quinta-feira, 17 de maio de 2012

Sacrifício Espiritual: O louvor de Deus na visão Paulina


“Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito” (Rm 12, 1-2).

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Sacrifício Espiritual: O louvor de Deus na visão Paulina

            São Paulo na carta aos Romanos resume toda a sua doutrina, após ter demonstrado nos capítulos 9 a 11 a sua dor pelo povo judeu do qual ele faz parte por não ter aderido a Cristo, professa ao final que Deus se mantém fiel à Aliança com os judeus e que é insondável o juízo de Deus, há coisas que não entendemos e que temos que entregar em suas mãos divinas (cf. Rm 11, 33).
            Por isso, o Capítulo 12 começa com um “pois” ou “portanto” (oun) concluindo que a partir de agora, dirigindo-se aos cristãos na dimensão da Nova Aliança, estes devem oferecer um sacrifício verdadeiro e espiritual. A mesma misericórdia de Deus que garante a Aliança com os judeus, são as mesmas misericórdias que possibilitam aos cristãos oferecerem a própria vida como um sacrifício agradável a Deus.
            Esse sacrifício a partir de agora é um sacrifício vivo (Thusian Zosan), a própria vida do cristão deve ser um sacrifício agradável a Deus, pois o que Deus quer não são sacrifício e holocausto, mas um espírito contrito e esmagado, um sacrifício espiritual, um sacrifício de louvor ou de justiça (cf. Sl 50, 20-21). Na mesma linha, Jesus diz à samaritana, que os verdadeiros adoradores são aqueles que adoram em espírito e verdade (cf. Jo 4, 24).
            Esse sacrifício vivo, oferecido de forma santa e agradável, é o sacrifício da própria vida do ser humano que por decisões verdadeiras, imersas na graça e na misericórdia de Deus, transformam-se em obras da graça, e não em obras da carne (cf. Gl 5, 19) e nem em obras da lei (cf. Rm 3, 20), obras que louvam a Deus, pois a fé opera através da caridade, se mostra através desta (cf. Gl 5, 6).
            No dizer de São Paulo, esse sacrifício, é um culto espiritual. Traduzido também como “culto racional”, “serviço racional”, tentando assim traduzir a expressão grega “logiken latreian”. Culto como adoração, culto de latria, isto é , um culto destinado exclusivamente a Deus. Esse culto é um culto racional, lógico, do grego logikos, isto é, um culto que expressa todo ser da pessoa, como o Verbo (logos) se fez carne (cf. Jo 1, 14), e é considerado como na formulção da Carta aos Hebreus, Jesus é a expressão do ser de Deus (cf. Hb 1, 3) ou a imagem de seu ser, portanto um culto espiritual, logiké, nada mais é que a entrega total do ser humano a Deus, de tal forma que cada ato de sua vida torna-se pleno do ser da pessoa unida a Deus e esse ato é um louvor a Deus.
            É nesse sentido que no versículo segundo a exortação continua solicitando a cada cristão transforma-se a si mesmo, renovando a forma de pensar, de decidir, de modo a discernir qual é a vontade de Deus. Na medida em que cada ser humano vai sendo imerso nas misericórdias de Deus, deixa-se transformar, cada ato se torna um louvor ao próprio Deus, dessa maneira não se pode misturar qualquer sombra de pecado, egoísmo ou outros pensamentos carnais (cf. Gl 5, 16-26), mas sim frutos verdadeiros do Espírito Santo.

O itinerário seria esse:

1. O ser humano no Mistério Pascal é imerso na graça ou misericórdia de Deus
2. Nessa medida pode assim oferecer-se a si mesmo como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus.
3. Esse sacrifício é um culto de latria mas espiritual, isto é, o ser humano se entrega a Deus por atos de amor e de justiça feitos a Deus e ao próximo.
4. Para que esse processo seja perfeito é necessário uma purificação interior de qualquer pensamento carnal e tomar decisões segundo a vontade de Deus.

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