quarta-feira, 11 de abril de 2018

A PÁTRIA DO LOUVOR ETERNO


A PÁTRIA DO LOUVOR ETERNO


Somos cidadãos do céu (Cf. Fl 3, 20)

            Nossa cidade é o céu, e lá se manifestará plenamente o que somos: filhos de Deus (cf. 1 Jo 3, 2), e a razão do nosso viver é participar da vida da Santíssima Trindade, participação que se inicia no Batismo (cf. CIgC n. 265) nessa terra.
            Desde que estávamos na mente de Deus, concebidos e vivento nessa terra, unidos a Deus pela graça, até que um dia, chamados por Ele e então morreremos e assim chegaremos ao Céu pela mesma graça, plenificados na ressurreição da carne, participaremos plenamente da vida da Santíssima Trindade.
            Nascidos para o louvor da Glória de Deus (cf. Ef 1, 6.12.14), louvor que nos aproxima de Deus (Prefácio Comum IV do Missal Romano) e é o que faremos na eternidade, o nosso louvor pertence ao Senhor Nosso Deus (cf. Ap 7, 12).
            O céu é a plenitude do nosso viver, pois o que adiantaria ganhar o mundo inteiro, toda riqueza, prazer e glória, se perdêssemos a nossa alma (cf. Mt 16, 26).
            Nesse ponto queremos seguir o caminho dos santos e ter esse tema nas nossas conversas espirituais, como faziam São Bento e Santa Escolástica, São João da Cruz e Santa Teresa de Jesus, Santo Agostinho e Santa Mônica, dentre outros. Roguemos a Deus que o céu ilumine o nosso viver.
            Por isso, propomos as características da nossa pátria, o céu, que a Revelação na Sagrada Escritura nos propõe:
Antepassados
Reunir-se com os nossos antepassados, nossa família:
“E Davi adormeceu com seus pais e foi sepultado na Cidade de Davi” (II Rs 2, 10).
Alegria
O céu é um lugar de alegria: “Muito bem servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-se com seu Senhor” (Mt 25, 21). Servos, aqueles que serviram na fidelidade e na bondade, vão ficar na alegria eterna do Senhor.
Preparado desde o começo
“Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo” (Mt 25, 34).
No céu estão os benditos do Pai, porque serviram Jesus nos pequeninos. O céu está preparado desde o início do mundo para acolher os probos.
Vivos
“Ele não é Deus de mortos, mas sim de vivos, todos com efeito, vivem para Ele” (Lc 20, 38). Viver para Deus, pois quando se apresenta para Moisés, o Senhor se apresenta com o Deus dos pais (cf. Ex 3, 6) e não de pessoas que não vivem, não atuam, não se relacionam mais. No céu “não tomam nem mulher nem marido, como também não podem morrer, são semelhantes aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição” (Lc 20, 37). O relacionamento sexual não existirá mais, pois não há procriação e tudo o que está em torno dela. Como anjos, isto é, seremos como os seres espirituais que vivem em e para Deus. Filhos da ressurreição pois seremos filhos de Deus na carne que entra na eternidade e nunca deixaremos de sermos seres humanos, seres bidimensionais, corpo e alma.
Pessoas
Seremos nós mesmos e não outros, como diz Jó, “Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros; de saudade me desfalece o coração dentro de mim” (Jó 19, 27). Não cabe reencarnação, nem em outras pessoas ou animais, pois o homem morre uma só vez e logo vem o juízo (cf. Hb 9, 27).
Reconhecer o outro
Reconheceremos uns aos outros. O rico “viu ao longe Abraão e Lázaro em seu seio” (Lc 16, 24a). Lázaro volta à sua origem, ao seio do pai, a família. O rico reconhece a Lázaro, o pobre que desprezou, porque Deus assim o permitiu. Por isso, reconheceremos os nossos e seremos reconhecidos por eles.
Lázaro, diferente do rico pode agora ser consolado, então o céu é um lugar de consolo. A Sagrada Escritura é o lugar apropriado para buscar saber o que é o céu e não pedir a Deus o espetáculo de redivivos que voltam para a terra e assim termos fé (cf. Lc 16, 29-31). A fé no céu busca na Sagrada Escritura seu alimento.
Hoje
Não há sono, não há intervalos, “hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23, 43b), assim diz Jesus para aquele que está crucificado junto com ele. O céu começa, para aquele que está arrependido e reconhece-se pecador, aberto à graça, no hoje da morte entra-se no céu, na companhia de Deus e seu Reino, na companhia dos anjos e dos santos. “E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (Jo 1, 51).
Núpcias
O céu são as núpcias do Cordeiro, uma festa de casamento, “a ceia das bodas do Cordeiro” (Ap 19, 9) e como Igreja nos aprontamos para essas bodas (cf. Ap 19, 7). Portanto, o céu é a festa de casamento, amor de aliança que chega ao seu cume, não há espaço para tristeza, mas sim alegria eterna, confraternização eterna de um amor que nos une plenamente a Deus.
“Preparei meu banquete” (Mt 22, 4). O céu é banquete de núpcias, banquete é convivência numa mesa farta, não há mais necessidade e o amor transborda. É uma casa que ficará cheia (cf. Mt 22, 10). O desejo de Deus é que o céu fique cheio, esse banquete deve ter muitos convivas.
Jerusalém celeste
Jerusalém celeste que desce do céu (cf. Ap 21, 2.10). O céu não é mais um jardim (Gn 2, 8), mas na nova terra e no novo céu se instala uma cidade, lugar de morar juntos, vizinhos, espaço de convivência, como o sonho do profeta Zacarias para a era messiânica (cf. Zc 8, 5).
Como no caso do banquete, o desejo de Deus é que todos os seres humanos sejam salvos (cf. 1 Tm 2, 4). E na casa do Pai há muitas moradas (cf. Jo 14, 2), o nosso coração deve não se angustiar porque vivermos juntos na casa do Pai, tomemos posse desse desejo de Deus que nos liberta de toda angústia. Uma casa com muitos e muitos lugares para nos estabelecer e conviver com Deus, com os anjos e os seres humanos.
Nela haverá uma praça com rios e árvores da vida que frutificam sempre e remediam sempre (cf. Ap 22, 1-2), o antigo jardim se instala na convivência da cidade nova, Jerusalém celeste.
Lágrimas
A tristeza terminará no céu, não há mais morte, crises, dependências, necessidades, submissões pecaminosas, escravidão, tortura, instrumentalizações, dor, roubos, apegos, violência física ou verbal, carências, tudo será passado e será visto como um passado longínquo a partir do céu, o mundo e suas concupiscências passarão (cf. 1 Jo 2, 17).
“E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap 21, 4), Deus nos bastará e será tudo em todos (cf. 1 Cor 15, 28).
Comunhão
Céu será comunhão plena com Deus, com os anjos e com os santos. Conviveremos para sempre com Deus porque O veremos “tal como Ele é” (1 Jo 3, 2), “face a face” (1 Cor  13, 12) (cf. CIgC n. 1023). Na cidade celeste “estará o Trono de Deus e do Cordeiro, e seus servos lhes prestarão culto” (Ap 22, 3b), o louvor eterno nos reunirá a Deus e a todos os que estão e estarão no céu.


            O céu deve fazer parte de nossa oração, meditação, contemplação, sonhos, mas sabemos que a realidade estará sempre além, mas isso não deve ser empecilho para nosso sonho da Pátria do Louvor Eterno, às vezes nos atemos ao diz São Paulo: “mas, como está escrito:  ‘Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam’” (1 Cor 2, 9), porém não podemos parar nesse versículo, pois São Paulo continua “a nós, porém Deus o revelou pelo Espírito” (1 Cor 2, 10a). Peçamos que o Espírito Santo nos faça sonhar com o céu e seja o motivo maior de nossa contemplação. “Deus é amor” (1 Jo 4, 8), o céu começa aqui no amor, como espelho (cf. 1 Cor 13, 12). O amor nos deve fazer entrever o futuro céu que virá. Amém.

A vós, ó Deus, louvamos,
a vós, Senhor, cantamos.
A vós, Eterno Pai,
adora toda a terra.

A vós cantam os anjos,
os céus e seus poderes:
Sois Santo, Santo, Santo,
Senhor, Deus do universo!

Proclamam céus e terra
a vossa imensa glória.
A vós celebra o coro
glorioso dos Apóstolos,

Vos louva dos Profetas
a nobre multidão
e o luminoso exército
dos vossos santos Mártires.

A vós por toda a terra
proclama a Santa Igreja,
ó Pai onipotente,
de imensa majestade,

e adora juntamente
o vosso Filho único,
Deus vivo e verdadeiro,
e ao vosso Santo Espírito.

Ó Cristo, Rei da glória,
do Pai eterno Filho,
nascestes duma Virgem,
a fim de nos salvar.

Sofrendo vós a morte,
da morte triunfastes,
abrindo aos que têm fé
dos céus o reino eterno.

Sentastes à direita
de Deus, do Pai na glória.
Nós cremos que de novo
vireis como juiz.

Portanto, vos pedimos:
salvai os vossos servos,
que vós, Senhor, remistes
com sangue precioso.

Fazei-nos ser contados,
Senhor, vos suplicamos,
em meio a vossos santos
na vossa eterna glória.

(A parte que se segue pode ser omitida, se for oportuno).

Salvai o vosso povo.
Senhor, abençoai-o.
Regei-nos e guardai-nos
até a vida eterna.

Senhor, em cada dia,
fiéis, vos bendizemos,
louvamos vosso nome
agora e pelos séculos.

Dignai-vos, neste dia,
guardar-nos do pecado.
Senhor, tende piedade
de nós, que a vós clamamos.

Que desça sobre nós,
Senhor, a vossa graça,
porque em vós pusemos
a nossa confiança.

Fazei que eu, para sempre,
não seja envergonhado:
Em vós, Senhor, confio,
sois vós minha esperança!


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