quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

“Hábito Religioso e Louvor de Deus”

“Hábito Religioso e Louvor de Deus”

Mas Herodes, juntamente com os da sua guarda, tratou-o com desprezo, e, escarnecendo dele, fê-lo vestir-se de um manto aparatoso, e o devolveu a Pilatos. (Lc 23, 11)
Contudo, Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Então, repartindo as vestes dele, lançaram sortes. (Lc 23, 34)
Aconteceu que, perplexas a esse respeito, apareceram-lhes dois varões com vestes resplandecentes. (Lc 24, 4)



             Quando fizemos os votos temporários e recebemos o Hábito religioso, o Pe Gilberto naquele dia 28 de fevereiro de 1998, pronunciou na sua homilia que da mesma forma que um policial ou um militar tem sua farda em serviço e essa indumentária o qualifica para exercer sua função, o religioso ao envergar o hábito religioso ele dá testemunho de evangelização e se coloca socialmente, é identificado como membro de uma congregação religiosa e testemunha ser da Igreja Católica e de Jesus Cristo.
            A veste, como nas passagens da Escritura acima, representa a própria personalidade da pessoa, por isso, que Jesus é vilipendiado por Herodes, é desnudado, remetendo a Adão que perdeu seu relacionamento com Deus (persona) pelo pecado, assumindo Jesus assim a nossa humanidade pecadora, e os anjos revestidos de vestes resplandecentes vem testemunhar que Jesus é ressurreto.
            Na história dos Institutos Missionários Servos e Servas de Jesus Salvador, brotou o desejo de usar o hábito, não como uma separação insossa do mundo, pois não somos do mundo, mas como missionários estamos no mundo (cf. Jo 17, 15) e nele exatamente queremos testemunhar Jesus Cristo e sua Igreja, portanto o Hábito Religioso é testemunho missionário da pertença a Deus e como na antiga história de São Francisco de Assis, sem falar nada, em nossas procissões pelo mundo proclamar que Deus existe e há pessoas que largam tudo para testemunhá-lo.
            Obviamente, vai surgir o velho adágio “o hábito não faz o monge”, e de fato não faz. Infelizmente o que não falta na história são pessoas que desonraram o hábito pelo seu comportamento. Lembremos, porém, que eles em primeiro lugar desdenharam do seu Batismo, e Batismo é revestir-se de Cristo, como na palavra Bathos em grego que é veste. Dessa forma, o problema é quem usa e não a veste em si. Por outro lado, muitos daqueles que entraram na vida religiosa, o primeiro sentir da vocação foi por causa do hábito, e isso é permissão de Deus, porém o que não se deve cair é numa idolatria do hábito religioso, um farisaísmo hipócrita, daqueles que usavam longas franjas para receberem a glorificação dos homens (Mt 23, 5).
            A partir do voto de pobreza, numa entrega total a Deus e para testemunhar Jesus Cristo e sua Igreja, aí sim o habito religioso se torna um verdadeiro louvor de Deus, pois a pessoa proclama pelas suas vestes que toda a sua ação procede de Deus e é para Deus. O nosso Pai Fundador Pe Gilberto quis que as nossas vestes religiosas tivessem a cor marrom, para nos lembrar de que somos pó e ao pó voltaremos (cf. Gn 3, 19). Assumimos a morte à qual somos entregues todos os dias (cf. 2 Cor 4, 11), por isso a partir do assumir da nossa pobreza em Cristo, renunciamos a toda moda, que é passageira, para assumirmos uma veste que aponta para o eterno, renunciamos a nós mesmos (cf. Mc 8, 34), a nossa individualidade e vaidade que busca aparecer, receber os holofotes e as glórias (kauchomai) do mundo, para assumindo a Igreja e glorificar (doxa) a Deus somente, somente a Ele o louvor e não a nós (cf. Sl 115, 1). Por isso, usar o hábito também exige do religioso um certo sacrifício, que vai desde a temperatura, o ser reconhecido por todos como religioso e prestar serviço correspondente, e porque não ser até ridicularizado. Nessa medida aquele que assume suas próprias fraquezas perante a morte que virá, pode assim permitir que a graça de Deus aja em suas ações pela graça e assim proclamar pelo hábito, pelo sinal exterior de sua consagração, que só Deus é Deus e assim suas vestes se tornam um louvor de Deus.
            Finalizando assim com a oração para os primeiros sinais religiosos que recebemos quando adentramos no Instituto, invocamos ao Pai e pede-se que os hábitos sejam o “primeiro sinal visível despertado neles de se consagrarem a ti. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém !” 

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