INSTITUTO MISSIONÁRIO SERVOS DE JESUS
SALVADOR
ESPIRITUALIDADE
CARISMÁTICA SALVISTA
São Paulo – 2016
INSTITUTO MISSIONÁRIO SERVOS DE JESUS
SALVADOR
Frater Ailton Carlos de Sousa Marcos, sjs
Frater Antonio José Batista Pereira, sjs
Frater Ismael Maria da Cruz da Silva Oliveira, sjs
Frater João Mario Machado Júnior, sjs
Frater João Pedro Gonzaga da Silva, sjs
Frater José Maria Leite Barbosa, sjs
Frater Luiz Francisco da Silva Monteiro, sjs
Frater Miguel da Misericórdia Oliveira, sjs
Frater Pedro da Cruz Rodrigues de Arruda, sjs
Frater Pio da Cruz Costa da Silva, sjs
ESPIRITUALIDADE
CARISMÁTICA SALVISTA
Resultado de trabalhos expostos na Formação para o Juniorado e
Seniorado Monografia no “Seminário Nossa Senhora de Pentecostes” sob orientação
do Pe. Micael de Moraes,sjs.
São Paulo – 2016
ÍNDICE
INTRODUÇÃO..............................................................................................................04
Capítulo
1 - ESPIRITUALIDADE CARISMÁTICA NA SAGRADA ESCRITURA E NA VIDA DA IGREJA.................................................................................................05
Capítulo 2 - BREVE
HISTÓRICO RCC.......................................................................08
Capítulo 3 - ESPIRITUALIDADE CARISMÁTICA DE PE GILBERTO
MARIA DEFINA, SJS..................................................................................................................14
Capítulo 4 - TIPO IDEAL
DO CARISMÁTICO SALVISTA......................................19
Capítulo 5 - AÇÃO PASTORAL E ESPIRITUALIDADE CARISMÁTICA SALVISTA......................................................................................................................23
CONCLUSÃO................................................................................................................
31
BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................32
INTRODUÇÃO
Neste pequeno trabalho buscou-se, através de uma reflexão
coletiva, alinhavar os principais pontos de uma espiritualidade carismática
salvista.
Para tal intento, num primeiro capítulo buscou-se a base
escriturística da espiritualidade carismática. No segundo capítulo, focamos na
Renovação Carismática Católica como um movimento atual na Igreja que procura
viver tal espiritualidade.
A partir da RCC surgem várias comunidades e movimentos, e
uma delas é Fraternidade Jesus Salvador e mais especificamente o Instituto
Missionário Servos de Jesus Salvador. Por isso, descrevemos brevemente a
espiritualidade carismática vivida pelo Fundador, Pe Gilberto, depois como o
salvista vive tal espiritualidade e finalmente coletamos depoimento de pessoas
ligadas à Fraternidade e ao Instituto que testemunhem a vivência de uma
espiritualidade carismática salvista.
Capítulo 1 - ESPIRITUALIDADE
CARISMÁTICA NA SAGRADA ESCRITURA E NA VIDA DA IGREJA.
1-
Espiritualidade Carismática no Antigo Testamento.
Desde
o inicio da Sagrada Escritura vemos a ação e a presença do Espírito de Deus
(cf. Gn 1,2). É ele quem traz um dinamismo na obra da Criação Trinitária, por
isso é identificado como Ruah, principio da vida. Apesar da não compreensão do
Espírito como pessoa da Trindade, vemos em diversos momentos no AT, a crença no
Espírito de Deus, que se torna elo da ação de YHVH entre os homens.
Após
diversas manifestações da presença do Espírito de Deus, orientando, iluminando
e guiando, a obra criadora tal como se dá em José, no livro do Gn 41,38; o
Espírito de Deus vai ser identificado como força na vida dos juízes e nos
primeiros reis de Israel. Ele se tornar a manifestação do poder, para fazer
triunfar a causa do Senhor. “É este Espírito que reveste Gedeão (cf. Jz 6,34),
vêm sobre Jefté (cf. Jz 11,29) e que impele Sansão (13,25).” (Cf. DICIONÁRIO
ENCICLOPÉDICO DA BIBLIA, 2013, pg. 475). Quando o Espírito de Deus vem sobre
estes homens, são revestidos de uma força sobrenatural, realizando com triunfo
o querer de YHVH. Este poder não é um poder passageiro mais de uma força
permanente que YHVH concede por causa da missão a eles confiada.
Dentre
algumas figuras carismáticas do AT, podemos ressaltar as figuras de Moisés,
Josué e Davi. Estes receberam o Espírito de Deus, para libertar e mostrar a
todos os povos, que não há outro deus, além de YHVH. Em Davi vemos a
investidura através da unção real, pela qual é tomado pelo poder do Espírito de
Deus (cf. I Sam 16, 13). Em seguida o Espírito de Deus, fazia falar os profetas
e por meio disso YHVH, exortava, julgava e revelava os seus projetos divinos.
Estes homens foram tomados pela força de Deus, e o seu profetismo chamou o povo
de Israel à volta da fidelidade.
2-
Espiritualidade Carismática no Novo Testamento e na vida da Igreja.
No
NT se retoma todos os termos do AT sobre o Espírito de Deus. Podemos destacar
dois pontos sobre o Espírito de Deus, no NT. O primeiro deles é que o Espírito
de Deus se revela em Jesus o Messias. Na cena do Batismo, o Pai revela Jesus
como Messias Eleito, e a presença do Espírito de Deus mostra que, tal como
outrora Davi fora ungido, Jesus que é o Novo Davi é o possuidor da unção de
Deus, pois Ele é o Ungido cheio do Espírito (Mt 3,16; Mc 1,10; Lc 3,22; Jo
1,32). No inicio da vida pública os atos de Jesus suas curas, libertações e
demais atividades demonstravam quem Ele era, e que estava cheio do Espírito de
Deus. E como segundo ponto que vemos é
que, o Espírito é identificado como pessoa por meio da Revelação. As expressões
que são retomadas no NT mostram que cada vez mais o Espírito de Deus é uma
pessoa e não uma coisa. É o Espírito que vem do Alto, é Ele que é derramado, é
Ele quem enche e habita no homem, tendo como lugar central desta revelação, a
pessoa de Jesus Cristo. E isso se mostra visível a nós no relato do Batismo de
Jesus no Jordão.
Na
Igreja primitiva vemos que o Espírito de Deus era identificado como força ou
dom. Em Atos 2, 1-13. Ele é o dom gratuito derramado que dá dinamismo a Igreja
de Cristo, fazendo com que, os apóstolos sejam tomados pelo poder de Deus. Este
poder dá vivacidade aos apóstolos e eles realizam os atos que Cristo realizou,
mostrando que o Senhor está com eles (Atos 3,6).
Vemos que a presença do
Espírito de Deus, na Igreja realiza-se diversas manifestações que serão
identificadas como dons carismáticos (que vão dos ordinários aos comuns). Estes
de forma especial estão presentes na I Coríntios 12,1-11, mais também presente
em todo o NT. Este Dom do Espírito Santo, manifesta nos homens, as graças
divinas, para que através dos carismas, o homem se aproprie da Obra da
Salvação, realizada por Cristo Jesus.
Na
vida da Igreja jamais podemos notar um extinguir-se dos carismas do Espírito
Santo. A Igreja é participante da missão profética de Cristo. Ela participa da
missão de Jesus, à medida que dá testemunho vivo ao mundo da força de Jesus
Ressuscitado. E é a através da fé que este testemunho ganha visibilidade num
consenso universal. Está fé é suscitada pelo Espírito Santo, que traz sua unção
(cf. I João 2,20). Estes carismas têm a finalidade de serviço as mais diversas
necessidades da Igreja, e são distribuídos pelo Espírito Santo conforme lhe
apraz.
A graça é antes de tudo
e principalmente o dom do Espírito que nos justifica e nos santifica. Mas a
graça compreende igualmente os dons que o Espírito nos concede, para nos a
associar à sua obra, para nos tornar capazes de colaborar com a salvação dos
outros e com o crescimento do corpo de Cristo, a Igreja. São as graças
sacramentais dons próprios dos diferentes sacramentos. São, além disso, as
graças especiais, chamadas também "carismas", segundo a palavra grega
empregada por S. Paulo e que significa favor, dom gratuito, benefício. Seja
qual for seu caráter, às vezes extraordinário, como o dom dos milagres ou das
línguas, os carismas se ordenam à graça santificante e têm como meta o bem
comum da Igreja. Acham-se a serviço da caridade, que edifica a Igreja.
(CATECISMO DA IGREJA CATOLICA, 2000, pg. 528)
Concluímos
que a missão do Espírito Santo está para inserir a obra criacional, no seio da
Trindade e, em toda a atividade e manifestação do Espírito Santo, que quer
restaurar e renovar a face da Terra, agindo e falando por meio das Escrituras e
do Magistério da Igreja.
Podemos
destacar também essa ação atual do Espírito Santo na vida e vocação do nosso
pai-fundador e no processo da fundação da Fraternidade Jesus Salvador. A partir
da experiência da Efusão do Espírito Santo, padre Gilberto se sente chamado a
uma nova fundação no seio da Igreja, uma comunidade religiosa que tivesse e se
orientasse segundo as moções e a Pessoa do Espírito Santo.
Percebemos
que nesta ação carismática, o Espírito Santo tal como agiu na vida dos reis,
juízes e profetas, ainda hoje escolhe homens aparentemente debilitados para a
manifestação da sua Força. Estes homens são revestidos do poder sobrenatural de
Deus, manifestando em cada tempo especifico a vontade de Deus. No caso de nosso
pai-fundador, surge o primeiro seminário carismático para atender uma
necessidade da época, bem como dos tempos vindouros. Este seminário terá por
carisma o Louvor de Deus, que nada mais é que ação do próprio Espírito agindo
no homem, através do Homem-Deus Jesus Cristo em um perfeito Louvor ao Pai.
Capítulo 2 - BREVE HISTÓRICO RCC
Em
9 de maio de 1897, o Papa Leão XIII publicou a Encíclica Divinum Illud Munus” –
“Sobre o Espírito Santo” – “lamentando que o Espírito Santo fosse tão pouco
conhecido, concita o povo a uma devoção maior ao Espírito”.
Passadas
algumas décadas, foi convocado solenemente, no dia 25 de dezembro de 1961,
através da constituição Apostólica “Humanae Salutis”, o Concílio Vaticano II
(1962-1965), Assim, os padres conciliares dedicaram atenção especial à ação
mais livre do Espírito Santo como autor do elemento carismático, na vida e
estrutura da igreja. Segundo João XXIII, o Concílio deveria ser uma “abertura
de janelas” para que um “ar novo e fresco” renovasse a igreja.
A
Renovação Carismática Católica teve sua origem em um retiro espiritual
realizado em fevereiro de 1967, na Universidade de Duquesne (Pittsburgh –
Pensylvania – estados Unidos).
Uma
das estudantes que participou do retiro, assim relatou o que aconteceu naqueles
dias:
Tivemos
um Fim de Semana de Estudos nos dias 17-19 de fevereiro. Preparamo-nos para
este encontro, lemos os Atos dos Apóstolos e um livrinho intitulado "A
Cruz e o Punhal" de autoria de David Wilkerson. Eu fiquei particularmente
impressionada pelo conhecimento do poder do Espírito Santo e, pelo vigor e a
coragem com que os apóstolos foram capazes de espalhar a Boa Nova, após o
Pentecostes. Eu supunha, naturalmente, que o Fim de Semana me seria proveitoso,
mas devo admitir que nunca poderia supor que viria a transformar a minha vida!
Não
se havia passado um ano sequer do término do Concílio, quando começou a
despertar o movimento religioso chamado agora Renovação Carismática Católica.
Aquele
grupo de professores e estudantes da Universidade reuniu-se para orar,
conscientes de que a força da comunidade cristã primitiva estivera na vinda do
Espírito Santo em Pentecostes, pediam que esse mesmo Paráclito manifestasse
neles Sua presença cheia de poder, em favor da sua própria vida espiritual e de
trabalho apostólico, oraram uns pelos outros, clamando: “Vem, Espírito Santo!”.
A
partir daí, entre 1970 e 80, houve uma explosão de manifestações de Deus na
vida de muitos grupos que oravam, pedindo a renovação no Espírito Santo.
Em
diversos lugares do mundo se experimentou uma nova efusão do Espírito Santo.
De
1980 a 1990, a Renovação Carismática Católica ampliará suas relações com a
hierarquia da igreja. Neste período haverá um esforço de aproximação entre os
diversos países e a consolidação de organizações nacionais e internacionais.
No
ano de 2000 a RCC encontrava-se em 235 países, por onde se distribuía em cerca
de 148. 000 Grupos de Oração.
A
Renovação Carismática Católica chegou ao nosso país por volta de 1970 e
difundiu-se rapidamente por todos os estados.
No
Brasil, a RCC teve origem na cidade de Campinas – Estados de São Paulo –
contando aqui com o papel decisivo dos Padres Jesuítas Haroldo Hahm, ( ),
Eduardo Dougherty (Associação do Senhor Jesus e TV Século XXI) e pe. Sales (já
falecido). Estes sacerdotes começaram a realizar retiros chamados “Experiência
do Espírito Santo” e, mais tarde, Experiência de Oração”. A medida que isto
acontecia, a RCC se expandia, surgindo instância de coordenação, em diversos
pontos do país, começaram também a experimentar um novo ardor na evangelização,
nos trabalhos apostólicos, na vida de oração, no estudo da Bíblia e frequência
à Eucaristia.[1]
1-
A Espiritualidade da RCC
Espiritualidade é antes
de tudo, uma exigência do ser humano, ou seja, de raízes antropológicas, é a
abertura do homem à transcendência (o que vai além do plano humano). Nós temos
em nós sementes de eternidade, porque o homem é um ser incansável, pula de
desejo em desejo, isto é prova do desejo de transcendência, cuja tensão existe
entre o que queremos e a realidade frágil em que vivemos. Assim, a religião
abre os olhos do homem para uma amplitude maior e um relacionar-se com o
Divino.
A espiritualidade de um
movimento é uma forma específica de responder ao chamado de Deus, bem como de
colaborar no Seu plano de salvação. Ou, dizendo de outra forma, é um modo
específico de relacionar-se com Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo e com
a Igreja, corpo místico de Cristo, em sua expressão terrena e celestial e com
as pessoas, a partir de uma experiência pessoal de salvação (experiência
religiosa).
As características
principais da espiritualidade da RCC são:
I.
Espiritualidade trinitária:
A espiritualidade da RCC só pode ser Trinitária, uma vez que contempla, em sua
prática, o relacionamento com as Três Pessoas da Santíssima Trindade; “A grande
fundamentação teológica da Renovação espiritual carismática está, portanto, no
Mistério Trinitário, e particularmente no conhecimento progressivo da Pessoa do
Espírito Santo e em sua ação insubstituível e ininterrupta na Igreja e em cada
um de nós.”[2]
II.
Antecedente histórico:
A espiritualidade carismática se liga ao fato mais importante da Igreja, o
derramamento do Espírito no primeiro Pentecostes. Dia este, da plena revelação
da Santissima Trindade.
Tendo-se
completado o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De
repente, veio do céu um ruído, como o agitar-se deum vendaval impetuoso, que
encheu toda a casa onde se encontravam. Apareceram-lhes, então, línguas como de
fogo, que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. E todos ficaram
repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o
Espírito lhes concedia se exprimirem. (At 2, 1 - 4)
Após
Pentecostes e também nos Santos Padres há registros de uma espiritualidade
carismática, onde se fala sobre os diversos carismas ou dons carismáticos na
Igreja, isto é São Joao Crisóstomo no século IV: “Pelo Espirito Santo vemos
assembleias de sacerdotes e possuímos multidões de doutores; desta nascente
brotam dons de revelação , graças de cura e todos os outros carismas que
adornam a Igreja de Deus.”[3]
III.
Experiência Pentecostal:
Esta dimensão nasce no seio da RCC, pois ela mesma tem na sua origem o fato de
ser agraciada com o Dom de Pentecostes acompanhado dos mesmos sinais e
prodígios que se manifestaram na Igreja primitiva, tal como São João XXII pediu
na oração preparatória do Concílio Vaticano II. A RCC nasce do anelo e da
esperança que o Senhor realizasse em nossos dias, em vista da renovação
profunda de sua Igreja, o que sucedeu no primeiro pentecostes; Na introdução do
Documento 53 da CNBB afirma: “entre os vários movimentos de renovação
espiritual e pastoral do tempo pós-conciliar, surgiu a RCC em muitas dioceses e
também a contribuição que têm trazido a Igreja do Brasil, é preciso estabelecer
o diálogo fraterno no seio da comunidade eclesial, apoiando o sadio pluralismo,
acolhendo a diversidade de carismas e corrigindo o que for necessário”.[4]
IV.
Revivamento sacramental:
Como consequência do derramamento do Espírito Santo nos nossos corações, ou
seja, através do batismo no Espirito Santo que não é sacramento, põe em
atividade as Graças recebidas nos sacramentos além de nos convencer da
necessidade de uma vida sacramental, da necessidade da Eucaristia, da
Confissão,do valor do Crisma, da importância do sacramento do matrimônio e
vivenciados em plenitude.[5]
V.
Consciência do poder e da ação do
Espírito Santo
Como afirmou muitos
papas: Paulo VI, São Joao Paulo II e por último o papa Francisco a RCC é uma
corrente de graça e não só um movimento, pois pelo Batismo no Espirito Santo
acontece uma transformação interior pela conversão e adesão à Cristo,
renascidos pelo Espirito Santo para uma nova vida crista.
VI.
Docilidade ao Espírito Santo
No domingo de
Pentecostes o papa Francisco falou sobre a importância da docilidade ao
Espirito de Deus.
A
docilidade ao Espírito é fundamental para entendermos as coisas de Deus.
Ninguém muda se não for pela ação do Espírito Santo! Sem o Espírito seremos
cristãos artificiais, pseudos seres humanos, homens e mulheres sem futuro e sem
história, gente de laboratório, sem vida. Para vencermos, precisamos do
Espírito Santo. Ele comunica nova força a nossa existência. Com Ele nunca nos
desviaremos da Vontade de Deus. Que lucro conhecer, amar e invocar o Espírito
Santo! É ainda graças ao Espírito Santo que recebemos o dom de perscrutar as
profundezas do pensamento de Deus e da Sua Vontade sobre nós. Ninguém pode ser
intimo de Deus se não for amigo do Espírito Santo! A vida cristã consiste
justamente em caminhar segundo o Espírito. Como? Julgando, vendo, amando e
decidindo segundo o Coração de Deus na força da assistência contínua e
permanente do Espírito![6]
VII.
A prática dos carismas: distintivo
e nossa espiritualidade
A
redescoberta do poder do Espírito Santo significa também a redescoberta dos
seus Carismas. A Renovação Carismática está consciente de que esses dons
gratuitos de Deus não foram privilégio da Igreja primitiva. Pertencem à vida
normal da Igreja. A RCC tem como distintivo da outras espiritualidades a
aceitação e a prática dos carismas.
2-
A Espiritualidade Carismática na Fraternidade
Jesus Salvador
Ao vislumbrar os inicios da RCC e os aspectos da sua
espiritualidade, quem sabe, de fato, constatar um movimento fruto do Concilio
Vaticano II e deste estupendo movimento surgiu por obra do mesmo Espirito, como
de um dom carismático: o “carisma fundacional”, isto é, a própria Fraternidade
Jesus Salvador, a partir da Efusão ou batismo no Espirito que experimentou o
nosso fundador Padre Gilberto Maria Defina, assim surgiu esta obra cuja
espiritualidade é essencialmente carismática, sem falar de outras comunidades e
Institutos provenientes da mesma experiencia. No dia 29 de
novembro de 1972 disse o Servo de Deus Papa Paulo VI:
“A Igreja tem necessidade de um perene
Pentecostes; necessita de fogo no coração, de palavra nos lábios, de iluminação
no olhar. A Igreja necessita ser templo do Espírito Santo, isto é, de total
limpeza e de vida interior; necessita voltar a sentir dentro de si, em nosso
mundo vazio, de homens modernos, totalmente extrovertidos pelo encantamento da
vida exterior, sedutora, fascinante que corrompe com lisonjas de falsa
felicidade, necessita voltar a sentir, repetimos, como que elevar-se do profundo
de sua personalidade íntima um pranto, uma poesia, uma prece, um hino, isto é,
a voz orante do Espírito que, como ensina São Paulo, ocupa nosso lugar e ora em
nós e por nós “com gemidos inenarráveis” e interpreta as palavras que nós
sozinhos não saberíamos dirigir a Deus (cf. Rm 8,26-27)”. Homens de hoje,
jovens, almas consagradas, irmãos no sacerdócio! Vós nos escutais? A Igreja tem
necessidade disto. Tem necessidade do Espírito Santo. Do Espírito Santo em nós,
em cada um de nós, em todos nós juntos, em nós – Igreja”.
Encontra-se
nos lábios de nosso fundador Padre Gilberto Maria Defina o mesmo desejo para
esta obra: os sacerdotes serão formados em sacerdotes de fogo, e quando se
torna fogo ungido pelo Espirito, tendo sentido e experimentado Deus em sua
pessoa inteira, transmuda-se, se faz fogo e luz, alumia o semblante e os
corações, e o povo sente o calor, a unção.[7] E, ainda nos deixou um
lembrete quanto a nossa espiritualidade: “Quanto respeite á espiritualidade e a
pratica dos dons do Espirito Santo, da aplicação dos carismas, de quanto o
Apostolo Paulo nos afirma em I Cor 12,13 e 14, não podemos deixar de
testemunhar.”[8]
E, quando o fundador pensou a primeira coluna da Fraternidade a Espiritualidade
Carismática ele queria que fossemos “testemunhas de Jesus Cristo, copiando-lhe
a Vida, em sua Doutrina e em sua Ação: um Salvador que salva, que cura e que
liberta o povo de Deus.”[9]
Assim
sendo, a espiritualidade carismática é antes de tudo, Trinitária que partindo
do amor do Pai que é revelado no seu Filho Jesus Cristo que no salvou e nos
marcou com o seu Espirito que clama em nós aba, ó Pai, porque somos agora seus
filhos amados, pois estamos sendo animados pelo Espírito do seu Filho que
habita agora em nossos corações (Gal 4,6). Portanto, a missão de todo cristão
carismatico é revelar esse amor sob a ação do Espírito Santo de Deus
proclamando uma nova efusão do Espirito como em Pentecostes.
Em
Duquesne foi o acontecimento que marcou o inicio da RCC, mas a experiência do
batismo no Espirito já era conhecido por muitos santos e místicos da Igreja,
apesar de não muito divulgado e pregado como agora quer acentuar a Renovação
Carismática Católica pela prática dos carismas, isto é, o distintivo do
movimento e pelo reavivamento da fé sacramental e sua importância. Num contexto
eclesial e social em que nasceu os grupos de oração em São Paulo lá estava o
Pe. Gilberto, fundador da Fraternidade Jesus Salvador, em meio as inúmeras
vocação provindas da espiritualidade carismática e por outro lado da rejeição
de alguns clérigos que não aceitavam este novo movimento e repreendia os
seminaristas, mas o Espirito que sopra onde quer, impulsionou a criação do
seminário carismático onde o Padre Gilberto queria acolher tais vocações que
pelos frutos que contemplava, com certeza, a arvore era boa.
Capítulo
3 - ESPIRITUALIDADE CARISMÁTICA DE PE
GILBERTO MARIA DEFINA, SJS
Para falarmos da
espiritualidade carismática do Pe. Gilberto, faz-se necessário retomarmos
alguns pontos do que a Renovação Carismática nos ensina acerca da vida no
Espírito e qual a concepção dele acerca do movimento. Deste modo, os pontos que
seguem apresentam, de forma sucinta, os princípios fundamentais da RCC e suas
características principais enquanto movimento.
1.
Os princípios fundamentais da RCC
A Renovação Carismática Católica é a iniciativa do
Espírito de Deus para a renovação da
Terra. É uma redescoberta experiencial da ação do Espírito Santo na vida dos
cristãos.
Essa redescoberta experiencial é uma espécie de
experiência espiritual, como uma graça de desbloqueio e de descobrimento
místico, que tem como efeito radical a reatualização do batismo e da
confirmação, como em um novo Pentecostes. É como se a vida cristã, vivida e
mantida desde sempre, fosse objeto de uma súbita descoberta no impulso do
Espírito Santo. Tal estado, sempre latente e avivado com facilidade,
caracteriza-se por três elementos: conversão pessoal, reconhecimento de Jesus
Cristo e nova abertura para a ação do Espírito Santo (Cf. THILS, 1987, p. 54)
a) Conversão pessoal:
A autenticidade da experiência com o Espírito Santo não
pode ser averiguada pela análise da experiência em si, mas pelos efeitos na
vida da pessoa, ou seja, essa experiência que proporciona ao homem um grande
encontro com o amor de Deus, proporciona também essa metanóia, não forçada, mas
como consequência da experiência do amor. O homem sente-se amado por Deus, e
porque quer corresponder a esse amor, olha para si mesmo, vê o que não condiz e
o que não corresponde ao amor de Deus, e procura a conversão.
b) Reconhecimento de
Jesus Cristo como Senhor:
“A Renovação Carismática Católica é profunda e
essencialmente cristocêntrica: proclama a Jesus como Salvador e Senhor” (Declaração Pastoral sobre a Renovação
Carismática dos Bispos norte-americanos, de Março de 1984).
Declarar Jesus como o Senhor só se é possível pela ação
do Espírito de Deus, conforme nos diz São Paulo em sua carta aos Coríntios (cf.
1 Cor 12, 3). Esse reconhecimento é a tomada de consciência de que tudo que
existe é obra d’Ele. Ele é o Verbo, a Palavra criadora de Deus e por isso todas
as coisas estão submetidas a Ele. É reconhecer-se pequeno e ao mesmo tempo a
Sua grandeza. Ele é o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim de todas as coisas. É
o Senhor do mundo. O único Senhor.
Este mundo que se dessacraliza cada vez mais, põe o homem
como o centro de todas as coisas, como o senhor do mundo, é o antropocentrismo
e o individualismo que o engana a respeito de seu lugar no mundo e o faz pensar
que não há nada e ninguém acima dele.
c) Abertura á ação do
Espírito
O Espírito Santo sempre esteve presente na igreja. O
livro dos Atos dos Apóstolos que narra o nascimento e o desenvolvimento da
igreja, pós ascensão de Jesus, relata a ação poderosa do Espírito Santo na vida
dos Apóstolos, dos discípulos e na vida daqueles que com eles se encontravam.
A
redescoberta do poder do Espírito Santo significa também a redescoberta dos
Carismas. A Renovação Carismática está consciente de que esses dons gratuitos
de Deus não foram privilégio da Igreja primitiva. Pertencem à vida normal da
Igreja. Todo o seu valor está em serem dados para a construção da Igreja na
caridade (cf. 1 Cor 12 - 14). Não representam um fim em si, mas tem uma
importância fundamental na edificação da igreja com poder. todos eles, até os que
poderiam parecer mais insignificantes, devem ser apreciados como dons do
Espírito Santo para contribuir poderosamente para a expansão e aprofundamento
do Reino de Cristo. Por isso, precisamente nos nossos dias, eles são mais
necessários neste mundo que nega o senhorio de Jesus. Eles, os Carismas,
manifestam isso e ajudam a testemunhar que Jesus Cristo está vivo e atuante por
intermédio do Espírito Santo (DOCUMENTO DO
ENCONTRO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO, 1987, n. 31).
2.
Padre Gilberto “Carismático”
Tendo como ponto
de partida aquilo que se entende por vida no Espírito segundo os moldes da RCC,
percebemos que não há distinção enre tal compreensão e aquilo que se pode
constatar nos escritos do padre Gilberto e de modo todo particular em sua vida.
A experiência do batismo no Espírito é marcada pelos
efeitos que dela derivam, ou seja, não é uma experiência sem um objetivo ou
apenas sensitiva e emocional, mas conduz o fiel a uma experiência de profunda
intimidade com Deus, o criador.
Para o Padre Gilberto ser carismático é entrar nesse
processo de encontro pessoal com Deus, mas sobretudo ter uma vida de total
abandono à Graça de Deus. Em sua vida, esse processo se deu de forma mais
perene no dia 09 de dezembro de 1987, dia do seu batismo no Espírito Santo.
Um novo itinerário iniciou em sua vida. Embora sacerdote
e já buscando caminhar na vontade de Deus, o primeiro elemento do batismo no
Espírito Santo, a conversão, realiza-se através da interior certeza que se teve
do amor de Deus. A autenticidade dessa
experiência na vida do padre, não se averigua por sinais sensíveis, pois,
segundo ele, nada sentira enquanto por ele oravam, mas tendo passado aquele dia
algo diferente acontecera: Foi afervorando-se e sentia seu coração incendiar
pelo amor de Deus.
O reconhecimento de Jesus como Senhor é o segundo
elemento do batismo no Espírito Santo. Esse elemento está intimamente ligado á
experiência do Pe. Gilberto e consequentemente com o carisma da Fraternidade
Jesus Salvador: O Louvor de Deus.
O Louvor de Deus é o reconhecimento da pequenez do homem,
de sua fragilidade enquanto ser humano, e da grandeza de Deus. Louvar ao Senhor
é ter consciência de que Ele é tudo e de que a cada segundo de nossa existência
devemos louvá-Lo, não somente pelo que Ele faz, mas principalmente pelo que Ele
é.
Por fim, quanto à abertura à ação do Espírito Santo,
terceiro elemento, padre Gilberto deixa claro a importância de que ocorra um
despertar dos carismas e da ação do Espírito quando fala aos seus filhos: “Os
javistas devem lhe dar com os dons carismáticos, tratando-os com carinho, com
bondade, recebendo-os carinhosamente e partilhando com os outros”. E ainda: “O
Instituto forma sacerdotes, irmãos, ungidos pelo espírito, através de uma
espiritualidade carismática, isto é, os dons carismáticos colocados em prática,
para evangelizar, salvar e santificar a humanidade”. Ou seja, para o padre
Gilberto, a experiência do batismo no Espírito Santo é também a cura do
individualismo porque abre o homem ao serviço, ao outro. É uma experiência de
salvação pessoal que não se fecha em si mesmo, mas que transborda na vida dos
irmãos. O carisma da Fraternidade nasce na Igreja com “a missão de levar o povo
a estar bem disposto ao Louvor de Deus”, ou seja auxilia o homem nessa abertura
à Graça de Deus e predispõe o seu coração à essa experiência profunda com o amor de Deus.
Dessa forma, de tudo que abordamos acima, vale ressaltar
que toda essa bagagem espiritual que o padre possuía, torna-se, hoje, herança
espiritual para seus filhos e filhas, como via de santificação pessoal e
comunitária, uma vez que sem uma vida carismática não se é possível viver o
Louvor de Deus em sua totalidade.
Capítulo
4 - TIPO IDEAL DO CARISMÁTICO SALVISTA
A primeira realidade
que precisamos trazem em mente quando nos referimos a tipo ideal, não é tanto o
que encontramos de objetivo naquela pessoa, sociedade, instituição, mas antes
de tudo é pensarmos em como ela deveria ser, quais as características que a
mesma deveria possuir, por exemplo, a democracia é um termo que ao ser dito
traz a mente muitas características das quais formam o ideal do termo.
O mesmo acontece quando
pensamos no termo carismático, no caso de nós enquanto salvistas, mesmo que
cada um tenha um ideal de ser carismático, o único modelo e referencial seguro
que possuímos é o de nosso Pai-Fundador, Padre Gilberto. O mesmo ao dizer que
esta Fraternidade é essencialmente carismática trazia em mente não somente o
que se tinha de escrito sobre o ser carismático de sua época, mas trazia em
mente a profundidade do termo e o que essas características que veremos em
breve, produziria na vida de cada salvista, e consequentemente na daqueles que
dele se aproximaria por meio de seu apostolado.
Por tal motivo
primeiramente podemos sublinhar que a experiência do Batismo no Espírito Santo
não é indivualista, sendo assim a mesma, não faz com que a pessoa que a faz, se
torne uma pessoa fechada em si, mas a leva em direção aos outros. Mas esse
movimento não parte da própria pessoa, o mesmo é ação da Graça de Deus que a
leva adiante, como a própria Virgem Maria que após o anuncio do Arcanjo corre
ao encontro de sua prima e cheia do Espírito Santo proclama em seu cântico as
maravilhas de Deus na historia da humanidade (Lucas1,46-55), ainda como vemos
com o próprio Jesus, que o Espírito o impulsiona ao deserto (Mateus 4, 1), e
ainda com Pedro no dia de pentecostes que movido pelo Espírito anuncia a todos
os presentes a maravilhosa noticia da ressurreição de Jesus (Atos 2, 14). Em
todos esses casos vemos que antes de as decisões serem tomadas, todos fizeram
um forte experiência da Pessoa do Espírito Santo, que os conduziu a realizar os
projetos de Deus para aquele momento. Por isso padre Gilberto apresenta como
condição essencial para ser carismático, ser conduzido pelo Espírito:
“Deixem-se guiar pelo Espírito Santo de Deus e sejam pastores segundo o Coração
de Jesus”. Por isso toda a consagração salvista é imbuída pelo desejo de se
deixar conduzir pelo Espírito Santo e se centraliza na consagração pessoal a
pessoa do Espírito Santo.
“Conscientes de nossa eleição, atendemos
livremente, na fé, ao chamado do Senhor: “Vem, segue-me”. Deixamo-nos conduzir
pelo Espírito Santo no seguimento de Cristo casto, pobre e obediente.”[10]
Essa experiência ainda
fez com que tantos homens e mulheres buscassem uma vida mais profunda e intima
com Deus. Por isso Padre Gilberto afirma:
O
primeiro chamado do religioso javista, Padre e Irmão, é, pois, o chamado à
oração. É nela que encontramos força para levar a bom termo nossa santificação
pessoal e a santificação daqueles com quem convivemos. Quando fatigados,
descansamos em Deus, pela oração. É necessário que sejamos, antes de tudo,
homens de oração.[11]
Sendo esse o primeiro chamado de cada religioso
salvista compreendemos o porque Padre Gilberto nas constituições de 1995
diz-nos que o “salvista prefere se tornar um místico e um asceta que um
trabalhador da vinha que não se detenhem na escolha da melhor parte”[12]
Essa vida de oração mais importante que grandes
trabalhos pastorais, que apoiados em técnicas não convertem e não proclamam
Jesus como o Senhor, é parte essencial para que o mesmo apostolado não se torne
infecundo, pois “acredita-se salvar mais almas pelo apostolado da oração do que
trabalhar confiando nas próprias forças”. Para que o salvista não se afogue em
tantos trabalhos pastorais, essa vida de oração que ajuda a manter a chama do
Espírito acesa, Padre Gilberto nos apresenta com as seguintes palavras a
importância dessa profunda intimidade com Deus:
Faz-se necessário um contínuo renovar-se no Espírito
para sempre manter a chama bem viva e fecunda. Por outra, pode se perder, por
tibieza e incúria, a graça do batismo no Espírito Santo. Nesta perspectiva,
toda a vida de oração do Instituto deve ser vivida de tal maneira que seja para
cada um, não como uma carga imposta, mas a expressão concreta da nossa vocação
apostólica.[13]
Essa intimidade ainda nos torna mais que criaturas,
ou marionetes como alguns podem pensar, pelo contrario ela nos faz filhos de
Deus, filhos íntimos dos projetos do seu pai, que os dá a conhecer. Toda oração
cristã brota de um coração à escuta do Espírito Santo, que nos introduz na
intimidade da Trindade e nos permite exclamar com o Filho: Abba! Pai![14]
Toda essa vida de
oração, desemboca em uma profunda busca pela conversão pessoal, que santificará
não só a pessoa, mas toda a comunidade onde ela mesma se encontra, por isso a
busca pela santidade pessoal terá primazia na vida de cada salvista, pois o
mesmo buscará conformar-se com a vida e os passos de seu Mestre. Como vai dizer
Padre Gilberto nas constituições de 1998§18: “É missão do Servo de Javé
Salvador aprender de seu Mestre, imitando-lhe a vida, em sua doutrina e em sua
ação”. Deixando para traz o espirito que movia o coração antes da experiência
do Batismo no Espírito Santo, o salvista busca louvar a Deus por meio da
própria vida santificada e transformada a semelhança de Jesus. “Este é o
sentido do verdadeiro homem carismático, daquele que renasceu da água e do
Espírito.”[15]
Sendo essa vida intima
com Deus, cada salvista é chamado primeiramente a embasar sua doutrina no
Magistério da Igreja e sua Tradição, tendo como primazia “Pregar o Evangelho e
testemunhar sem temor o nome de Jesus é sua própria, verdadeira e única Missão”[16]’.
“Por isso tem seus membros enviados sob a Unção do Espírito Santo.”[17]
Sendo assim todo
salvista deve ter um olhar não alienado da realidade, mas antes os mesmos
precisam estar profundamente atentos ao mundo e seus sinais, essa sensibilidade
padre Gilberto deseja que todos os salvistas tenham, afirma o mesmo:
O
Instituto deve estar constantemente atento aos sinais dos tempos, desejando que
se perpetue, através dele, em sua existência, o derramamento do Espírito Santo
de Deus, que o Amor misericordioso do Pai e do Filho, como em novo Pentecostes,
derramou nos corações de muitos cristãos desta geração[18]
Todos os ramos dessa Fraternidade são chamados a
viverem como transbordamento de sua intimidade com Deus, uma apostolicidade que
leve as pessoas que possuem contato com o salvista a experiência do Batismo no
Espírito, e o Anuncio keriguimático.
Sendo assim após apresentar as etapas nas quais o
salvista vive em sua Espiritualidade Carismática num todo, podemos dizer que o
ideal do carismático salvista possui as seguintes características: acredita que
os carismas são concedidos ainda hoje, confia mais na ação do Espírito que nas
capacidades do homem, ama a Palavra de Deus e a medita sempre,é obediente até a
morte,vivencia com profundidade os sacramentos recebidos, é assíduo no louvor
em todas as suas partes, possui profunda vida de oração, é místico e asceta,
porque quer salvar mais almas pela oração, acredita que o Pentecostes aconteça
nos dias de hoje, acredita incondicionalmente na ação da Providencia de Deus,
acredita na promessa que todos podem ser batizados no Espírito Santo, acolhe e
acredita nas revelações particulares, é missionário levando a todos a
experiência de pentecostes, busca uma profunda santidade e conversão de
costumes para se parecer sempre mais com seu Mestre, por fim é um homem que
deseja uma vida verdadeiramente entregue a ação e governo do Espírito de Deus,
permitindo que o mesmo realize tudo o que desejar.[19]
Em todas essas características apresentadas acima
podemos sintetiza-las em três fundamentais:
·
Alegria
·
Acolhida
·
Unção na Evangelização
Todo o salvista em maior ou menor proporção possui
essas características apontadas acima, por tal motivo podemos dizer que mesmo
que imperfeitos todos refletimos a graça do Batismo no Espírito Santo e seus
efeitos em nossas vidas.
Capítulo 5 - AÇÃO PASTORAL E
ESPIRITUALIDADE CARISMÁTICA SALVISTA
Nesta parte visamos
apresentar as respostas dadas por algumas pessoas (Irmãos, irmã e leigos), em
suas respectivas missões e realidades, sobre como dão o seu testemunho na
vivência da espiritualidade carismática Salvista. Para começar veremos em forma
de entrevista, perguntas e respostas e, assim, cada um falará da sua concepção
e da sua vivência, pessoal e comunitariamente.
4.1 Entrevista: Padre Fábio Muniz Alves, sjs
Pergunta: “O que o Sr
entende por espiritualidade carismática salvista? Como o Sr vê esta
espiritualidade praticada na FJS? Qual é a especificidade dessa
espiritualidade? Em que ela difere de outras espiritualidades carismáticas?”
Padre Fábio, sjs: A
espiritualidade carismática Salvista, na minha concepção e na minha experiência
pessoal, se inicia, tem seu ponto de partida no carisma específico do Louvor de
Deus. Por que digo isto? Ela tem alguns aspectos que são semelhantes à aspectos
da espiritualidade do movimento da Renovação Carismática Católica, o que foi
até um desejo do nosso Pai e Fundador. Acredito que o Padre Gilberto, quando
desejou a Obra, pensou no Carisma do Louvor de Deus, que lhe foi inspirado,
mas, também falava sempre num seminário carismático, por causa dos jovens que
vinham da Renovação Carismática. Então, aqui está o aspecto, em minha opinião,
semelhante à espiritualidade carismática como um todo, que é a devoção profunda
ao Espírito Santo, uma intimidade, uma busca de relacionamento íntimo com o
Espírito Santo e a vivência dos dons e carismas.
Isso que está na
Renovação Carismática também faz parte na nossa própria espiritualidade, porque
nasce daí. Eu digo que (no nosso caso) o ponto de partida é o Louvor de Deus
porque, aqui nós nos distanciamos no que diz respeito à espiritualidade
carismática, pois o nosso “ser carismático” (a vivência dos dons e carismas em
nós suscitada pelo Espírito Santo) só pode acontecer no momento em que nos
abrimos à realidade do Cristo que louva em nós, nós nos abrimos à realidade do
Cristo que age e que vive a experiência do louvor ao Pai, a experiência da
entrega por meio do Louvor, de uma vida de gratidão, pois, Jesus Cristo é O
verdadeiramente grato ao Pai, aquele que verdadeiramente louva, o humilde que
se entrega ao Pai.
No momento em que nós
abrimos o coração para que esse Cristo, que louva ao Pai, louve em nós e louve
através de nós e nos ensine a vida de gratidão ou nos faça ser gratos como ele
e junto com ele, aí é que os dons e carismas, na minha concepção, são
suscitados. É tudo muito próximo de qualquer carismático, mas que vai trazer
certa diferença entre nós. Não estou falando de equilíbrio e desequilíbrio, de
formas de rezar ou não, mas a Renovação Carismática trabalha a devoção ao
Espírito Santo e toda a oração voltada para o Espírito. No nosso caso, o
salvista não é Aquele que clama o Espírito Santo o tempo inteiro, o salvista é
aquele que permite que o Cristo louve ao Pai nele, no coração, no seu interior,
no seu íntimo e, na medida em que permite que o Cristo louve o Pai nele, ele se
abre à ação dos carismas e dos dons do Espírito.
A partir daí vem os
outros aspectos, oração em línguas, Palavra de Ciência, etc. os dons que são
comuns aos da Renovação Carismática e a toda espiritualidade carismática, só
que em nós o que difere é o princípio, não é a nossa forma de rezar – “Ah, o
salvista levanta os braços de uma forma diferente ou bate palma de forma
diferente!” – Não tem nada disso! Em minha opinião, é que o princípio, o que
faz esse dom fluir em nós é a permissão, a abertura para que Cristo louve em
nós, e a gente consiga viver a gratidão de Cristo em nós, manifesta a face do
Cristo que louva e aí, os dons do Espírito Afloram.
4.2 Entrevista: Elizete (Ordem Terceira Salvista)
Elizete: Eu entendo
que a nossa espiritualidade do Louvor de Deus deve ser vivida em todas as
situações, levando a uma experiência profunda do Amor de Deus. A intimidade com
Ele se dá através de uma vida de oração e de momentos de silenciar o coração
para escutar sua Palavra. E isto só é possível quando me abandono Nele e confio
a Ele todas as situações, podendo assim sentir seu Amor que me cura e restaura
para louvá-lo e, quando não vivo mais na superficialidade, posso levar outras
pessoas a conhecer este Deus amoroso que faz de tudo para nos salvar.
É a busca da intimidade
com Deus através de uma vida de oração, que na minha opinião, a espiritualidade
carismática salvista tem de específico.
Nossa experiência é
diferente das outras formas de espiritualidade, graças à experiência do nosso
fundador, Padre Gilberto Maria Defina, sjs. O nosso carisma vem do Cristo
crucificado, do Cristo que Louva ao Pai, e que em tudo fez a sua vontade.
Viver o Louvor, para
mim, é carregar a Cruz com Jesus e sempre fazer sua vontade, mesmo quando não
entendemos, é sofrer com Ele e se “gastar” por Ele, assim como fez o nosso
fundador.
4.3 Entrevista: Marinella (Paroquiana da nossa Missão na Itália)
Marinella: Da minha
experiência com a oração no Espírito pela Renovação Carismática Católica (Grupo
Jesus Ama) e com os salvistas, posso fazer as seguintes apreciações:
É uma espiritualidade
próxima a da Renovação, só que mais forte, mais bonita, que se exprime,
sobretudo no Louvor, aqui ela é mais forte. Pela experiência salvista, vi o
quanto fui curada interiormente, por meio da oração. Pessoalmente recebi
grandes graças, assim como outros meus irmãos e irmãs. Na Itália temos muito
discernimento na oração, só que somos deixados de lado, o leigo é deixado de
lado e certas orações só podem ser conduzidas por padres e freiras, o espaço
aqui é menor aos leigos. Mas, com os Salvistas vivi outra experiência. Eu vivo
livremente essa espiritualidade, me sinto bem e experimento o Louvor, principio
de tudo, é um louvor próximo, sei que não temos muitas experiências de repouso
no Espírito, mesmo assim, eu me sinto livre e plena de alegria em cada momento
de oração.
Depois que conheci os
salvistas, a fidelidade a mim mesma e para com a Oração cresceu e muito, um
crescimento humano, um superar os relacionamentos humanos difíceis, com as
pessoas, com meus pais, ao passo que adquiri uma maturidade espiritual. Algo
que posso ressaltar é hoje consigo ver Deus como Pai, recebi a oportunidade de
abraçar a Deus como ao meu pai biológico (que não está mais comigo), eu
consegui ver a Deus como Pai. Outra descoberta com a oração salvista foi a vida
de Intercessão por meio da oração.
4.4 Entrevista: Ir. Leide Stelen, sjs
Ir. Leide Stelen,
sjs: A nossa espiritualidade é uma espiritualidade oracional, sendo ao mesmo
tempo, apostólica. Se a mesma é caminho oferecido por Deus para cada um de
forma particular, a nossa se dá oração e no apostolado. Nasce do Espírito Santo
derramado no coração de cada irmã, e da sua adoção filial a Deus, assim como
ditam nossas constituições.
É carismática na sua
essência, mas moldada no Louvor de Deus, a especificidade do nosso carisma que
faz que a nossa vivência carismática se diferencie das outras. O que nos torna
específicos na nossa espiritualidade, damos a ela a nossa identidade, a vivemos
aos moldes do Louvor.
4.5 Entrevista: Padre Moisés Francisco, sjs (missão salvista da Itália)
“Creio que deveríamos
mergulhar mais em nossa espiritualidade para melhor viver o chamado especifico
no seio da Santa Igreja”.
Como vejo?
Toda espiritualidade
nasce do mistério pascal e nossa espiritualidade não se diferencia disso, desse
nascimento. Ela nasce e toma forma no mistério pascal de Jesus. Em nosso
caso, esse mistério pascal foi renovado no mistério da vida de nosso fundador ao
qual se uniu completamente, imolando-se para o nosso nascimento.
Nossa espiritualidade,
para ser verdadeiramente carismática precisa estar submissa ao senhorio de
Jesus, porque foi assim que nosso fundador expressou seu ser carismático. Não é
simplesmente um “fazer barulho”, mas é verdadeiramente usar dos carismas para
promover, para fazer acontecer o Reino de Deus entre nós. Essa é nossa missão
como carismáticos: fazer acontecer o Pentecostes em nossos dias, fazer
acontecer o Reino em nossos tempos.
Não é simplesmente
usar dos carismas isoladamente, caso contrário. podemos cair em um protagonismo
sem Cristo, podemos cair no perigo daqueles que se aproximarão do Cristo na
Ressurreição e serão rejeitados por Ele, “mas senhor eu curei em teu nome,
libertei em teu nome, eu proclamei profecias em teu nome, eu proclamei curas e
libertações”(Mt 7,22), e, escutarão do Senhor: “afastai-vos de mim, longe de
mim porque não vos conheço”(Mt 7,23).
Nossa espiritualidade
carismática salvista precisa tomar forma dentro do mistério pascal de nosso
fundador. Somos chamados, como salvistas, a sermos ressurreição da experiência
do Padre Gilberto em nossos tempos, ou seja, temos que mergulhar no carisma de
nosso fundador para melhor interpretá-lo e vivê-lo, em nossos tempos, crer que
essa espiritualidade está baseada no mistério pascal e que, quem não morre não
pode participar da ressurreição. Aquele que não morre para abraçar livremente a
missão salvista não pode vivê-la, pois a mesma passa pelo mistério da cruz, se
não sou capaz de vivê-la em minha vida, não serei capaz de expressá-la, o
Salvista tem que mergulhar mais, para melhor viver essa espiritualidade.
Como vejo essa espiritualidade sendo praticada no instituto?
A nossa espiritualidade
carismática se manifesta em tantos âmbitos, âmbito pastoral, comunitário e
pessoal, mas, se não possuo intimidade com o Senhor conseqüentemente não posso
ser instrumento para a vida de outros. A espiritualidade se manifesta através
de nós quanto mais cresce a intimidade com o Senhor.
Isso não indica passar
o dia inteiro na capela, mas é viver a verdade, deve ser praticada por cada
Salvista, pois é na verdade que manifestamos o verdadeiro louvor, como diz o
próprio Jesus: “o Pai procura adoradores que o adorem em Espírito e em verdade”(Jo
4,23).
Os verdadeiros
adoradores se deixam moldar pela Palavra de Deus, se deixam alcançar por essa
palavra, e vivem essa mesma palavra. Sendo assim, a adoração é a vivencia da
sua Palavra. É assim que a espiritualidade carismática deve se manifestar em
cada salvista, na qual eles são autênticos, mais carismáticos, mais
instrumentos de Deus e, quanto menos autênticos menos verdadeiros em nossos
atos, menos carismáticos seremos. Pode se manifestar naquilo que diz a passagem
em que “curei em teu nome, libertei em teu nome”(Mt 7,22)... porque se
manifesta simplesmente o poder do nome de Jesus, mas não se manifesta a vida do
missionário, pois a vida do missionário está unida ao sacrifício de cristo,
unida a missão de Cristo ele resplandece o Louvor, porque nós salvistas
encontraremos terras onde seremos chamados a termos uma expressão exterior do
ser carismático, essa é importante, mas muitas vezes a nossa presença deve ser
presença de Louvor, automaticamente presença carismática, todos os nossos
gestos devem levar o Cristo vivo ao seu povo, pois, ser carismático é ser Cristo
em meio ao povo, e ter compaixão do povo, pois o mesmo muitas vezes é como
ovelha sem pastor.
Diferença entre as espiritualidades.
Está nessa capacidade
de temos de tirar coisas velhas e novas do nosso baú, como o próprio senhor
comparou aos fariseus convertidos, que eram capazes de unir o que era antigo
com a revelação da fé em Cristo Jesus, e essa união, o Salvista é chamado a
fazer, como o próprio fundador desejava unir o antigo entre o litúrgico e o
carismático, fazer união com a vida eclesiástica e a vida carismática da
igreja, muitas vezes nos perdemos, muitas vezes buscando viver somente uma
parte, principalmente no esplendor litúrgico, ou seja, tudo o que o envolve.
Mas vejo que o ser
Salvista, ao expressar o esplendor litúrgico através do Louvor de Deus, tem a
capacidade de tirar de dentro do coração coisas velhas e novas, vivendo a
riqueza da igreja e atualizar a mesma, como a cada tempo o senhor suscitou
respostas para o tempo da Igreja, e hoje o senhor despertou vários movimentos,
e dentro dos mesmos, despertou comunidades, para uma única finalidade, que é a
de ser resposta de Deus para os tempos atuais.
O Salvista é chamado,
no seu ser eclesiástico e carismático, unir essas duas realidades, e se
entregar ao povo, se doar ao povo, essa é a diferença que encontramos, nós como
clérigos que portamos a experiência de Pentecostes. Se o Salvista não unir
essas duas realidades e for apenas expressão do novo de Deus e abandonar o
antigo, ele já não tem mais razão de existir, ele se torna mais um entre
tantos, até mesmo a vida paroquial, ser pároco como os demais, não tem razão,
pois Deus despertou essa Fraternidade para diferenciar-se dos demais, tem que
ter esse diferencial, de estar imbuído da presença viva do Cristo que continua
a operar na vida do povo, esse Cristo que atualiza o mistério pascal aos seus
filhos sem, contudo perder a ligação com aquilo que a Igreja nos oferece.
Especificidade da espiritualidade.
Ser o novo de Deus,
sem abandonar o que é antigo e tradicional da Igreja, celebrar com esplendor
litúrgico o mistério pascal, não simplesmente estar atento às regras
litúrgicas, não somente isso, antes, é ser capaz de atualizar o mistério de
Cristo, na vida de cada pessoa que se aproxima de um Salvista, e assim promover
na vida do outro o encontro pessoal com Cristo, mas para que isso seja real se
faz necessário, atualizar não somente na liturgia esse mistério, mas na vida de
cada pessoa.
Entrevista: Padre
Paulo da Trindade, sjs (missão da Itália):
Padre Paulo: A
espiritualidade carismática é antes de tudo um reconhecimento da glória de
Deus, reconhecer que recebemos de Deus tudo, nossa vida, vocação, no Espírito
Santo agradecermos o senhor porque nos chamou, e a glória de Deus é a
manifestação do que ele é, se somos Laus Dei, devemos manifestar sua glória, por
isso como carismático, invocamos o Espírito, para que através dele possamos
reconhecer a glória de Deus, e levar as pessoas à glória de Deus, a
resplandecer a glória de Deus em nossas vidas através do louvor, e uma coisa
bela de nossa espiritualidade carismática é que nós temos um equilíbrio entre o
novo de Deus e aquilo que a igreja leva consigo que é a liturgia, a tradição,
como diz santo Agostinho: beleza antiga e sempre nova, é o novo do Espírito
Santo, da RCC, da efusão no Espírito Santo aplicada na liturgia, nos nossos
momentos de vida, e fazendo sempre que essa glória chegue as pessoas ,
apresentar um Deus que ama e um Deus que fez tanto por nós, e nós reconhecemos
isso através de nosso louvor, e que seja sempre nossa vocação, e que possamos
sempre transmitir esse amor através do louvor, através do Espírito Santo que é
também espiritualidade, é naquela, de transmitir o Espírito Santo, de pedir uma
nova efusão, uma nova experiência do pentecostes, uma nova experiência da união
das línguas em que todo mundo possa se entender e louvar o senhor e servir ao
senhor.
Como é aplicada essa
espiritualidade na FJS?
Nós a aplicamos
quando reconhecemos que nós temos necessidade de Deus, e louvor é realmente
isso é reconhecer nossa pobreza diante da grandeza do Senhor, e cada irmão
dentro da sua especificidade procura esse louvor, esse confiar no Senhor e
deixar-se louvar porque nós somos louvor, pois quem tem o Carisma tem esse
chamado: eu sou Louvor de Deus, e cada irmão na sua simplicidade procura e deve
sempre fazer esse reconhecimento na sua história de vida, louvar pela história,
por tudo o que vivemos, como no momento em que perdemos nossa casa, e vimos que
nos momentos de amargura de dificuldade, nós louvamos, vi isso na comunidade.
Pedir esse Espírito
em todos os momentos de dificuldades que nos ajuda, é reconhecer que o Senhor
guia a história, penso que tem que ser assim, muitas vezes acontece no momento
de dificuldade sempre louvar ao Senhor, pedir o Espírito Santo, seja na
alegria, no seminário principalmente, éramos ali para louvar e adorar o senhor,
e nisso se manifesta o Carisma, seja na adoração silenciosa que é
reconhecimento pessoal ou comunitária onde pedimos sobre todos nós o Espírito
Santo, a misericórdia e o amor de Deus e a glória que seja derramada em cada um
de nós.
A especificidade é
essa de unir o tradicional com o novo do Espírito Santo, é reconhecer a graça
de Deus, é como dizia o padre Gilberto, a santidade e a sabedoria, a sabedoria
da experiência de viver nas mãos do Senhor, de intimidade com o Senhor, e a
santidade, que é buscada no reconhecer que não se pode sozinho e que preciso da
graça do Senhor, a santidade que devo me esforçar para chegar a essa perfeição,
que não é minha, mas dada pelo Senhor, essa especificidade de ser na igreja
sinal do louvor, sinal que Deus salva sinal que Deus faz tudo em nos, é essa
especificidade, reconhecer que Deus faz e que ele fez tudo na minha vida e
parte disso através da liturgia, do Espírito Santo, nós podemos ser santos e
levar as pessoas a santidade, e reconhecer que o Senhor é Deus ao louvá-lo. O
que difere, das demais espiritualidades é que nós temos esse objetivo de levar
o povo a louvar o Senhor, a preparar um povo que louva o Senhor, que procuram
sempre colocar-se nas mãos de Deus e confiar às próprias vidas ao Senhor e
tentar tirar do mundo esse espírito de murmuração, de não reconhecimento de
Deus, esse mundo que sempre é longe desse agradecer, de reconhecer o Senhor,
que procura somente reconhecer aquilo que é, e não reconhecer o que Deus fez.
Difere também a liturgia, aquilo que é tradição, naquilo que a igreja ensina
aquilo que é raiz, procurar olhar a história e louvar o Senhor por aquela
história e vê na humanidade a história da igreja e dizer eu faço parte, também
esse Espírito Santo, esse fogo é viver como se estivesse em pentecostes, em que
eles reconheciam e tinham medo, reconheciam que traíram o Senhor e fizeram essa
experiência do Espírito, do fogo que transforma e me leva a louvar, me leva a
cantar ao Senhor, me leva a cantar na vida a glória de Deus como os apóstolos
fizeram, e como temos Maria como nossa padroeira, unidos a Maria no cenáculo, e
viver no cenáculo é estar embriagados no Espírito Santo e depois louvar o
Senhor diante dos povos, línguas, raças e nações, e que já se concretiza como
vemos em nossas missões, para testemunhar isso, levar um povo disposto a louvar
e reconhecer que o Senhor é Deus, e que o Espírito Santo nos transforma, fogo é
transformação, e deixar-se transformar pelo Espírito Santo é nossa vocação, e é
nossa vocação e chamado levar os outros a essa transformação.
Logo, para o padre
Moisés, a nossa espiritualidade nasce deste mistério pascal de Cristo em nós, e
ele se encontra unido à nossa constituição, como encontra-se no ponto 8, página
8: “Nasce do Espírito Santo derramado no coração de cada irmão, e da sua adoção
filial por Deus”. E mais, ele e padre Paulo, unem-se em dizer que ela é também
missionária, evangelizadora, transformante, vem de uma intimidade completa com
o Senhor, e assim, levando-a a muitos; vai dizer as nossas constituições: “A
espiritualidade desta família religiosa é, pois, nitidamente oracional e
apostólica”. Ou seja, levar o povo à mesma experiência que temos, e no ponto
sete de nossa constituição dirá: “… levar o povo a estar bem disposto ao Louvor
de Deus, impulsionados pela graça da Efusão do Espírito Santo”.
Portanto, nossa
espiritualidade carismática, será sempre missionária, sempre visando à glória
de Deus, glorificar seu nome, e levar a muitos a essa mesma glória, mas sempre
dependentes do Espírito Santo de Deus.
CONCLUSÃO
“Que o Louvor de Deus
cresça em nós sem cessar...”
Assim versava uma de nossas antigas
canções. E o que desejávamos demonstrar através desse apanhado de exposições é
que há uma espiritualidade que brota da Revelação e que consta na Sagrada
Escritura, que podemos chamar de carismática.
Essa espiritualidade carismática é
vivida por várias realidades eclesiais, principalmente nesse pós Concílio
Vaticano II.
Os salvistas descobriram, a partir
da experiência de espiritualidade carismática de Padre Gilberto Maria Defina,
sjs, seu fundador, uma espiritualidade carismática própria que é vivida por
seus membros e pelo pessoas assistidas pastoralmente por membros dessa
Fraternidade Jesus Salvador.
Essa gotícula de reflexão sobre a
espiritualidade carismática salvista é um começo que outros hão de prosseguir e
ampliá-la.
BIBLIOGRAFIA.
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THILS, Gustavo. Existencia y santidad em Jesus Cristo.
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[2]
Documento do Encontro Episcopal Latino-Americano realizado em La Ceja –
Colômbia. A Renovação Espiritual Católica Carismática, capítulo I.
[3]
http://br.radiovaticana.va/news/2016/06/14/iuvenescit_ecclesia_documento_na_%C3%ADntegra/1237049
[4]
http://www.padrefelix.com.br/cnbb_doc53.htm
[5]
Cf. Constituicoes 1995; p.54
[6]
http://www.elenaguerra.org/elena/index.php?option=com_content&view=article&id=197:um-presente-para-o-espirito-santo&catid=42:formacao
[7]
Cf. Constituições 1995; nº128
[8]
Idem; nº134
[9]
Idem, p. 31
[10] Constituições do IMSJS de 1998§72
[11]
Constituições do Instituto Missionário Servos de Jesus Salvador, 1998§191
[12]
Constituições do Instituto Missionário Servos de Jesus Salvador,1995 pag.
[13]
Idem 1998§196
[14]
Idem,1998§197
[15]
Idem,1998§197
[16]
Constuições do IMSJS de 1995, pag. 66
[17]
Diretório de Pastoral, Vocação Missionária, 34
[18]
Constituições do IMSJS, 1998§68
[19]
Cf. Constituições do IMSJS, 1995