criado por ele e para
ele. É antes de tudo e tudo nele subsiste. É cabeça da Igreja que é seu Corpo.
É o Princípio, o primogênito dos mortos, tendo em tudo a primazia, pois nele
aprouve a Deus fazer habitar toda a Plenitude e reconciliar por Ele e para ele
todos os seres, os da terra e os dos céus, realizando a paz pelo sangue de sua
cruz (Cl 1,15-20).
Expressão maior do
perene louvor do Filho ao Pai no Espírito é o sacrifício que se dá na cruz
(Kenosis). A Paixão, morte e ressurreição de Jesus é oferta de louvor, é entrega
para a glória do Pai, para que todos saibam que é Ele o Deus verdadeiro (Cf. Jo 17,3). Jesus de modo algum rompe
com o Antigo Testamento, mas propõe novidades na proclamação da bondade,
gratuidade, misericórdia e amor paterno para com todos os homens. Mesmo quando
não fala explicitamente do Pai, tudo n’Ele aponta para o Pai e tem n’Ele a sua
razão de ser.
O exemplo do Cristo nos
move a manifestar toda a nossa alegria, sofrimento, todo acontecimento ou
necessidade como ação de graças. Esta é uma experiência de dependência onde
devemos reconhecer em nós que tudo vem de Deus por desígnio de seu amor e tudo
devemos render a Ele, pois n’Ele vivemos, nos movemos e existimos”, pois “tudo
Ele criou para sua glória” (Cf. At
17,28). Tal homenagem é próprio de quem louva. Segundo o convite do Apóstolo, “em
tudo demos graças” (ITs 5,18) pelo que Deus é.
“O louvor supõe uma disponibilidade à escuta
da palavra de Deus e a capacidade de discerni-lo em suas ações e suas obras
(...). É confissão que proclama o amor de Deus”.
É o momento da antecipação da
Βασίλεια του Θεού
entendida escatologicamente: é o tempo da salvação, a consumação do mundo, a
reconstituição da comunhão de vida entre Deus e o ser humano.
Deste modo, unidos ao sacrifício do Cristo, oferecemos a Deus um perene
sacrifício de louvor, ou seja, é nossa vida unida à vida de Cristo em oferta ao
Pai na força do Espírito Santo.
Naquele
momento ele exultou de alegria sob a ação do Espírito Santo e disse: “Eu te
louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste essas coisas aos sábios
e entendidos, e as revelastes aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do
teu agrado (...)” (Lc 10,21).
O
louvor nos configura ao Mistério Pascal do Cristo que se humilhou obedecendo em
tudo os desígnios do Pai, para a sua glória. É o Cristo o louvor por excelência
e os homens em união com Ele elevam-se como hóstias vivas de agradável odor ao
Senhor.
3.
O
louvor conduz à Comunhão
A Revelação do Deus Criador chegou à
sua plenitude em Jesus Cristo. Na tradição judaico-cristã, esta revelação
paterna de Deus encontra sua fertilidade na compreensão da dependência das
criaturas do seu Criador. Em Jesus temos acesso ao Abbá, ou seja, ao Deus que com carinho cuida de seus filhos. O Deus
cristão é Amor, é uma comunidade de Amor – Pai, Filho e Espírito Santo. Nessa
comunidade divina, a comunidade humana encontra sua semelhança; Deus nos atrai
para a comunhão com Ele. “Assim como a criação original, que é feita por Deus em
Cristo, é sempre atual, assim também o céu está já na terra, havendo sido
definitivamente invadida pela Encarnação do Verbo”.
Em sua oferta ao Pai para salvação
da humanidade, na reconciliação Pascal, o Cristo envia o outro Paráclito; por
meio d’Ele, o Pai doa o Espírito aos os homens. O Espírito que o Pai lhe havia
dado é entregue e derramado sobre a história abrindo a esperança de salvação. É
aqui, nesta dialética teológica que o louvor acontece. O Espírito, sopro da
boca de Deus, move o coração do homem no reconhecimento de sua dependência do
Pai nas coisas simples de sua vida: o ar, a terra, o alimento, a vestimenta, o
amor, o perdão, a salvação. Tudo toma sentido, tudo é motivo de louvor ao Deus
Uno e Trino, sinal de sua comunhão que emerge na criação, sobretudo no homem
com quem faz sua Aliança: “Eu em vós e vós em mim, como o Pai está em mim e eu
no Pai” (Jo 14,23). Tudo é feito pelo amor na simples manifestação do amar de
Deus. É o novo sentido onde o humilhado é exaltado e o Crucificado é
Ressuscitado.
As
experiências carismáticas da comunidade primitiva foram testemunhas dos
fenômenos pneumáticos. Tais fenômenos foram diferentes de tudo o que
acontecera antes. Esta manifestação do Espírito, de ordem carismática, fez com
que a comunidade primitiva fizesse a distinção da Pessoa do Espírito Santo
análoga à distinção entre o Pai e o Filho. Carismas, conversões e profundas
experiências com o mistério de Cristo acontecem agora! Ainda que nos textos
bíblicos não apareça uma distinção clara da personalidade do Espírito Santo,
vemos a novidade da Pessoa do Espírito que se manifesta em Jesus Messias e na
comunidade unida a Ele. O que há de novo do Novo Testamento é justamente o dom
do Espírito como fruto da Ressurreição. É o Espírito que dirige a Igreja
formando um único corpo. Guiando a Igreja ao longo dos séculos, a manifestação
do Espírito acontece ainda em nossos dias. Prova disso são as novas maneiras de
vida em Deus que surgiram e continuam a surgir, onde temos sua manifestação
clara no nascimento de Movimentos e Novas Comunidades, bem como a renovação de
Carismas Fundacionais que agora voltam a tomar vida e expressão no seio da
Igreja graças ao sopro do Espírito. “Que Ele renove em nosso tempo os prodígios como de um
novo Pentecostes”.
4. A novidade do Espírito
Sobre isto diz o Apóstolo: “Não
extingais o Espírito” (I Ts 5,19), pois os carismas são dons concedidos pela
liberdade divina com finalidade de crescimento e maturação do povo de Deus. A
experiência do Deus-Amor nos conduz por caminhos nunca vistos, nos leva à
experiência pessoal e atual da Pessoa de Jesus Cristo, Deus -Conosco, por quem
alcançamos a salvação. Isso se realiza, sobretudo na Igreja através dos
sacramentos, “sinais visíveis e eficazes das realidades divinas, pelas quais
Deus nos comunica a salvação na Igreja, pela participação no Mistério Pascal de
Cristo”
comunicando ao homem o seu desejo de comunhão.
“O Espírito da verdade nos comunica
aquilo que está por vir. (Ele) impulsiona a realização do mistério cristão para
frente, na história dos homens”.
Tal realização acontecerá quando os homens forem capazes de reconhecerem em si
e na criação ao seu redor as marcas de seu Criador, marcas de salvação e
comunhão. No entendimento de que sem Ele, nada é, e nele tudo é ação de graças.
O Espírito suscita nesta dialética,
o carisma do Louvor de Deus que vem, portanto, na gratuidade do Espírito, para
conduzir o homem ao encontro com Deus que é Amor e liberdade. A Igreja reunida
em nome de Cristo é dirigida pelo Espírito a render todo culto de honra,
exaltação e adoração ao Pai por tudo aquilo que Ele é: bondade, mansidão,
sabedoria, força... O louvor como dom do Espírito no coração do ser humano, tem
por finalidade a santificação de todos os homens que foram criados pelo amor de
Deus. O louvor testemunha o Amor de Deus, pois assim, o homem reconhece em si
as marcas de seu Senhor que é Pai. O louvor é uma liturgia que celebra o amor
de Deus na criação. “O louvor é o lugar por excelência em que Deus é
reconhecido como Deus e em que o homem se situa na verdade de seu ser diante de
Deus”.
Assim Deus é celebrado por sua criação por suas ações salvíficas, pois, “a vida
do homem unida à oferenda de Jesus torna-se louvor”.
5. O Louvor de Deus
A experiência de um novo Pentecostes
conduz o homem num caminho de profundidade, de conhecimento do seu ser na
esfera do Deus-Amor que se revela e lhe dá novo sentido para a vida. Nesta
epifania de compaixão e misericórdia ao homem, nada resta senão contemplar
fazendo a experiência do Mistério em que é inserido. Agora como partícipe da
entrega do Cristo, pela ação do Espírito Santo, o homem se oferece em
sacrifício de louvor ao Senhor.
O louvor a Deus brota do coração que
faz a experiência de profundidade do Deus que se revela em amor. Pois louvar é
reconhecer a grandeza de Deus e glorificá-lo. Louvar corresponde em bendizer,
celebrar, grito de triunfo, glorificar. E ainda: magnificar, exaltar, cantar;
celebração da honra, força e poder de Deus.
A comunidade primitiva louvava (berakah/ Ευχαριστιών) perante as obras
do Senhor. No Evangelho de Lucas temos os três cânticos Lc 1,46-55 (o Cântico
de Maria); Lc 1, 68-79 (o Benedictus) e Lc 2, 28-32 (o Cântico de Simeão).
Paulo é marcado também por sua expressões de louvor como em Ef 1, 3-14 onde
encontramos dizeres como “para o louvor de sua glória”. O Apocalipse está
repleto destes cânticos de louvor, sendo este uma característica do livro. O
louvor se traduz em ações de fé e alegria, pois proclama o amor de Deus.
No louvor reconhecemos que Deus é
Deus sem limitá-lo às suas ações benéficas a nós, senão àquelas de nossa
salvação. É um caminho de união interior e exterior, de alma, mente e corpo, ou
seja, é o homem por inteiro. É o reconhecimento de que existimos como o derramar
do amor de Deus e existimos para amar primeiramente a Ele: o homem existe para o
louvor de Deus. É ele o sujeito principal do louvor. No reconhecimento de sua
verdade mais íntima, o homem reconhece a sua pequenez e dependência de Deus e,
somente assim, é capaz de louvá-lo e enaltecê-lo por seu amor, afinal: “que é o
homem, Senhor, para vós? Porque dele cuidais tanto assim?” (Cf. Salmo 143, 3).
O
louvor como transbordar da ação de Deus em nós contagia a todos aqueles que se
aproximam. É a comunidade humana uma família de louvor, onde juntos elevam a
Deus “o louvor, a glória, a sabedoria, a ação de graças, a honra, o poder e a
força” que “pertencem ao nosso Deus pelos séculos dos séculos. Amém!” (Ap 7,
12).
III CAPÍTULO
O LOUVOR
DE DEUS, UMA RESPOSTA AO NOSSO TEMPO!
"Às vezes o
ar que respiramos em nossas sociedades não é saudável, está contaminado por uma
mentalidade que não é cristã, e que também não é humana, porque está dominada
por interesses econômicos, preocupada apenas com as coisas terrenas e privada
de uma dimensão espiritual”.
Esta crítica do Papa Bento XVI descreve em breves palavras uma visão da
sociedade em que vivemos, tão preocupada com lucros em si mesma e na “liberdade
humana”. Em todos os tempos, o Espírito Santo não cessa de advogar e consolar o
seu povo através de inspirações de diferentes modos de vida para que as
pessoas, inseridas num contexto social particular, possam alcançar a santidade.
Tais personagens são postos como profetas de seu tempo no anúncio de salvação
possível e próxima a todos nós. Assim aconteceu no início da vida consagrada,
quando alguns homens se refugiaram no deserto em busca de uma vida de doação
integral e mais intensa a Deus. Do mesmo modo que personagens como São Bento de
Núrsia e São Francisco, o pobre de Assis, hoje, em meio a este ar não saudável,
Deus suscita Madre Teresa de Calcutá, Chiara Lubich e padre Gilberto Maria
Defina, sjs.
1. Pe. Gilberto Maria Defina, sjs
Descendente de
católica família italiana, Gilberto Maria Defina nasceu no dia 02 de agosto de
1925, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Sobre sua infância na Vila
Tibério, bairro em que viveu, brincava, estudava as primeiras letras e servia
como coroinha na paróquia local, o que despertou nele o desejo de ser padre.
Ingressou no Seminário Menor dos Claretianos em Rio Claro, em 1938, aos doze
anos, no qual permaneceu por quatro anos. Sobre isto relata: “Eu bebi muito
deste leite espiritual e fui bem formado”.
Em 1942, ingressa no Seminário Menor Secular em Campinas e, um ano após, foi
para o Seminário Maior Central do Ipiranga em São Paulo onde concluiu sua
formação acadêmica em 1950. Pe. Gilberto trouxe consigo muita bagagem do seu
tempo de formação no Seminário, por exemplo, aquilo que era seu como marca: o
esplendor litúrgico.
No primeiro domingo do advento de
1950, dia 03 de dezembro, na Catedral local, é ordenado sacerdote e nos anos
seguintes exerceu diversas atividades como vigário, pároco, diretor espiritual,
assistente espiritual dos seminaristas de Ribeirão Preto, em São Paulo, e como Cônego
Catedrático; em 1971, foi um dos fundadores da UNIFAI,
perseverando sempre na virtude, como obrigação de vivê-la na busca alçada da
santidade, vivendo a fé na profundidade.
Tinha, desde a infância, uma saúde
muito debilitada. Acometido por diversas doenças (algumas delas crônicas), sua
vida foi marcada pelo caráter de entrega e oferta ao Senhor destes momentos.
Uma pessoa piedosa e mariana que aprendeu a viver a radicalidade da entrega: “Me
sinto um passarinho livre, aberto, disposto a dar a vida para o Senhor, do modo
que Ele quiser, como Ele quiser, do jeito que Ele quiser (...) estou disposto a tudo”.
No dia 09 de dezembro
de 1987, o pe. Gilberto recebeu a oração de uma irmã religiosa pertencente ao
Movimento da Renovação Carismática Católica (RCC)
invocando o Espírito Santo, mas nada de extraordinário aconteceu! Não sabia ele
que sua vida havia sido transformada: orações espontâneas começam a brotar de
seu interior, tais como: “Ó Pai querido, ó Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus,
eu vos adoro, vos louvo, vos dou graças e vos amo pelos dons e frutos que me
destes do Vosso Espírito Santo”. Ele
adere de forma ativa ao Movimento da RCC e começa a acompanhar em direção
espiritual alguns grupos deste Movimento, estando obediente àquilo que Deus lhe
pedia. Um homem de fé, aberto para tudo aquilo que Deus queria lho conceder. Na
oferta de cada decisão, de cada incômodo, de cada alegria, satisfação, provação
ele mantinha no coração a livre decisão de tudo entregar nas mãos de seu
Senhor; sabendo-se dependente de Deus, ele tudo vivia numa realidade
espiritual, uma realidade de fé. Sobre
isto ele diz:
Até o
próprio sofrimento é uma dádiva de Deus pra nós, pois se eu não tivesse sofrido
tanto eu não teria me preparado para esta Obra que é maravilhosa até aos nossos
olhos! Não podemos entender bem como ele quis que num momento tão difícil se
edificasse esse edifício espiritual e profundo que vai fazer no futuro
sacerdotes cheios do Espírito Santo. E dou minha vida por isso!.
Por fim, acometido por
mais uma enfermidade, pe. Gilberto,sjs, falece aos 05 de dezembro de 2004 com
79 anos de idade, faltando dois dias para completar seu qüinquagésimo quarto
ano de sacerdócio a serviço da Igreja na promoção do Louvor de Deus. Quando
questionado sobre seu sofrimento ele respondia que somente fazia o que Deus
queria para ele naquele momento. Revelava assim, a grande intimidade que tinha
com Deus que o tratava com grande carinho. Sobre
sua vida na eternidade, já se antecipava orando ao Senhor: “Continuarei a dar
testemunho para teu louvor através das gerações”.
2.
A
Fundação da FJS
Tendo feito a
experiência de conversão através do batismo no Espírito Santo, o pe.
Gilberto prontificou-se a em tudo fazer a vontade do Senhor. Após a experiência
na Renovação Carismática, esteve atento aos sinais dos tempos para saber
reconhecer ali a voz do Criador. Sabendo
que havia no seminário um padre “carismático” as pessoas, em especial os
rapazes da Faculdade começaram a procurá-lo partilhando as dificuldades em suas
vocações, um número que crescia sempre mais. Pediam-lhe que fundasse um
seminário carismático onde pudessem viver a espiritualidade carismática, mas,
mais que isso, onde pudessem viver na liberdade dos filhos de Deus orando
publicamente, um lugar de encontro e intimidade com Deus, ou seja, um seminário
carismático no sentido literal e mais profundo do termo.
Espírito
de Deus, enviai dos céus um raio de luz. Vinde, Pai dos Pobres, dai aos
corações vossos sete dons (...). Enchei, luz bendita, chama que crepita, o
íntimo de nós. Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele. Dai
à vossa Igreja, que espera e deseja vossos sete dons.
Atento à inspiração do
Espírito de Deus, o padre, com o apoio de alguns leigos, inicia a Fraternidade
Jesus Salvador (FJS). No dia da festa litúrgica dos estigmas de S.
Francisco, 17 de setembro de 1994, nasce no seio da Igreja, na Diocese de Santo
Amaro, os Institutos Religiosos constando de um Seminário Maior e um Convento
de irmãs religiosas.
Antes mesmo de começar a falar do
Carisma Fundacional desta Fraternidade, o pe. Gilberto antecipou-se em relatar
sobre suas doenças e debilidades em toda a sua vida e em especial neste período
de fundação, reconhecendo em todos estes fatos a voz de Deus que lhe tocava
forte no coração e dizia: “Gilberto, tenha paciência; Gilberto, tenha
paciência; Gilberto, tenha paciência!”.
Indicando assim, que em tudo aquilo que viveu e estava vivendo no momento
presente, Deus o estava conduzindo desde sempre. É um caminho de humildade onde
tudo se deve compreender para a maior glória de Deus.
2.1 O Carisma da Fraternidade Jesus Salvador,
o Louvor de Deus
Quando comecei a escrever sobre qual carisma
deveria reger todas as nossas atividades espirituais e temporais, logo de princípio
me veio a ideia de um “carisma essencial” e foi dada a inspiração no livro do
Apocalipse 7,12: “Amém, Amém, Amém, a Ele todo o louvor, toda a graça, toda a
majestade, todo poder ao Cristo Nosso Senhor”.
A inspiração de um carisma dentro da realidade num
Instituto Religioso, sabemos bem, é aquilo de mais profundo e que sela a
identidade daquela fundação e seus membros. É inspiração mesma de Deus que vem
em resposta aos anseios do tempo presente segundo seus desígnios de salvação, é
inspirado e inscrito no coração dos seus eleitos para participação na História
de Salvação. O ato de louvar, como já refletimos, é render a Deus todo o louvor
que lhe é devido, reconhecer que d’Ele procede toda a graça e somente a Ele
majestade. Esta Fundação – a FJS – nasce do desejo de ser expressão, na Igreja
e no mundo, do contínuo louvor e adoração ao nosso Senhor Jesus Cristo e assim
produzir frutos de santidade em toda a humanidade. O padre Gilberto, agora como Fundador, inicia
esta Obra no desejo de reunir uma multidão de homens e mulheres, eleitos por
vocação, para dar continuidade ao desígnio salvífico de Deus que deseja “que
todos os homens sejam salvos” (I Tm 2,4), tudo isto mediante a manifestação da
glória de Deus em cada agir humano. É ato de entrega à vontade de Deus e, por
isso, caminho de santidade.
Toda a criação foi feita pelas mãos de Deus, para que
possa louvá-lo sempre. O homem, como ápice da criação, é aquele que deve viver
esta realidade por excelência: os salvistas (assim são popularmente chamados os
Servos de Jesus Salvador) devem viver isto na radicalidade evangélica, pois se
consagram na união ao Cristo na cruz, no mais perfeito “sacrifício de louvor” a
Deus Pai e aceito por Ele. Por isso assumem o carisma do “Louvor de Deus, sob
todas as suas formas, - a litúrgica, em primeiro lugar – e como consequência
desse louvor, a procura de santificação pessoal e comunitária, através da
consagração ao Espírito Santo, Deus-Amor”.
Em meio a uma sociedade pluralista, egoísta, liberalista e deísta, o carisma do
Louvor de Deus surge como profecia para o tempo presente e futuro, como
antítese às realidades idolátricas do ego e da economia, de toda autonomia de
Deus e hedonismo. Ao homem contemporâneo soa como uma presunção “pensar que o
Deus eterno se preocupe conosco, seres humanos, e nos conheça; que o
Inatingível, num determinado momento, se tenha colocado ao nosso alcance; que o
Imortal tenha sofrido e morrido na cruz; que nos sejam prometidas a nós, seres
mortais, a ressurreição e a vida eterna”.
O carisma do Louvor de Deus vem como epifania da glória de Deus, recordando a
cada ser humano que ele existe para adorar, glorificar e render todo louvor ao
seu Criador e Pai; é existir louvando a Deus. ´
É
a experiência dos jovens na fornalha relatado no livro de Daniel 3, 51-90,
onde, em meio às chamas, três jovens não cessam de louvar a Deus pelo que Ele é
na Sua criação. Aquele que traz em si as marcas do louvor elevam a Deus louvor
e ação de graças incessantes, sem medo de serem repetitivos, manifestam um
coração apaixonado que não se cansa de manifestar ao amado seu afeto, seu
reconhecimento. “Este louvor acontece nos pequenos gestos de cada dia”.
3.
O louvor
que santifica
Isto só pode se
concretizar na experiência da Pessoa do Espírito Santo, o Consolador que nos
recorda de todas as coisas (Cf. Jo
14,26). É ação mesma do Espírito Santo nos revelar a verdade de nós mesmos em
Deus. É Ele o grande profeta do presente e do futuro, o Paráclito, que
estabelece a justiça no mundo, ou seja, que manifesta ao mundo o Amor de Deus
que é Pai. E sendo Ele mesmo Amor, nos inspira a louvar, glorificar e cantar a
Deus um cântico novo de adoração. Do mesmo modo como aconteceu com o pe.
Gilberto que, após o renovar do Espírito, é instigado a um louvor que brota do
íntimo e realiza coisas grandes como a fundação de um novo Instituto Religioso,
sinal na Igreja e no mundo, assim o Espírito realiza em todos aqueles que se
deixam encontrar por Ele e aderem a uma vida de Louvor. Toda a sociedade humana
é chamada a honrar a Deus com sua vida. Aqueles que aderem como um carisma
específico assumem esta vivência com raízes proféticas, testemunhando a todo o
mundo e em qualquer lugar que Deus é Uno e é Trino, e agora no tempo hodierno
Ele se deixa encontrar, que é a Ele o fim último da vida, aquele que sonda os
abismos do interior do homem. Por isso, nada mais digno ao homem senão o perene
louvor em ação de graças a Deus. “Ainda que nossos louvores não sejam
necessários”, o Senhor se compraz
neles, sendo estes a nossa adoração. O resultado desta manifestação é a
santificação que, por sua vez, procede de nossa pertença ao Espírito Santo
fazendo hoje a experiência dos apóstolos na atualização do Pentecostes. Assim
como eles e as mulheres ali presentes receberam o derramar do Espírito pela
boca de Jesus (cf. Jo 20, 22) e,
inflamados com “a força do Alto” (Lc 24,49), puseram-se a anunciar a todos os
homens falando-lhes das maravilhas de Deus (cf.
At 2,11), anunciando a “Nova Criação”, hoje com a nova unção do Espírito somos
nós a anunciar a salvação de todos os povos alcançando-lhes o coração,
anunciando com a Igreja “o que está acontecendo hoje, aquilo que foi dito por
intermédio do profeta” (cf. At 2,16).
Este transformar vida em louvor é a liturgia perene que a
Sagrada Escritura nos convida da Gênesis ao Apocalipse. O louvor que brota do
interior do homem no conhecimento de sua verdade mais profunda é fruto do
Espírito Santo que glorifica o Pai por meio do Filho em seu Mistério pascal. E
este deve ser “carismático” para que, livre pela ação do Espírito, os homens
possam se assemelhar mais ao Cristo: que “de bons nos tornamos melhores, de
maus nos tornamos ao menos bons”.
Confiando na ação direta do Espírito, os homens são conduzidos a celebrarem com
suas vidas o culto de oblação participando do Mistério Pascal de Cristo. Isto é
santidade, e o louvor é caminho certo para alcançá-la.
O odor de santidade se espalha por todos os arredores de
onde ele se encontra, impregnando a tudo e a todos que dele se aproximam. A
santidade através do Louvor de Deus busca a santificação da humanidade
perpassando toda a vida humana. É entranhado de tal maneira que todo o homem se
torna louvor, o sacrifício agradável a Deus. Todos nós somos destinados à
santidade (II Tm 1,9), cada um segundo o desígnio do chamado de Deus. Todos os
santos da história viveram a radicalidade do louvor. Mas hoje, no suscitar
deste Carisma no seio da Igreja, o Senhor vem despertar a humanidade para
reconhecê-lo, numa espécie de retorno ao Pai, de dependência sim, de Deus; é
expressão do desejo de Deus de manter viva, afetiva e efetivamente a Sua
Aliança com o homem. Aliança esta selada com o sangue de seu Filho, atualizada
pela força do Espírito que se manifesta hoje de maneira análoga ao evento de
Pentecostes, marcando o período da Nova Criação recapitulada no Cristo.
CONCLUSÃO
O
Espírito Santo manifesta ao homem a presença do Deus que o criou à Sua imagem e
semelhança, permitindo a este ler as marcas do seu Senhor na realidade que o
envolve. Neste sentido Ele testemunha aos homens a sua verdade original: o
homem foi criado para homenagear a Deus com sua vida. Através dos “vários
pentecostes” na história, o Ruah de
Deus manifesta o amor do Pai pela obra de Suas mãos, ao ponto de entregar Seu Filho
como redenção do gênero humano. Permite ao homem novas formas de vida
suscitadas no decorrer da história, como espaço de encontro com o Deus que
salva, como vimos no primeiro capítulo.
A
autorevelação de Deus que se dá no mistério da Encarnação é a máxima expressão
do amor de Deus pela humanidade. Deus assume a vida humana para render louvor,
honra e glória ao Pai na força do Espírito Santo. A vida do Cristo é a
manifestação do Servo Fiel, o Emanuel que em tudo faz a vontade de seu Pai. Ele
vive em meio a Israel, fala ao povo, revela o seu poder e morre na cruz,
deixando para os seus discípulos o exemplo a seguir: a oblação de sua vida.
Esta Pericorese emana na vida do
homem como convite à comunhão com o Deus Uno e Trino, num relacionamento de
puro amor que encontre abrigo no coração de cada homem.
No
segundo capítulo vimos que toda a vida do homem deve cantar o Halellu-Ya, caminho de liberdade e
realização humana, sentido verdadeiro de toda sua existência, conduzindo-o à
sua verdadeira felicidade, a vida em Deus. Por isso, no caráter da entrega, há
tantas formas de encontrar seu lugar segundo o desejo de Deus. Cada homem tem
um lugar na história de salvação que se revela aos poucos na vida pessoal e
que, uma vez iniciada, seu processo de descoberta, coopera com o desígnio
amoroso de Deus. Viemos do Amor e é Ele o nosso destino.
A
experiência do Deus-Amor, como Pentecostes, é o lugar privilegiado do encontro,
que faz com que o homem reconheça seu lugar no Mistério. Nesta perspectiva,
nada pode restar ao homem senão reconhecer sua pequenez, fragilidade e
dependência e se lançar nos braços de Deus. Pois este reconhecimento já é
Louvor de Deus. É sua própria vida em louvor e adoração. A exemplo da
comunidade primitiva daqueles que viveram com o Cristo e fizeram a experiência
do Dom de Deus, os cristãos hoje são chamados a reviver esta manifestação da
Vida de Deus e serem testemunhas no tempo presente deste Senhor que dá Vida.
Exemplo disto, citamos no terceiro capítulo o pe. Gilberto Maria Defina,sjs,
fundador da Fraternidade Jesus Salvador que lendo as necessidades de sua época,
foi dócil à inspiração de Deus e doou ao anúncio do Cristo que louva, como
caminho certo de santidade.
O
Louvor de Deus como esta dinâmica de reconhecimento de sua fragilidade, conduz
o homem a uma abertura ao totalmente Outro e ao próximo, permitindo assim, a
partilha de si que o projete ao verdadeiro relacionamento. Este carisma
específico do Louvor de Deus surge como anúncio e denúncia de que o homem de
hoje tem a necessidade urgente de ler os sinais da vontade salvífica de Deus em
sua própria história. E que somente assim, ele será livre, realizado e
consequentemente feliz. Assim sendo,
está mais que claro que o Louvor de Deus no que foi abordado até ao presente
momento é uma resposta ao necessário sentido de vida buscada pela humanidade.
Este trabalho de maneira alguma visa esgotar a riqueza que é o tema. Longe de
ser um tratado completo, fechado, deseja ser um campo aberto àqueles que
desejam nele se empreitar ao contemplar o seu contexto atual fim à eternidade.
Proponho, portanto, aos leitores que aqui chegaram à continuidade do mesmo
quanto à reflexão sobre a liturgia como exercício do sacerdócio de Cristo,
máxima expressão de Louvor ao Pai. Ou ainda, uma abordagem sobre a beleza, a
arte, e até mesmo os relacionamentos interpessoais, como consequências do
Louvor de Deus.
BIBLIOGRAFIA
http://lausdei.blogspot.com/2011/02/o-louvor-e-de-deus.html