Somos cidadãos do céu
(Cf. Fl 3, 20)
Nossa cidade é o céu, e lá se manifestará plenamente o
que somos: filhos de Deus (cf. 1 Jo 3, 2), e a razão do nosso viver é
participar da vida da Santíssima Trindade, participação que se inicia no
Batismo (cf. CIgC n. 265) nessa terra.
Desde que estávamos na mente de Deus, concebidos e
vivento nessa terra, unidos a Deus pela graça, até que um dia, chamados por Ele
e então morreremos e assim chegaremos ao Céu pela mesma graça, plenificados na
ressurreição da carne, participaremos plenamente da vida da Santíssima
Trindade.
Nascidos para o louvor da Glória de Deus (cf. Ef 1,
6.12.14), louvor que nos aproxima de Deus (Prefácio Comum IV do Missal Romano)
e é o que faremos na eternidade, o nosso louvor pertence ao Senhor Nosso Deus
(cf. Ap 7, 12).
O céu é a plenitude do nosso viver, pois o que adiantaria
ganhar o mundo inteiro, toda riqueza, prazer e glória, se perdêssemos a nossa
alma (cf. Mt 16, 26).
Nesse ponto queremos seguir o caminho dos santos e ter
esse tema nas nossas conversas espirituais, como faziam São Bento e Santa
Escolástica, São João da Cruz e Santa Teresa de Jesus, Santo Agostinho e Santa
Mônica, dentre outros. Roguemos a Deus
que o céu ilumine o nosso viver.
Por isso, propomos as características da nossa pátria, o
céu, que a Revelação na Sagrada Escritura nos propõe:
Antepassados
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Reunir-se
com os nossos antepassados, nossa família:
“E
Davi adormeceu com seus pais e foi sepultado na Cidade de Davi” (II Rs 2,
10).
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Alegria
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O
céu é um lugar de alegria: “Muito bem servo bom e fiel! Sobre o pouco foste
fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-se com seu Senhor” (Mt 25, 21).
Servos, aqueles que serviram na fidelidade e na bondade, vão ficar na alegria
eterna do Senhor.
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Preparado
desde o começo
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“Vinde,
benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a
fundação do mundo” (Mt 25, 34).
No
céu estão os benditos do Pai, porque serviram Jesus nos pequeninos. O céu
está preparado desde o início do mundo para acolher os probos.
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Vivos
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“Ele
não é Deus de mortos, mas sim de vivos, todos com efeito, vivem para Ele” (Lc
20, 38). Viver para Deus, pois quando se apresenta para Moisés, o Senhor se
apresenta com o Deus dos pais (cf. Ex 3, 6) e não de pessoas que não vivem,
não atuam, não se relacionam mais. No céu “não tomam nem mulher nem marido,
como também não podem morrer, são semelhantes aos anjos e são filhos de Deus,
sendo filhos da ressurreição” (Lc 20, 37). O relacionamento sexual não
existirá mais, pois não há procriação e tudo o que está em torno dela. Como
anjos, isto é, seremos como os seres espirituais que vivem em e para Deus.
Filhos da ressurreição pois seremos filhos de Deus na carne que entra na
eternidade e nunca deixaremos de sermos seres humanos, seres bidimensionais,
corpo e alma.
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Pessoas
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Seremos
nós mesmos e não outros, como diz Jó, “Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos
o verão, e não outros; de saudade me desfalece o coração dentro de mim” (Jó
19, 27). Não cabe reencarnação, nem em outras pessoas ou animais, pois o
homem morre uma só vez e logo vem o juízo (cf. Hb 9, 27).
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Reconhecer
o outro
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Reconheceremos
uns aos outros. O rico “viu ao longe Abraão e Lázaro em seu seio” (Lc 16,
24a). Lázaro volta à sua origem, ao seio do pai, a família. O rico reconhece
a Lázaro, o pobre que desprezou, porque Deus assim o permitiu. Por isso,
reconheceremos os nossos e seremos reconhecidos por eles.
Lázaro,
diferente do rico pode agora ser consolado, então o céu é um lugar de
consolo. A Sagrada Escritura é o lugar apropriado para buscar saber o que é o
céu e não pedir a Deus o espetáculo de redivivos que voltam para a terra e
assim termos fé (cf. Lc 16, 29-31). A fé no céu busca na Sagrada Escritura
seu alimento.
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Hoje
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Não
há sono, não há intervalos, “hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23, 43b),
assim diz Jesus para aquele que está crucificado junto com ele. O céu começa,
para aquele que está arrependido e reconhece-se pecador, aberto à graça, no
hoje da morte entra-se no céu, na companhia de Deus e seu Reino, na companhia
dos anjos e dos santos. “E acrescentou: Em verdade,
em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e
descendo sobre o Filho do Homem” (Jo 1, 51).
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Núpcias
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O
céu são as núpcias do Cordeiro, uma festa de casamento, “a ceia das bodas do
Cordeiro” (Ap 19, 9) e como Igreja nos aprontamos para essas bodas (cf. Ap
19, 7). Portanto, o céu é a festa de casamento, amor de aliança que chega ao
seu cume, não há espaço para tristeza, mas sim alegria eterna,
confraternização eterna de um amor que nos une plenamente a Deus.
“Preparei
meu banquete” (Mt 22, 4). O céu é banquete de núpcias, banquete é convivência
numa mesa farta, não há mais necessidade e o amor transborda. É uma casa que
ficará cheia (cf. Mt 22, 10). O desejo de Deus é que o céu fique cheio, esse
banquete deve ter muitos convivas.
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Jerusalém
celeste
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Jerusalém
celeste que desce do céu (cf. Ap 21, 2.10). O céu não é mais um jardim (Gn 2,
8), mas na nova terra e no novo céu se instala uma cidade, lugar de morar
juntos, vizinhos, espaço de convivência, como o sonho do profeta Zacarias
para a era messiânica (cf. Zc 8, 5).
Como
no caso do banquete, o desejo de Deus é que todos os seres humanos sejam
salvos (cf. 1 Tm 2, 4). E na casa do Pai há muitas moradas (cf. Jo 14, 2), o
nosso coração deve não se angustiar porque vivermos juntos na casa do Pai, tomemos
posse desse desejo de Deus que nos liberta de toda angústia. Uma casa com
muitos e muitos lugares para nos estabelecer e conviver com Deus, com os
anjos e os seres humanos.
Nela
haverá uma praça com rios e árvores da vida que frutificam sempre e remediam
sempre (cf. Ap 22, 1-2), o antigo jardim se instala na convivência da cidade
nova, Jerusalém celeste.
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Lágrimas
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A
tristeza terminará no céu, não há mais morte, crises, dependências, necessidades,
submissões pecaminosas, escravidão, tortura, instrumentalizações, dor,
roubos, apegos, violência física ou verbal, carências, tudo será passado e será
visto como um passado longínquo a partir do céu, o mundo e suas
concupiscências passarão (cf. 1 Jo 2, 17).
“E lhes enxugará dos olhos
toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem
dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap 21, 4), Deus nos bastará e será
tudo em todos (cf. 1 Cor 15, 28).
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Comunhão
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Céu
será comunhão plena com Deus, com os anjos e com os santos. Conviveremos para
sempre com Deus porque O veremos “tal como Ele é” (1 Jo 3, 2), “face a face”
(1 Cor 13, 12) (cf. CIgC n. 1023). Na
cidade celeste “estará o Trono de Deus e do Cordeiro, e seus servos lhes
prestarão culto” (Ap 22, 3b), o louvor eterno nos reunirá a Deus e a todos os
que estão e estarão no céu.
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O céu deve fazer parte de nossa oração, meditação,
contemplação, sonhos, mas sabemos que a realidade estará sempre além, mas isso
não deve ser empecilho para nosso sonho da Pátria do Louvor Eterno, às vezes
nos atemos ao diz São Paulo: “mas, como está escrito: ‘Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem
jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o
amam’” (1 Cor 2, 9), porém não podemos parar nesse versículo, pois São Paulo
continua “a nós, porém Deus o revelou pelo Espírito” (1 Cor 2, 10a). Peçamos
que o Espírito Santo nos faça sonhar com o céu e seja o motivo maior de nossa
contemplação. “Deus é amor” (1 Jo 4, 8), o céu começa aqui no amor, como
espelho (cf. 1 Cor 13, 12). O amor nos deve fazer entrever o futuro céu que
virá. Amém.
A vós, ó Deus, louvamos,
a vós, Senhor, cantamos.
A vós, Eterno Pai,
adora toda a terra.
A vós cantam os anjos,
os céus e seus poderes:
Sois Santo, Santo, Santo,
Senhor, Deus do universo!
Proclamam céus e terra
a vossa imensa glória.
A vós celebra o coro
glorioso dos Apóstolos,
Vos louva dos Profetas
a nobre multidão
e o luminoso exército
dos vossos santos Mártires.
A vós por toda a terra
proclama a Santa Igreja,
ó Pai onipotente,
de imensa majestade,
e adora juntamente
o vosso Filho único,
Deus vivo e verdadeiro,
e ao vosso Santo Espírito.
Ó Cristo, Rei da glória,
do Pai eterno Filho,
nascestes duma Virgem,
a fim de nos salvar.
Sofrendo vós a morte,
da morte triunfastes,
abrindo aos que têm fé
dos céus o reino eterno.
Sentastes à direita
de Deus, do Pai na glória.
Nós cremos que de novo
vireis como juiz.
Portanto, vos pedimos:
salvai os vossos servos,
que vós, Senhor, remistes
com sangue precioso.
Fazei-nos ser contados,
Senhor, vos suplicamos,
em meio a vossos santos
na vossa eterna glória.
(A parte que se segue pode ser omitida,
se for oportuno).
Salvai o vosso povo.
Senhor, abençoai-o.
Regei-nos e guardai-nos
até a vida eterna.
Senhor, em cada dia,
fiéis, vos bendizemos,
louvamos vosso nome
agora e pelos séculos.
Dignai-vos, neste dia,
guardar-nos do pecado.
Senhor, tende piedade
de nós, que a vós clamamos.
Que desça sobre nós,
Senhor, a vossa graça,
porque em vós pusemos
a nossa confiança.
Fazei que eu, para sempre,
não seja envergonhado:
Em vós, Senhor, confio,
sois vós minha esperança!