“Eu vos exorto, pois, irmãos,
pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo,
santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual. Não vos conformeis
com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que
possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o
que é perfeito” (Rm 12, 1-2).
Leia mais em: http://www.bibliacatolica.com.br/01/52/12.php#ixzz1v9F5vE34
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Sacrifício
Espiritual: O louvor de Deus na visão Paulina
São Paulo na carta aos Romanos resume toda a sua doutrina,
após ter demonstrado nos capítulos 9 a 11 a sua dor pelo povo judeu do qual ele
faz parte por não ter aderido a Cristo, professa ao final que Deus se mantém
fiel à Aliança com os judeus e que é insondável o juízo de Deus, há coisas que
não entendemos e que temos que entregar em suas mãos divinas (cf. Rm 11, 33).
Por isso, o Capítulo 12 começa com um “pois” ou “portanto”
(oun) concluindo que a partir de agora, dirigindo-se aos cristãos na dimensão
da Nova Aliança, estes devem oferecer um sacrifício verdadeiro e espiritual. A
mesma misericórdia de Deus que garante a Aliança com os judeus, são as mesmas
misericórdias que possibilitam aos cristãos oferecerem a própria vida como um
sacrifício agradável a Deus.
Esse sacrifício a partir de agora é um sacrifício vivo
(Thusian Zosan), a própria vida do cristão deve ser um sacrifício agradável a
Deus, pois o que Deus quer não são sacrifício e holocausto, mas um espírito
contrito e esmagado, um sacrifício espiritual, um sacrifício de louvor ou de
justiça (cf. Sl 50, 20-21). Na mesma linha, Jesus diz à samaritana, que os
verdadeiros adoradores são aqueles que adoram em espírito e verdade (cf. Jo 4,
24).
Esse sacrifício vivo, oferecido de forma santa e
agradável, é o sacrifício da própria vida do ser humano que por decisões
verdadeiras, imersas na graça e na misericórdia de Deus, transformam-se em obras
da graça, e não em obras da carne (cf. Gl 5, 19) e nem em obras da lei (cf. Rm
3, 20), obras que louvam a Deus, pois a fé opera através da caridade, se mostra
através desta (cf. Gl 5, 6).
No dizer de São Paulo, esse sacrifício, é um culto
espiritual. Traduzido também como “culto racional”, “serviço racional”, tentando
assim traduzir a expressão grega “logiken latreian”. Culto como adoração, culto
de latria, isto é , um culto destinado exclusivamente a Deus. Esse culto é um culto
racional, lógico, do grego logikos, isto é, um culto que expressa todo ser da
pessoa, como o Verbo (logos) se fez carne (cf. Jo 1, 14), e é considerado como
na formulção da Carta aos Hebreus, Jesus é a expressão do ser de Deus (cf. Hb
1, 3) ou a imagem de seu ser, portanto um culto espiritual, logiké, nada mais é
que a entrega total do ser humano a Deus, de tal forma que cada ato de sua vida
torna-se pleno do ser da pessoa unida a Deus e esse ato é um louvor a Deus.
É nesse sentido que no versículo segundo a exortação
continua solicitando a cada cristão transforma-se a si mesmo, renovando a forma
de pensar, de decidir, de modo a discernir qual é a vontade de Deus. Na medida
em que cada ser humano vai sendo imerso nas misericórdias de Deus, deixa-se
transformar, cada ato se torna um louvor ao próprio Deus, dessa maneira não se
pode misturar qualquer sombra de pecado, egoísmo ou outros pensamentos carnais
(cf. Gl 5, 16-26), mas sim frutos verdadeiros do Espírito Santo.
O itinerário seria esse:
1. O ser
humano no Mistério Pascal é imerso na graça ou misericórdia de Deus
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2. Nessa
medida pode assim oferecer-se a si mesmo como sacrifício vivo, santo e agradável
a Deus.
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3. Esse sacrifício
é um culto de latria mas espiritual, isto é, o ser humano se entrega a Deus
por atos de amor e de justiça feitos a Deus e ao próximo.
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4. Para que
esse processo seja perfeito é necessário uma purificação interior de qualquer
pensamento carnal e tomar decisões segundo a vontade de Deus.
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